quinta-feira, 30 de maio de 2013

A doutrina neoliberal levou à desregulação dos mercados, caindo-se num capitalismo selvagem, sem regras e sem princípios éticos, agravando as desigualdades sociais e não admitindo a intervenção corretiva do Estado - Do Marxismo ao capitalismo selvagem

A doutrina neoliberal levou à desregulação dos mercados, caindo-se num capitalismo selvagem, sem regras e sem princípios éticos, agravando as desigualdades sociais e não admitindo a intervenção corretiva do Estado.
 
Um dos filósofo que mais marcou o pensamento humano, no âmbito eco­nômico e social, foi, sem dúvida, Carl Marx (1818- -1883). Na sua obra, “0 Capital”, Marx diz que “a natureza não pro­duz, de um lado, os detentores do dinheiro e das mercadorias e, do outro, os possuidores da força de trabalho. Uma tal relação, segundo ele, é o resultado de um desenvol­vimento histórico preliminar, pro­duto de um grande número de re­voluções econômicas”.



 

Um dos conceitos marxistas que mais engulhos provocou foi o con­ceito da luta de classes: a “histó­ria de toda a sociedade, até ago­ra existente, é a história da luta de classes”. Marx traça o desenvolvi­mento histórico do capital e afir­ma que os instrumentos de pro­dução tendem a concentrar-se na posse de um número cada vez me­nor de indivíduos. Assim, nasce a classe capitalista. Entretanto, de­senvolve-se outra classe, que tem de seu apenas a força de trabalho para vender: o proletariado. 0 de­senvolvimento do capitalismo re­duz o número dos capitalistas e aumenta a pobreza e a miséria da classe trabalhadora, mas dá a esta, ao mesmo tempo, uma consciên­cia de classe. 0 operariado organi- zar-se-á e finalmente apossar-se-á dos meios de produção, que se­rão utilizados para o bem de to­dos e não para dar lucros aos ca­pitalistas. 0 objectivo, diz Marx, é retirar aos capitalistas a proprie­dade dos instrumentos de produ­ção, a fim de os entregar aos tra­balhadores, já não individualmen­te, mas coletivamente, isto é, rea­lizar o que se chama a socializa­ção dos factores de produção (ma­térias primas, trabalho e capital). Marx prevê o fim do capitalismo em conseqüência de uma última e gigantesca crise.

A crise econômica e financeira em que a Europa está mergulhada veio suscitar a controvérsia em tor­no do futuro do capitalismo. Se é verdade que não se pode, com base em razões puramente econô­micas, prever o seu fim, é possí­vel, ao menos, verificar as trans­formações profundas que tem so­frido e que lhe tem permitido so­breviver. 0 aparecimento de um certo intervencionismo do Esta­do na vida econômica tem sido um elemento estabilizador, crian­do os sectores público e privado. É todavia admissível que o capi­talismo se transforme mais uma vez, a exemplo do que sucedeu ao longo da sua evolução, e se adapte às novas condições, para sobreviver.


 

0 Capitalismo baseia-se no libera­lismo econômico, sendo que a par­tir de 1930, o conceito de liberalis­mo cobre quase todas as correntes defensoras da economia de mer­cado, no sentido de que a melhor maneira de promover o desenvol­vimento econômico e o bem-estar geral será acabar com os grilhões impostos à economia de mercado e deixá-la à vontade, sujeito ape­nas às suas leis. Tem como conse­qüência uma atitude de pura abs­tenção do Estado perante a actividade econômica, devendo este li­mitar-se apenas a actividades eco­nômicas não lucrativas. Pelo con­trário, a pressão das realidades so­ciais, em conseqüência do socia­lismo, força os Estados a intervir cada vez com mais frequência e mais amplitude na vida da coleti­vidade, surgindo novas responsa­bilidades do Estado em diversos campos, vg., no ensino, na eco­nomia e em matéria social. 0 neo-liberalismo, surgindo como reação ao predomínio crescente de orien­tações fortemente intervencionistas ou dirigistas, pretende regres­sar a uma orientação que limite a intervenção do Estado, por vezes, em moldes muito próximos do que se passava no sec. XIX, ressusci­tando certos princípios doutriná­rios e certas teorias favoráveis ao automatismo do mercado. A dou­trina neoliberal levou à desregula­ção dos mercados, caindo-se num capitalismo selvagem, sem regras e sem princípios éticos, agravando as desigualdades sociais e não admitindo a intervenção corretiva do Estado.
 

 
 
Segundo a doutrina social da Igre­ja, o capitalismo, como realidade histórica, com os seus defeitos e com as suas virtudes, não é con­denável em si mesmo, desde que se respeite as obrigações de soli­dariedade e de respeito recíproco do capital e do trabalho (cf. Qua­dragésimo Anno-Pio XI). Por sua vez, o liberalismo, na sua aceção restrita (liberalismo puro) e seus fundamentos filosóficos, morais e materialistas, como “alma” do capi­talismo, foi objeto de clara e cons­tante reprovação, desde a encícli- ca Rerum Novarum à Gaudium et Spes. Por isso, a Igreja Católica de hoje deve continuar essa reprova­ção, ainda mais firme e constante, em relação ao neoliberalismo que se instalou em Portugal pela mão do governo e dos partidos que o sustentam.

Sem comentários:

Enviar um comentário