sábado, 13 de fevereiro de 2016

As paróquias como factor de progresso social


As paróquias como factor de progresso social

texto do meu arquivo elaborado por F. Alves 
 
 
                    A condição essencial para se ser cristão é viver a caridade. Mas o que é a caridade? S. Paulo escreveu: "Ainda que eu tenha o dom de falar em nome de Deus e possa conhecer os seus planos e saber tudo; ainda que eu tenha uma fé capaz de transportar montanhas, se não tiver caridade, não presto para nada. Ainda que eu dê em esmolas tudo o que é meu; ainda que me deixe queimar vivo, se não tiver caridade, isso de nada me serve. A caridade é paciente e prestável. Não é invejosa. Não se envaidece nem é orgulhosa. A caridade não tem maus modos nem é egoísta. Não se irrita nem pensa mal (...) mas alegra-se com a verdade. A caridade suporta tudo, acredita sempre, espera sempre e sofre com paciência. A caridade é eterna." (Cor. 13, 2-8). Ao falar de Caridade, S. Paulo refere-se ao Amor (aliás, nas versões modernas da Bíblia o termo "caridade", usado por S. Paulo nestes versículos, é substituído por "amor"). Infelizmente, o conceito de caridade muitas vezes torna-se sinónimo de beneficiência social, como se a apenas isso se resumisse. Contudo, e como nos diz o "Apóstolo dos Gentios", a caridade é muito mais do que isso: é o amor vivido plenamente. A caridade existe muito para além do plano material; ela luta, sofre, chora... vive os problemas do próximo, ricos ou pobres! Ela é o amor ao próximo vivido ao extremo... representa a paz, a amizade, a concórdia, o progresso e a justiça para todos os homens. Por este motivo, quem dela foge, cristão ou não, jamais será feliz... ainda que nos intitulemos cristãos, e por muitas vezes que o nome de Deus esteja nos nossos lábios, a verdade é que sem ela nada somos. Quem não a procura viver, torna-se refém do egoísmo, da vaidade, da ambição desmedida, do orgulho e de todas as fraquezas inerentes à nossa condição de humanos. Todos conhecemos pessoas assim...

            Viver a caridade é ver um rosto amigo em todo o semelhante... é ter a alegria como característica principal que nos define, esquecendo ódios e rivalidades... pois é "dando que se recebe, é perdoando que se é perdoado, é amando que se é amado, é morrendo que se vive para a vida eterna" (São Francisco de Assis).

            Como comunidades cristãs, as Paróquias devem ser núcleos de onde irradie a caridade; uma paróquia  amorfa e indiferente aos problemas da sociedade é como uma lâmpada apagada: a luz que eventualmente poderia dela irradiar dá lugar à escuridão e ao comodismo da indiferença que, com o tempo, dá lugar a uma fé apagada e fraca. Felizmente, e embora com algumas excepções, a Igreja Portuguesa tem demonstrado grandes preocupações sociais, conforme provam as estatísticas oficiais: cerca de 90% da acção social portuguesa está nas mãos da Igreja. Isto dá que pensar e, principalmente, cala muitos críticos que ainda vêem a Igreja como um "papão capitalista"... se não fosse a acção da Igreja, a miséria seria muitíssimo maior! Quem levaria a cabo tão dispendiosa tarefa? O Estado? Os privados? Será que conseguiriam substituir a acção das organizações sociais da Igreja, munidas do esforço de tantos leigos dedicados (muitas vezes voluntários não remunerados)?

            Mas, e convém não esquecer, a caridade cristã é uma caridade edificante e não uma benevolência esmoler que humilha e não faz crescer o Ser Humano. De facto, ensinar o pobre a pescar é maior caridade  que dar-lhe o peixe de "mão beijada"... ou seja, os cristãos devem procurar elevar o irmão que carece da sua ajuda; ora é impossível elevar uma pessoa humilhando-a, ao fazê-la depender da nossa esmola sem que  procuremos pôr termo à situação degradada em que ela vive.

            Ao promover a formação moral e material das pessoas, a Igreja compromete-se no esforço de desenvolvimento tornando-se, principalmente através das paróquias, um agente do desenvolvimento ao serviço da sociedade.  

 

Filipe Alves

 

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