Fontanário do Carmo...
Testemunho
do passado
A
nossa cidade, tal como muitas outras, sofreu, nos últimos cem anos, alterações
paisagísticas e arquitectónicas profundas. Sem dúvida que estas evoluções são
necessárias para o progresso e bem estar das populações, mas por vezes corre-se
o risco de perder para sempre verdadeiras “jóias” arquitectónicas.
A
“jóia” que vamos falar não foi, felizmente, perdida para sempre; falamos do Fontanário
do Carmo, popularmente conhecido por fontanário dos narizes (talvez
devido ao facto de a água sair dos narizes dos dois leões que adornam a fonte),
de que com certeza os mais velhos ainda se lembram. Situado junto à Linha
Férrea, este fontanário foi, aquando da abertura do troço da EN 13 que vai
desde a Igreja do Carmo até Monserrate, transladado para Sta. Luzia, onde ainda
o podemos admirar. Numa época em que não existia ainda água canalizada, este
fontanário tinha uma importância enorme na vida quotidiana dos habitantes desta
zona da cidade, importância esta que os ventos do progresso fizeram diminuir.
Lá
iam os moradores da Bandeira e do Carmo buscar a água para as suas casas.
Bebiam os animais, os bois dos carreteiros da Abelheira e os equídeos que
transportavam os das aldeias em dias de feira para o Mercado, nas suas
carroças.
Construído
como obra de arte, trata-se de uma construção simples, ornamentada por duas
cabeças de leão, ao centro (de onde as águas brotam), e em cima por um Brasão
da cidade. A sua transladação enquadrou-se num conjunto de mudanças radicais
que se prolongaram por vários anos
naquela zona : além da referida
abertura do troço da EN 13, abriu-se, em 1947, a Avenida Afonso III (para o que
foi necessário demolir a casa de D. Maria Barros Lima, a dos Porto Covo e
outras adjacentes) e fecharam-se, já mais tarde, as duas passagens de nível que
ali existiam.
Foi
de facto louvável a intenção de preservar essa fonte, transladando-a para Sta.
Luzia. Seria, no entanto, ainda mais louvável voltar a transladá-la, desta
feita para a sua zona de “nascença”, onde efectivamente pertence. Visto ser
impossível replantá-la frente à Igreja do Carmo, porque não colocá-la no Largo
das Carmelitas, ou noutro local na Rua da Bandeira ou Rua Manuel Fiúza Júnior ?
Seria devolver o monumento ao seu local de origem, onde ele pode voltar a ser
admirado e utilizado pelos transeuntes que sintam sede !
Lançamos
então aqui um apelo às autoridades competentes e aos cidadãos em geral, para
que nos ajudem a recuperar o Fontanário do Carmo.
Santos
Alves
in Paroquia Nova
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