Na sua Carta
Apostólica inaugural do "Ano da Vida Consagrada", o Papa Francisco
manifesta cinco desejos ou expetativas, esperanças, desafios. Ao repassá-los um
por um, parece-me estar a ler na alma da nossa Irmã Clara.
1- Que onde houver Consagrados haja alegria.
Apesar de muitos
espinhos e contrariedades, a vida e
os escritos da Irmã Clara estão
salpicados de alegria.
Que lição de
mestra! A vida cristã e consagrada só será atraente e apetecível para os
jovens, se lhes soubermos oferecer uma alegria que ultrapassa e transcende as
ofertas da sociedade atual.
2- Despertem o mundo.
Os Profetas
despertaram o mundo, anunciando o projeto de Deus e denunciando tudo o que se
lhe opõe. São Francisco alvoroçou o mundo com a sua liberdade evangélica:
"todo ele era língua", palavra, fala - escreve o seu biógrafo Tomás
de Celano.
Quando o Papa
Francisco visita o Equador, fazem-lhe um pedido singular: "Sacode esta
igreja enferrujada". A nossa Irmã Maria Clara escuta o mesmo apelo, vindo
das situações dolorosas do seu tempo e, em reposta, espevita o mundo chamando,
proclamando, reclamando. Com uma goleada de virtudes e de obras, acorda as
consciências e aquece o motor de muitos corações.
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Sejam peritos em comunhão.
"Quem se
doutorou em ser irmão, irmã?" - perguntava, num retiro, Dom Luciano Mendes
de Almeida, arcebispo de Mariana, no Brasil. Maria Clara do Menino Jesus podia
responder afirmativamente: era, de facto, a irmã de todos, especializada no serviço
aos mais pobres.
Apesar de
incompreendida e muitas vezes atacada, manteve sempre sólidos e firmes laços
com prelados, sacerdotes, membros de outros institutos, e leigos. Queria que as
Irmãs da sua Congregação fossem todas doutoradas em caridade e concórdia.
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Saiam para as periferias.
Papa Francisco
sonha com uma Igreja sempre em saída, em êxodo, em movimento para os arrabaldes
e as periferias. No "centro" vivem os ricos, os poderosos. Os
pobres, os mais débeis, os excluídos habitam nas margens, nas periferias. Que
ao menos tenham lugar e poiso no coração dos seguidores de Cristo.
Maria Clara
"saiu" sempre. Saiu da sua casa nobre para o mundo dos periféricos.
Mandou às suas Filhas que "saíssem" para terras afastadas dentro do
seu país e para além dos oceanos, que fossem para o meio dos enfermos, dos
meninos sem berço nem biberão, dos idosos sem uma sopa quente, dos homens e
mulheres mais desnutridos, também do Pão do Evangelho.
5- Indaguem
o que Deus e a Humanidade querem das pessoas consagradas.
De uma coisa
estamos certos: Deus quer-nos autênticos, fieis. Não está o nosso ganho em
sermos muitos, mas em sermos santos-dizia Teresa de Jesus. Por isso, a Irmã
Clara pugnou sempre pela qualidade humana e espiritual das suas Filhas.
E que espera das
pessoas consagradas a Humanidade? Espera que sejamos sinais e instrumentos da
ternura de Deus. Que a ajudemos eficazmente nas suas necessidades corporais. E
que não a privemos do melhor que possuímos: o tesouro Jesus Cristo e a
esperança eterna.
P. Abílio Pina Ribeiro Colégio
Universitário Pio XII, Lisboa
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