34 Ministros da Comunhão Instituidos em Viana
O Ministro da Comunhão devem levar Cristo vovo na própria vida
O Bispo de Viana do
Castelo exortou os Ministros Extraordinários da Comunhão, em particular aos 34
novos instituídos no encerramento do Encontro Diocesano de Pastoral Litúrgica,
que "não basta ter mãos limpas e cerimônia bem feita”, mas que o essencial
é “levar Cristo no coração, levar Cristo vivo na própria vida”.
Na homilia da Eucaristia,
com que culminaram dois dias de reflexão acerca “Da Fé professada e celebrada
à Fé vivida", o Bispo Diocesano sublinhou que os Ministros Extraordinários
são para os que “estão fora”, isto é, para aqueles que não podem participar na
assembleia da comunidade celebrante, sendo que o “acto de ir, o tempo gasto, os
meios empregues” fazem parte do próprio Cristo que se “oferece ao vivo”.
D. Anacleto Oliveira
começou por referir que todos os instituídos foram convidados por Aquele que
convidou Pedro e os demais Apóstolos, o mesmo que se manifesta em cada Eucaristia,
"pujança de amor”, e alarga a sua vida de Ressuscitado àqueles que comungam.
Ao longo de dois dias,
mais de meio milhar de homens e mulheres do Alto Minho, empenhados nos mais diversos
ministérios laicais nas respectivas comunidades, tiveram oportunidade de
reflectir acerca da fé que professam e celebram e procuram levar para o quotidiano
da sua existência.
Descontruindo o pensamento
actual nacional enredado na crise, seja ela de que tipo for, César das Neves
foi peremptório em sublinhar que “a fé é mais importante que a crise” e que por
isso importa recentrar o pensamento e a acção.
Para os cristãos a crise
leva a que se foquem no amor, na caridade, por forma a ir ao encontro das pessoas
no concreto das suas necessidades, abrindo à partilha e abrindo-se à esperança
tão arredada da vida nestes tempos.
Mais difícil do que não
ligar à crise é ter a consciência que “não há crise". “Só quem acha que
isto vai sempre correr bem é que se indigna com a crise" porque,
reafirmou, "não há crise, há é penitência, redenção, cruz”. O que sobra de
discurso sobre a crise, falta em “fé" e "oração" pedindo “ajuda
para fazer” a mudança da situação.
O tópico da confiança já
havia sido abordado pelo padre José Frazão Correia, na intervenção “Pensar a
fé”, frisando que “a fé é uma experiência muito elementar de confiança” que dá
“fisionomia" à experiência. Propondo percorrer o caminho dos discípulos em
direcção a Emaús, este sacerdote Jesuíta salientou que aquele que se abre à
graça, a fé inscre- ve-se “visceralmente” na sua existência. Trata-se de percurso
de descoberta, com os seus dramas e desilusões, muitas vezes na lentidão do
passo, até reconhecer Cristo. Não basta, referiu, repetir que se conhece ou que
se reza o credo. “A minha vida tem de vibrar nesse reconhecimento" ao
jeito de uma declaração de amor, comparou.
Frazão, aludindo à
linguagem da actual crise, salientou que usa terminologia muito próxima do
discurso da fé porque “o tempo que vivemos é de falta de crédito e,
curiosamente, significa falta de confiança".
Prosseguindo a reflexão a
partir de outro tópico, o padre Francisco Couto enfatizou a necessidade da fé
“ser experiência” realizada com aqueles que “como nós caminham, respondem e fazem
comunhão". A fundamentação da afirmação advém do facto da "fé do
indivíduo estar ligada à comunidade" pois o seu conteúdo chega pelos
outros viventes.
A fé, reforçou, “não é
apenas crer nas coisas que Deus revelou, mas é crer n’Ele“, celebrando-a em "diálogo
íntimo” ao longo da vida.
Sílvio Couto alertou, a
propósito de “Viver a fé”, que ainda se cultiva muito o “sino”, no sentido de
uma exterioridade de rituais muitas vezes vazios de significado, e pouco o
“sacrário”, num tempo de intimidade e adoração que leve à “conversão”, processo
incabado. Apontando para gestos concretos de vivência deste tempo da Quaresma,
o padre Sílvio Couto pediu "renovação em tradição” na forma de viver a
caridade, pessoal, familiar e na comunidade, inovar nos sinais da caminhada e
abrir aos de fora cuidando do acolhimento. Terminou com uma questão: “quem me
conhece dirá que sou um Homem de fé?”
No segundo dia de
reflexão, as atenções concentraram-se na preparação e cuidado em “Cantar a fé”
e na apresentação de algumas vivências concretas da experiência da fé pela
boca, vida e obra de um pintor, de uma jovem família cujo agregado é composto
pelos pais e duas filhas, por uma catequista no seu ministério de ensino
sistemático de conteúdos da fé e por um jovem trabalhador num departamento de
uma Câmara Municipal.
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