Mal e Deus "bom", Deus plenitude de bem: como se conciliam?
Sobre isso escreveram-se milhares de páginas! Apresento apenas algumas
considerações que nos orientem a intuir, senão mesmo a compreender, esta
relação. Gostaria de responder com uma frase conhecida: «0 mal, em si, não
existe. É uma simples ausência de bem, assim como o frio é ausência de calor e
a escuridão é ausência de luz>. Ou, simplesmente: é um bem incompleto! Mas
se Deus é sumo Bem, como pode existir um bem imperfeito, não levado a sua
plenitude? Aqui entra em jogo a "liberdade" do homem: o denominado
mal não é tanto da parte de Deus, como da parte de uma liberdade não gerida de
fórma completa pelo homem. Uma relação de amor implica sempre o encontro de
duas liberdades. E nós podermos dizer que Deus se "condicionou" a
esta liberdade.
Há, no entanto, um ponto de vista peculiar através do qual me parece interessante
olhar a dialética mal-bem: o perdão. 0 perdão indica a impossibilidade de um
mal absoluto, já que o mal se revela superável pelo bem: não há nenhuma
situação que possa prender a pessoa a um estado de mal insuperável! Em
definitivo, é o bem, que tem a sua origem em Deus, a ter a última palavra. Isto
é indicado, de modo conclusivo, pela ressurreição de Jesus: n'Ele o Pai disse a
última palavra sobre o destino do homem, que é só de completude e de
plenitude. De certo modo, a palavra da ressurreição é antecipada pela
experiência de Jesus na Cruz, de modo particular pelo Seu grito de
"abandono". Ali, onde parece que o amor do Pai já não pode triunfar,
Jesus faz-nos ver que este amor permanece percetivel, até ao ponto de se poder
confiar a Ele.
Pe
Tonino Gandolfo, In CidQde Nova, Outubro 2012)
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