Um padre do passado?
Não há padre do passado. Só há
padres do presente. Eu não quero ser padre do passado embora reconheça que já
não sou o mesmo de há 40 anos.
Seja como for, um Padre enquanto
não tiver uma demência senil avançada como qualquer pessoa pode ter e tiver
consciência do que faz é sempre padre e os seus atos de sacerdote ministerial
são sempre lícitos e válidos, a não ser que tenha cometido alguma infração
canónica que suspende a si próprio ou o Bispo tenha de suspender. E quando
perder a consciência morrerá sempre padre.
O que eu quero dizer é que as
pessoas às vezes acham que os jovens só estão bem na Igreja com padres novos.
Os jovens de hoje são diferentes
de outros tempos. Antigamente eram educados e subservientes aos pais, aos avós,
aos bisavôs, mas hoje já não é bem assim. É por isso que gostarão mais de um
padre jovem, mais próximo na idade, é normal. Embora com menos radicalidade,
sempre aconteceu uma tendência da proximidade da idade.
Todos sabemos que para muitos
jovens, os pais só interessam enquanto dão dinheiro e os avós idem aspas.
Quando não precisam deles, nem os procuram muitas vezes, a não ser em ocasiões
de festas.
Portanto não há padres do
passado, há mas são jovens com um modo de ser diferentes dos padres mais
velhos, idosos e são considerados afastados, antiquados, “peças de museu” e que
nada têm a ver com o mundo de hoje, segundo alguns jovens que nasceram e foram
ou são educados num mundo diferente.
Em alguns casos isso até é
possível, sobretudo, entre aqueles que pouco fizerem por se atualizarem em
formação, em busca de nova informação, de nova linguagem, em prática e
criatividade pastoral.
Eu tenho 66 anos, já faço parte
da terceira idade. É com muito gosto que o afirmo porque, caso contrário, seria
sinal de que não tinha atingido esta idade. Esse dom da vida e da minha atividade
e das minhas limitações físicas e espirituais, pois não sou um santo, mas um
entre todos na Igreja, eu o devo a Deus que mo dá sem o merecer.
Ora isto dá-me prazer e louvo a
Deus que me tem dado esta graça. Nele confio e rejeito as forças do mal que, às
vezes, caluniando, difamando… querem denegrir a sua imagem e, psicologicamente,
destrui-los.
É abominável aos olhos de Deus
esta atitude de atirar a pedra e esconder a mão… Respeitemo-nos uns aos outros
como irmãos que somos em Cristo. Leigos e sacerdotes devem envolver-se na
comunhão da mesma fé e mais nada. Deus é Amor e somos diabólicos quando somos contra
o Amor e nos agarramos ao ódio, à vingança, à destruição dos bens materiais e
espirituais dos outros.
Que fazemos da nossa oblação, da
nossa entrega a Deus?
Sou um padre do passado, mas com
vontade de viver o presente com felicidade e alegria que contagie, o que nem
sempre acontece porque sou fraco. Enquanto depende de mim, mas não quando
depende dos outros que pode ser de provocação e de rejeição e de abandono num
Cristo sofredor até à Cruz.
O seu testemunho é comovente, pleno de vitalidade evangélica...é o nosso pastor, que Deus o conserve por muito tempo entre nós Pe. Artur, pois faz-nos muita falta!
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