quarta-feira, 17 de junho de 2015

É assim que um jovem de 20 anos se prepara para morrer

É assim que um jovem de 20 anos se prepara para morrer


A história de Gianluca contada pelo sacerdote que o acompanhou até o final

A história de Gianluca contada pelo sacerdote que o acompanhou até o final

 
 
 
 
La Croce - Quotidiano
16.06.2015
Gianluca Firetti Gian Spaccato in due San Paolo testimonianza tumore malattia 20 anni fede vita© Public Domain
Gianluca tinha câncer nos ossos desde os 18 anos. Sua existência foi – e é agora, mais do que antes – uma maneira concreta de dar vida a um autêntico concerto e a uma harmonia de pensamentos, gestos, orações, encontros, ajuda aos necessitados e amor intenso, expressados em nível máximo.

A primeira palavra que me vem à mente ao falar dele é “acolhimento”. Minha história com o Gian começou assim. Preocupado pelo que deveria dizer-lhe, como apresentar-me a ele quando pediu para ver-me, por quanto tempo eu deveria ficar em casa com ele, saí lavado e purificado pela sua presença.

Logo em seguida, nessa tarde, com um pedaço de bolo e chá, sobretudo com suas palavras e seu olhar profundo, eu já me sentia como sendo da família. Gian foi de uma simplicidade tal que me desarmou, como a criança do Evangelho, símbolo do Reino, que se mostra como é, sem máscaras nem defesas.

Entregou, gradualmente, a chave do seu coração, confiando cegamente em que os que o amavam saberiam ajudá-lo de qualquer maneira, sem importar o que acontecesse. Colocou sua vida em mãos, corações, presenças acolhedoras. Seus pais e seu irmão, sobretudo. Mas também amigos, padres, voluntários, médicos e enfermeiros.

Contagiou todos com sua doença mais grave: o amor. Seu acolhimento parecia pregar uma confiança da vida – a sua – que, já tão frágil, se dirigia – e ele sabia bem disso – a um fim inexorável. Mas era como se o ocaso tivesse que se transformar em um novo amanhecer.

Por isso, ele não perdia tempo, não vacilava, não se entediava, mas vivia tudo, da missa em casa ao filme à tarde, da troca de opiniões com amigos a um café, tudo com grande intensidade. Ao acolher Deus, as pessoas, a vida, a própria doença, Gian “roubava” dos seus amigos a vontade de viver; alimentava-se da minha pouca fé, a pedia, desejando estar no coração e nas orações de muitos.

Conforme o tempo ia passando, ia aumentando sua vontade de viver e, paradoxalmente, aumentava também sua consciência de que ia morrer. “Padre, estou morrendo. O que me espera? Qual será minha recompensa? Jesus vai estar me esperando?”... Tive a sensação de que a morte não o pegou de surpresa. Muito pelo contrário.

O milagre dos últimos meses da sua doença não foi o de uma cura. Talvez isso teria sido mais espetacular. Mas seu caso nos mostra um Gian que sabe enfrentar a vida antes da morte e sabe ler, com os olhos da fé, uma doença e uma dos quais não se torna amigo, mas senhor.

Gian não morreu desesperado, mas confiante. Não partiu batendo a porta, mas caminhando. Não encerrou a existência maldizendo a escuridão que ele não merecia, mas desejando um encontro com a Luz do mundo. O verdadeiro milagre para Gian foi compreender o porquê dessa condição tão desfavorável para ele e para sua família, e lê-la com os olhos da fé.

Quando, no final de 2012, o hospital lhe comunicou a sentença do seu tumor, ele precisou decidir se tornar homem. Não de repente, mas dia a dia. Mas sem voltar atrás. Precisamente ao crescer como homem, a fé encontrou um terreno fecundo no qual germinar.

Gian cresceu e fez os outros crescerem. Ele tinha fé a levou aos outros. Era homem de comunhão e desejava transmitir a caridade. E era isso que fazia, que escrevia no Whatsapp, que manifestava em tudo.

A história de Gian, humanamente falando, é uma história de dor. Mas, olhando com fé, é uma história de graça e beleza. Com apenas 20 anos, ele demonstrou que é possível estar habitado por Deus e pelos homens.
Gianluca tinha câncer nos ossos desde os 18 anos. Sua existência foi – e é agora, mais do que antes – uma maneira concreta de dar vida a um autêntico concerto e a uma harmonia de pensamentos, gestos, orações, encontros, ajuda aos necessitados e amor intenso, expressados em nível máximo.

A primeira palavra que me vem à mente ao falar dele é “acolhimento”. Minha história com o Gian começou assim. Preocupado pelo que deveria dizer-lhe, como apresentar-me a ele quando pediu para ver-me, por quanto tempo eu deveria ficar em casa com ele, saí lavado e purificado pela sua presença.

Logo em seguida, nessa tarde, com um pedaço de bolo e chá, sobretudo com suas palavras e seu olhar profundo, eu já me sentia como sendo da família. Gian foi de uma simplicidade tal que me desarmou, como a criança do Evangelho, símbolo do Reino, que se mostra como é, sem máscaras nem defesas.

Entregou, gradualmente, a chave do seu coração, confiando cegamente em que os que o amavam saberiam ajudá-lo de qualquer maneira, sem importar o que acontecesse. Colocou sua vida em mãos, corações, presenças acolhedoras. Seus pais e seu irmão, sobretudo. Mas também amigos, padres, voluntários, médicos e enfermeiros.

Contagiou todos com sua doença mais grave: o amor. Seu acolhimento parecia pregar uma confiança da vida – a sua – que, já tão frágil, se dirigia – e ele sabia bem disso – a um fim inexorável. Mas era como se o ocaso tivesse que se transformar em um novo amanhecer.

Por isso, ele não perdia tempo, não vacilava, não se entediava, mas vivia tudo, da missa em casa ao filme à tarde, da troca de opiniões com amigos a um café, tudo com grande intensidade. Ao acolher Deus, as pessoas, a vida, a própria doença, Gian “roubava” dos seus amigos a vontade de viver; alimentava-se da minha pouca fé, a pedia, desejando estar no coração e nas orações de muitos.

Conforme o tempo ia passando, ia aumentando sua vontade de viver e, paradoxalmente, aumentava também sua consciência de que ia morrer. “Padre, estou morrendo. O que me espera? Qual será minha recompensa? Jesus vai estar me esperando?”... Tive a sensação de que a morte não o pegou de surpresa. Muito pelo contrário.

O milagre dos últimos meses da sua doença não foi o de uma cura. Talvez isso teria sido mais espetacular. Mas seu caso nos mostra um Gian que sabe enfrentar a vida antes da morte e sabe ler, com os olhos da fé, uma doença e uma dos quais não se torna amigo, mas senhor.

Gian não morreu desesperado, mas confiante. Não partiu batendo a porta, mas caminhando. Não encerrou a existência maldizendo a escuridão que ele não merecia, mas desejando um encontro com a Luz do mundo. O verdadeiro milagre para Gian foi compreender o porquê dessa condição tão desfavorável para ele e para sua família, e lê-la com os olhos da fé.

Quando, no final de 2012, o hospital lhe comunicou a sentença do seu tumor, ele precisou decidir se tornar homem. Não de repente, mas dia a dia. Mas sem voltar atrás. Precisamente ao crescer como homem, a fé encontrou um terreno fecundo no qual germinar.

Gian cresceu e fez os outros crescerem. Ele tinha fé a levou aos outros. Era homem de comunhão e desejava transmitir a caridade. E era isso que fazia, que escrevia no Whatsapp, que manifestava em tudo.

A história de Gian, humanamente falando, é uma história de dor. Mas, olhando com fé, é uma história de graça e beleza. Com apenas 20 anos, ele demonstrou que é possível estar habitado por Deus e pelos homens.
 

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