quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Uma doença pouco compreendida


Uma doença pouco compreendida

Quando alguém tem dores, sente-as na cabeça, mas quando dói isto, amanhã aquilo e o médico não descobre por exames dos mais variados que possam existir, não podemos dizer que está louco e que precisa de ir ao psiquiatra porque é hipocondríaco.

É o diagnóstico errado e fácil de fazer, mas nada assertivo e correcto, sobretudo para quem sofre.

Eu passei por fases muito difíceis na minha vida e o “fingimento” era às vezes o melhor.

A situação agravou-se com um incêndio contra o qual ia perdendo a minha vida, fiz uma exaustão tal que a situação piorou ao ponto de não poder fingir muito.

Descoberto e diagnosticado como fibromiálgico por um médico especialista em doenças de dor, no Porto, confirmado por dois neurologistas alemães e um reumatológico espanhol não tive outro remédio senão assumir-me como tal e tratar-me pelo que hoje posso dizer algo mais.
 

 
 
Para os outros não é doença nenhuma porque de facto não se vê, mas, controlado, o fibromiálgico vai fazendo o que pode, aprende a dizer não a muitas coisas e estar onde deve estar, onde sente que deve estar com alegria e satisfação, foge do incómodo, não da verdade, mas da dor.

Evitar os esforços que devo evitar para não alterar as tensões musculares, o cansaço inexaurível, dormir o tempo suficiente para restaurar todas as forças físicas para o dia seguinte dar tudo o que pode evitando os excessos.

O fibromiálgico passa por mentiroso porque parece e apresenta-se bem, mas sempre está em sofrimento, com mais ou menos intensidade, num local ou noutro, seja onde for e ninguém dá por isso. Olha-se e diz-se: é pessoa saudável. Nem acredita. É mentiroso.
 
Eu encontro-me nesta situação e conheci fibromiálgicos que se suicidaram porque não resistiram a viver com a fibromialgia por causa do desencontro, incompreensão, da intolerância, da falta de afecto, de diálogo, de irmão para irmão, na humanidade, vive-se muitas vezes numa cruz.

Às vezes, e sobretudo da parte feminina, pessoas mais afectadas, são abandonadas pelos maridos, ou estes procuram fora do casamento uma dupla relação, que normalmente afecta toda a vida de casal, do controle da doença da parte da mulher que passa a ser uma doente de psiquiatria.

 
Sou fibromiálgico e controlo-me muito bem com a medicação. Faço uma vida que, para mim é normal, mas para outros que me conheceram, não. Daí ser acusado do que não é verdade e sentir-me-ia mais feliz se tudo fosse ao contrário e eu pudesse voltar aos tempos em que esta doença não tinha tomado totalmente conta de mim.

Se a Fé é um dom, um doente de dores crónicas, sejam ou não fibromiálgicas, graças à Fé consegue vencer,  orientar-se e descobrir que em Deus encontra o suave jugo, o descanso, o alívio, o sentido da vida e o  linitivo suficiente para transmitir Alma à Vida.

Que ninguém desista porque há sempre um cireneu e este é para mim Jesus Cristo em quem sempre acreditei.

Não o mereço mas a minha Fé é Grande.

Neste ano da Divina Misericórdia mais um tempo para penitência e confiança na Bondade do Pai e as dores crónicas controladas, ou por controlar, serão lágrimas de Jesus que se derramam ainda hoje na Cruz.

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