quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

O aborto não é progressista * É preciso crescer no testemunho de acolhida e misericórdia


O aborto não é progressista

É preciso crescer no testemunho de acolhida e misericórdia

 

Manuel Bru

 

“A defesa da vida não é uma postura conservadora, e a da justiça social, progressista”, explicou acertadamente José María Gil Tamayo, secretário da Conferência Episcopal Espanhola, na coletiva de imprensa após a reunião do seu conselho permanente.

Com relação ao projeto de lei de proteção da vida do não nascido, os bispos disseram o esperado: que, por um lado, supõe “um avanço positivo com relação à legislação vigente, que considera o aborto como um direito” e, por outro, que “uma lei do aborto, por muito restritiva que seja, continuará sendo uma lei injusta”, porque “ninguém tem direito, em nenhuma circunstância, de tirar a vida de um ser humano inocente”.

Na hora de fundamentar este parecer, os bispos espanhóis recorrem o magistério do Papa Francisco, em sua exortação apostólica “Evangelii gaudium”, que oferece, sem dúvida, uma nova linguagem na hora de tratar este tema, com particular clareza, caridade e compromisso, os três “C” que aparecem sempre em suas intervenções.

Clareza porque o Papa manda um nítido aviso aos navegantes: que não esperem dele um rebaixamento na defesa da vida humana. “Não se deve esperar que a Igreja altere a sua posição sobre esta questão. A propósito, quero ser completamente honesto. Este não é um assunto sujeito a supostas reformas ou ‘modernizações’. Não é opção progressista pretender resolver os problemas, eliminando uma vida humana” (214).

Caridade e compromisso porque a mensagem da defesa da vida não acentua a denúncia de quem promove o aborto, mas em que “temos feito pouco para acompanhar adequadamente as mulheres que estão em situações muito duras, nas quais o aborto lhes aparece como uma solução rápida para as suas profundas angústias, particularmente quando a vida que cresce nelas surgiu como resultado duma violência ou num contexto de extrema pobreza. Quem pode deixar de compreender estas situações de tamanho sofrimento?” (214), diz o Papa.
                                                                                                 
A Igreja Católica sabe que, para promover a cultura da vida, não é suficiente denunciar as legislações que não protegem a vida, nem sequer denunciar a cultura da morte que escurece as consciências, mas sim que é necessário crescer o testemunho de acolhida e misericórdia.

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