terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

ROTA CISTERCIENSE


ROTA CISTERCIENSE

ALTO-MINHO

 


 

 

         Os monges beneditinos na fidelidade ao seu fundador São Bento, sob o lema “Ora et labora”, contribuíram para o desenvolvimento cultural, social e económico europeu. Aliás é de referir que São Bento foi consagrado patrono da Europa.

            Os mosteiros através da história foram centros de irradiação cultural e artística. As comunidades monacais localizadas em lugares seleccionados, segundo critérios rigorosos, e sempre em sítios favoráveis para os monges “falarem com os habitantes do céu”.

            No Alto-Minho temos dois mosteiros cistercienses, seguindo a reforma levada a cabo por S. Bernardo de Claraval.

            Na Ribeira Lima situa-se o Mosteiro Cisterciense de Santa Maria do Ermelo, concelho de Arcos de Valdevez, com testemunhos artísticos do românico. O Prof. Doutor Avelino de Jesus Costa estudou afincadamente a história da sua fundação e a sua evolução.

            A devoção ao São Bentinho do Ermelo é um testemunho de religiosidade popular impar e basta falar da “romaria sem sol”. As laranjas do Ermelo são apreciadas no mercado e há quem afirme que a predominância das laranjeiras, se por uma lado se devem ao microclima existente, por outro lado são fruto da acção dos monges cistercienses que lá viveram em comunidade.

            No Vale do Minho encontra-se o antigo Mosteiro Cisterciense de Santa Maria de Fiães, concelho de Melgaço, constituindo um testemunho expressivo da arquitectura, com festividade a 11 de Julho aonde acorrem muitos devotos melgacenses. A história do mosteiro de Fiães mereceu estudo do Porf. Doutor José Marques, ilustre melgacense.

            A alameda de Fiães, constituída por carvalhos plantados pelos monges, é deveras significativa. É de sublinhar que nesta altura decorrem obras de beneficiação na referida alameda, promovidas pelo município melgacense. A fama do presunto da localidade é reconhecida e basta citar a referencia de William Beckford, em 1794.

            Os dois mosteiros podem tornar-se verdadeiros pólos de atracção turística e por isso sugerimos que se estude e promova a Rota Cisterciense – Ermelo/ Fiães.

            O itinerário cisterciense passaria pelo Soajo, Adrão, Gavieira, Peneda, São Bento do Cando, Branda da Aveleira, Lamas de Mouro, Alcobaça, Adadela e Fiães.

Em 2010 o Prof. Doutor José Marques publicou um estudo sobre “A origem da capela de Alcobaça”, referindo a antiga paróquia de Rompecilha.

            No percurso existe uma diversificada paisagem cultural que vai desde o património material ao imaterial, fruto de uma longa elaboração humana das comunidades que ai vivem há séculos.

            Na Rota Cisterciense poderá constatar-se o que o sociólogo rural Eugénio de castro Caldas escreveu: “Ser minhoto é ser celta / castrejo, galaico, pouco lusitano, mais suevo do que visigodo”.

            O produto turístico agora sugerido poderá tornar-se, se devidamente estudado e divulgado, num motivo de dinamização de uma zona surpreendente a vários níveis. O trajecto já possui estruturas hoteleiras e de restauração.

            A concretização da Rota Cisterciense para além de dar visibilidade a uma zona de montanha, por certo contribuirá para a rentabilidade económica das estruturas existentes ou produtos regionais a lançar, aumentando a oferta turística.

            Os frequentadores da Rota Cisterciense poderão concretiza-la em várias modalidades… e em tempos diferentes com estadia no percurso.

            A Rota Cisterciense do Alto-Minho poderá ser um contributo valioso na dinâmica cultural e turística com resultados na qualidade de vida da zona envolvente.

            Se pretendermos tornar a Rota Cisterciense Transfronteiriça, alargávamos o itinerário até ao Mosteiro Cisterciense de Santa Maria da Franqueira, no município galego da Caniça, e continuávamos até ao Mosteiro de Santa Maria de Osseira, localizado perto do município de Cea, província de Ourense. É de referir que este mosteiro, pelo sua grandiosidade, é considerado o Escorial Galego.

            O restauro concretizado no conjunto monacal de Osseira mereceu o Prémio Europeu Nostra em 1991. Nesta data o Mosteiro de Osseira tem uma comunidade de onze monges que seguindo o lema “Ora el labora”, produzem magníficos licores segundo a boa tradição monacal.

            A Rota Cisterciense Transfronteiriça poderá ser uma via de difusão da cultura do Noroeste Peninsular.

            A bibliografia referente aos cistercienses é abundante e dela fazem parte as actas dos congressos que periodicamente se realizam.

            Os Mosteiros do Ermelo e Fiães, no Alto-Minho, e os da Franqueira e Osseira na Galiza, estão vinculados pela espiritualidade, pela história, pelo canto gregoriano e pela arte românica e barroca.

            Merece referência o facto de um monge de Osseira ter ocupado o cargo de Abade no Mosteiro de Alcobaça.

            A Rota Cisterciense Transfronteiriça é um património vivo, pois aos conjuntos arquitectónicos acorrem romeiros, investigadores e turistas. As romarias no Ermelo e Fiães decorrem no dia 11 de Julho, a da Franqueira e Peneda a 8 de Setembro. Em Osseira celebra-se São Bernardo Abade a 20 de Agosto.

            O viajar proporciona um diálogo com a memória dos homens e das coisas.

            Registamos que há caminhos patrimoniais não rompidos onde sentimos o mítico e conhecemos a história, descobrindo a alma dos sítios.

  

            José Rodrigues Lima

Nota: Fiquei muito satisfeito ao verificar que colocaste "A ROTA CISTERCIENSE NO ALTO MINHO" no teu correio...
É um lindo projecto...Estamos a fazer contactos para a concretizar. Depois falamos.
No que diz respeito aos documentos enviados, parecem-me de muita atualidade.
Só não estou de acordo que o articulista, referindo-se  à esperança da integração dos padres dispensados do ministério use a expressão " ex-padres".
Não há ex-padres...Conferir a boa teologia...
Num artigo recente o Padre Zezinho do Brasil abordava o tema...
O teólogo JOSÉ COMBLIN escrevia : " O sacerdócio de vocês une-se ontologicamente a Cristo e não depende de nenhuma estrutura da igreja para funcionar...Façam vocês...Estão livres para fazer acontecer, cada um dentro das suas particularidades e com os seus talentos".
podíamos citar Bernard Haring e outros...

Os padres receberam "a imposição das mãos com a invocação do Espírito Santo e foram ungidos..."
Verdadeira sucessão apostólica...
Todos sabemos a nossa bela teologia...e vivemos a FÉ..
Espero que tenhas ficado satisfeito com o programa "A Alegria do Evangelho e o Papa Francisco", no rádio Alto Minho.
Permite-me dizer que estás forte e firme na Fé que nos une...
Um grande abraço nosso,
Amigo José Lima

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