segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

O que o Papa Francisco vai mudar na Igreja?

   

O que o Papa Francisco vai mudar na Igreja?

Entenda melhor por que o Papa quer mais leigos trabalhando no Vaticano

                                                                                                       
                        
AFP PHOTO / OSSERVATORE ROMANO/HO
Finesettimana.org

O cardeal hondurenho Óscar Maradiaga defende a criação de um secretariado de finanças que agrupe os atuais órgãos econômicos da Santa Sé e seja confiado a um único cardeal. Maradiaga afirma ainda que o papa vem pedindo uma ampla descentralização na Igreja, colocando leigos, homens e mulheres, em posições de “corresponsabilidade”.

Os oito cardeais que formam o "G8 do papa" e que o aconselham na reforma do governo da Igreja se reuniram pela terceira vez na semana passada. Como está indo a reforma?

Vamos pelo menos chamar esse conselho de "C8", com "C" de cardeais! O Santo Padre nos explicou desde o início o seu método: o discernimento, que consiste em escutar, dialogar, rezar e agir, no sentido de elaborar propostas. Na ordem, o papa quis que começássemos pelo Sínodo dos Bispos. Ele queria que fosse uma coisa diferente de um corpo que se reúne para discutir um tema e que no fim produz um texto; ele queria que fosse, em vez disso, um órgão consultivo permanente. Depois, nós reunimos todas as nossas observações sobre a Secretaria de Estado. Lembramos que, originalmente, o secretário de Estado era definido como o secretário do papa: ele não era como um primeiro-ministro ou como um vice-rei. Em dezembro, começamos a avaliar cada uma das nove congregações da Cúria Romana. Ainda não terminamos. E também estamos trabalhando em vários conselhos pontifícios e vamos apresentar propostas a respeito deles. Nestas reuniões de agora, estamos ouvindo as duas comissões de peritos que o papa criou para examinar o Instituto para as Obras de Religião (o IOR, conhecido como “banco do Vaticano”) e todas as instituições bancárias da Santa Sé. Eles nos relatam os resultados das suas investigações e isso é muito interessante. As decisões vão ser tomadas depois disso. Não esperem que, a partir de amanhã, o banco do Vaticano desapareça em favor de um novo banco. Mas com certeza vai haver mudanças.

A supressão do IOR é uma possibilidade?

Tudo depende do que surgir dos relatórios. Mas é melhor curar um doente que ressuscitar um morto. E amputar um braço eu acho que é o tipo de cirurgia que nós vamos evitar.

Está circulando a ideia da criação de um "Ministério das Finanças". Isto procede?

Sim, nós poderíamos chamá-lo de secretariado de finanças. É uma ideia muito razoável e, creio eu, é necessário para uma organização melhor, para servir melhor ao objetivo. As finanças estão divididas hoje entre vários dicastérios: o da Administração do Patrimônio da Sé Apostólica, a Prefeitura dos Assuntos Econômicos, o governo do Estado da Cidade do Vaticano, o IOR.

E também há o patrimônio gerido pela Congregação para a Evangelização dos Povos...

Exatamente. Talvez, mas isso faz parte do debate que estamos realizando, uma ideia seja ter apenas uma pessoa responsável por tudo.

Um leigo ou um cardeal?

De acordo com a organização atual do Vaticano, é provável que um cardeal fique a cargo do secretariado de finanças. Mas também podemos pensar em um conselho permanente para ajudá-lo, que inclua leigos.

E sobre o projeto de uma Congregação para os Leigos, que o senhor tanto aprecia?

Sem dúvida, é necessário na Igreja. Há uma Congregação para os Bispos, uma para a Vida Religiosa, uma para o Clero e apenas um Conselho Pontifício para os Leigos, apesar de que os leigos são a maioria na Igreja. Não podemos continuar assim. Depois do concílio Vaticano II, os leigos só têm um secretariado. O Pontifício Conselho é limitado, porque não tem poder legal. Por isso é necessária uma Congregação.



Dirigida por um leigo?

Não sei. Por outro lado, dentro dessa Congregação para os Leigos, eu não vejo nenhum obstáculo para um Conselho Pontifício para as Famílias que seja chefiado por um casal. Por que não? Seria um sinal magnífico! Uma Congregação para os Leigos seria uma coisa muito bonita na Igreja. Eu posso lhe dizer que o Espírito Santo nos empurra nessa direção. A cada dia, mais e mais homens leigos e mulheres leigas assumem a sua corresponsabilidade como dirigentes na Igreja. Isso está escrito na história em muitos lugares. Na Coreia, foram os leigos que começaram a evangelização. Por isso, o papa vai viajar no próximo verão para incentivar os leigos.
 
 
            
 

Sem comentários:

Enviar um comentário