sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Os fariseus de hoje...


Claro que não é fácil dizer o que é sagrado e o que é profano.
É cristão, é sagrado. Para mim todo o baptizado é um cristão, passou pelo sangue de Cristo. Não é verdade que o nosso corpo é algo sagrado, obra do amor de Deus e dos nossos pais, desde a criação passando agora pelo sangue do cordeiro pascal?
No entanto, o que é sagrado opõe-se a profano, mas o que é profano não é o mesmo que impuro, impuro é o diabo. A vida do homem com os seus bons costumes, tradições e arte que nasce do coração quente de uma alma cristã é pura e esta pureza não se opõe ao sagrado, antes pelo contrário, está no sagrado, isto é, vem do sobrenatural e dá sentido à vida da pessoa na rua, em casa e na igreja, espaço, por excelência, do sagrado.
Cristo veio ao mundo para nos salvar e nos redimir, também, dos fardos pesados que os escribas e os fariseus impunham aos homens.
Foi por isso que dos dez mandamentos, os fariseus fizeram mais 600 para colocar sobre os ombros da criação…
Cristo veio aclarar que afinal Deus é Amor e o que Ele, seu Pai e nosso Pai deseja é que vivamos o AMOR.
É por causa da dureza dos corações que os fariseus de hoje não vivem com paz, tolerância, paciência, justiça, bondade… “foi por causa da dureza dos seus corações que Moisés permitiu repudiar as vossas mulheres” disse Jesus quando os fariseus o provocaram.
“Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas” (Cf. Mateus). Os fariseus, de hoje, como naquele tempo são os rigoristas, os ossos ressequidos que andam entre nós, os “sepulcros caiados de branco” de que também o Evangelho fala.
Esses, talvez não estejam de acordo com os gestos do Papa Francisco.
É que Jesus não seguiu a doutrina dos fariseus e dizia: ”Em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homens” (Cf. Mt.).
Se Ele, Jesus, não o fez, também nós, não o devemos fazer porque “toda a planta que meu Pai celestial não plantou será arrancada” (Cf. MT.).
Os fariseus o que querem são honras e Satanás conquista-lhes os seus corações fazendo-os orgulhosos, sabedores, amigos do poder, gostar de se mostrarem e trazerem à sua frente um holofote para serem bem vistos numa falsa “transfiguração” aos olhos dos outros. Quem sabe se gostariam de, sobre a testa, trazerem uma lanterna para verem melhor os erros dos outros e mostrarem que o seu rosto é diferente e melhor…
É o pecado da cobiça, Jesus os acusou de roubar e devorarem as casas das viúvas, de viverem à custa dos outros e não pagarem o que devem. Só os outros têm esse dever.
Os fariseus rejeitam o próprio Deus, mas servem-se d’Ele. (ver S. Lucas, 7.29 e 30).
Por isso exigem aos outros o que não fazem. “São iníquos”. Não foram, eles, noutros tempos, os responsáveis pela perseguição de Jesus até à sua crucificação?
Para ser cristão não basta participar na Eucaristia, é ser verdadeiro e não fingido, quem gosta de aparecer não vive o que diz e o que aparenta. Os fariseus de hoje são os que parecem estar, mas não estão, estão separados.
Voltando ao sagrado e ao profano. O sagrado é tudo o que vem de Deus e é fiel a Deus, é puro, alegre, sereno, não julga, ou procura ser justo, mas com a bondade e a misericórdia e a paixão de Deus, é lutador por causas justas e puras; sabe discernir entre o que é profano e sagrado, puro e impuro, isto é, procura viver ao jeito de Jesus que não humilha, mas compreende, perdoa, liberta e salva.
A liturgia de domingo passado era clara, isto é, só quem quer ser testemunha de Deus alcançará a sabedoria divina para viver uma vida de “Sim, sim. Não, não.”
Quando se adora a Deus na Vida, no trabalho com AMOR, no Serviço aos outros por causa da fé, Deus gosta, ama e está em nós. Ninguém é santo, mas todos estamos em potência para o ser e, se lutarmos por o ser, seremos com a graça de Deus.
Graças a Ele teremos a coragem de lutar até ao fim para não deixarmos por mãos alheias aquilo que nos compete a nós, quando se trata de travar o orgulho, a vaidade, o falso viver dos fariseus deste tempo.
Não sejamos hoje só leões contra o vento que sopra, mas que Deus nos ilumine para vivermos melhor o espírito de Deus em tudo o que é bom, positivo, religioso segundo os nossos costumes e tradições.
Que ninguém tenha a veleidade de se querer embandeirar em esculturas de altar porque esse seria um desafio feito ao Criador.

                                                                                                                                                       Padre Artur Coutinho

 
 
 
                                  

 
















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