terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Chikowa - Zâmbia -Um Olhar sobre o Mundo


Um Olhar sobre o Mundo

Chikowa - Zâmbia




 

Voltei para a minha an­tiga missão de Chikowa na Zambia onde já tinha trabalhado durante 12 anos. Estou cá desde o início de Outubro e apanhei logo o período de maior calor antes do início da estação das chuvas.

Foi uma experiência bonita voltar a encontrar tantas pessoas com quem partilhei a minha vida durante doze anos; ver como tantos que eram crianças quando parti são agora gente cres­cida e alguns até já com os seus próprios filhos.

A recepção das pessoas não poderia ter sido mais calorosa. Quanto ao meu trabalho estou destinado a trabalhar na escola téc­nica onde temos cerca de 80 estudantes em regime de internato divididos pe­los cursos de agricultura, construção e carpintaria.

De momento ainda não sei exac- tamente que papel serei chamado a desempenhar pois ainda não me encontrei com o nosso provincial. Desde que parti, a escola cresceu muito mas todo o sector produtivo que a sustentava está de rastos e precisa de ser de novo reerguido, 0 que não será uma tarefa nada fácil. A escola tem sido gerida por dois Irmãos togoleses que têm um modo diferente de se organizar e os resultados, digamos, têm sido desastrosos. Nos primeiros dias que aqui cheguei só me apetecia fazer as malas e voltar para casa. A gene­rosa oferta recebida da APARF será usada para tentar reerguer o que está destruído mas de momento, porque ainda não me foi dada uma tarefa específica, nada foi usado.

 Comprometo-me daqui a uns meses a dar-vos um relatório de como foi gasta. Diria também que se a APARF na sua magnanimidade e dentro das suas possibilidades puder ser de novo generosa, quem sou eu para me opor?

Daquilo que pude observar, a esmagadora maioria das pessoas continua a viver numa pobreza ex­trema, que nós, em Portugal, apesar das dificuldades pelas quais o país passa, nem sequer sonhamos. A so­brevivência é uma luta diária contra a desnutrição e as doenças sobretu­do a malária e a sida. As crianças no meio disto tudo são sempre as que mais sofrem; vejo que continuam a ir para a escola levando o almoço que consiste num saquito plástico com grãos de milho tostado. Pelo menos agora e durante mais um mês é tempo de mangas pelo que elas comem um pou­co melhor. Se as crianças portuguesas pudessem ver como vivem estas daqui, certamente que deixariam de sertão caprichosas e exi­gentes. Apesar da pobreza, tanto as crianças como os adultos não se queixam e continuam a viver alegres.

Caro Sr. João e a todos os mem­bros da direcção e restante pessoal da APARF, que o Senhor vos aben­çoe. Se tiver possibilidades e assim o desejar será sempre bem-vindo à missão de Chikowa.

 
                                                                                                                                                                                  Ir. Francisco Amarante


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