terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Só a Ética pode fomentar a Paz



Só a Ética pode fomentar a Paz


O Prémio Nobel da Paz de 2012 foi atribuído à União Européia porter contribuí­do durante mais de seis décadas para a paz, a reconciliação, a de­mocracia e os direitos humanos, por se ter reerguido após a ca­tastrófica segunda guerra mun­dial e por ter semeado a estabilidade nos países do antigo blo­co comunista, após a queda do Muro de Berlim, em 1989.

Karl Popper defendia que: "a nossa civilização ocidental deve à ética os seus níveis de huma- nitarismo, de liberdade, de igual­dade e de racionalidade".

O homo sapiens, com todas as características que o defi­nem era, essencialmente, sobredotado porque nas suas ap­tidões havia uma novidade in­calculável - A LIBERDADE IN­TELIGENTE.

Esta liberdade inteligente impli­ca optar entre uma conduta dig­na do homem, procurando um equilíbrio pessoal e social a fim de optimizarmos a nossa existência ou provocar, patologica­mente, a ruína e o extermínio declarado à nossa espécie Se a gravidade nos prende à ter­ra, a inteligência desprende-nos dela constantemente. Todavia, a liberdade inteligente precisa de orientação, de nexo, de freio e de uma bússola. Num agitado e confuso mundo em que vale tudo, "o homo sapiens teve de recorrer a ela para construir um mundo habitável, em que "o homem não fosse o lobo do ho­mem".

A ética no homem será a for­ma de o afastar da violência e, ao mesmo tempo, encaminhá-lo para o bem com conseqüente ele­vação de toda a sociedade. Isto aplica-se essencialmente à ciên­cia que move o progresso mas, "tal como se inventou a música de câmara também se construí­ram as câmaras de gás".

Os grandes cientistas tiveram esta noção: Einstein passou me­tade da vida a refrear as con­seqüências da bomba atômica; Otto Hahn que descobriu a fis­sura do átomo de urânio, ten­tou suicidar-se ao ter conheci­mento da destruição de Nagasaki e Hiroxima; Alfred Nobel, o pai dos explosivos e da dinami­te, legou à humanidade um prê­mio para quem tivesse feito des­cobertas ou acções em prol da Paz e do Bem.

Por isso a ética é a maior cria­ção da inteligência, acima da ma­temática, da física quântica, da genética e de tudo o que pode ser um bem para a humanida­de ou pode ser a sua total de­gradação.

A consciência moral, longe de ser uma invenção, é antes o desenvolvimento lógico da in­teligência, pertence à vida hu­mana, não é um acessório mas faz parte da estrutura psicológi­ca da Pessoa.

Gilles Lipovetsky no seu livro - O Crepúsculo do Dever diz que: "a política e a economia sem ética são diabólicas e aconse­lhou-nos a apelar com todas as nossas forças, não ao libe­ralismo moral mas ao desen­volvimento social de uma ética inteligente, de uma ética aris- totélica da prudência, orienta­da para a busca do justo ter­mo, de uma justa medida que esteja em relação com as cir­cunstâncias históricas, técni­cas e sociais".

Em plena tormenta das várias crises que se vêm alastrando sem aparente fim à vista, este Nobel da Paz para a União Eu­ropéia será uma esperança e um reforço para se soerguer re­correndo ao exemplo do "Homo Sapiens Ethicus" e evitar a len­ta degeneração e degradação da nossa espécie, culta inteli­gente e livre.

De Maria Susana Mexia, DM. – 19/01/2013

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