sábado, 19 de outubro de 2013

“A Construção do Reino de Deus”(Teologia Narrativa) Ano da Fé – 2012/2013- Dia: 19 Outubro - Horas: 15horas


Paróquia Nossa Senhora de Fátima - Formação de Adultos

Ano da Fé – 2012/2013- Dia: 19 Outubro - Horas: 15horas

Local – Igreja da Sagrada Família (Abelheira)

Tema: “A Construção do Reino de Deus”(Teologia Narrativa)

1 – As Parábolas do Reino (Mateus, 13)


Naquele dia, Jesus saiu de casa e sentou-se à beira-mar. Reuniu-se a Ele uma tão grande multidão, que teve de subir para um barco, onde se sentou, enquanto toda a multidão se conservava na praia.
O semeador
(Mc 4,2-9; Lc 8,4-8) - Jesus falou-lhes de muitas coisas em parábolas: «O semeador saiu para semear. 4*Enquanto semeava, algumas sementes caíram à beira do caminho: e vieram as aves e comeram-nas. 5Outras caíram em sítios pedregosos, onde não havia muita terra: e logo brotaram, porque a terra era pouco profunda; 6mas, logo que o sol se ergueu, foram queimadas e, como não tinham raízes, secaram. 7Outras caíram entre espinhos: e os espinhos cresceram e sufocaram-nas. 8Outras caíram em terra boa e deram fruto: umas, cem; outras, sessenta; e outras, trinta. Aquele

que tiver ouvidos, oiça!»
O porquê das parábolas
(Mc 4,10-12; Lc 8,9-10) - Aproximando-se de Jesus, os discípulos disseram-lhe: «Porque lhes falas em parábolas?» Respondendo, disse-lhes:
«A vós é dado conhecer os mistérios do Reino do Céu, mas a eles não lhes é dado. Pois, àquele que tem, ser-lhe-á dado e terá em abundância; mas àquele que não tem, mesmo o que tem lhe será tirado. É por isso que lhes falo em parábolas: pois vêem, sem ver, e ouvem, sem ouvir nem compreender. 14Cumpre-se neles a profecia de Isaías, que diz:


Ouvindo, ouvireis,
mas não compreendereis;
e, vendo, vereis,
mas não percebereis.

15Porque o coração deste povo tornou-se duro,
e duros também os seus ouvidos;
fecharam os olhos,
não fossem ver com os olhos,
ouvir com os ouvidos,
compreender com o coração,
e converter-se,
para Eu os curar.


Quanto a vós, ditosos os vossos olhos, porque vêem, e os vossos ouvidos, porque ouvem. Em verdade vos digo: Muitos profetas e justos desejaram ver o que estais a ver, e não viram, e ouvir o que estais a ouvir, e não ouviram.»

O fermento (Lc 13,20-21)Jesus disse-lhes outra parábola: «O Reino do Céu é semelhante ao fermento que uma mulher toma e mistura em três medidas de farinha, até que tudo fique fermentado.»

2 – Jesus convida para a Mesa do Reino

Jesus convida os pecadores para a mesa do Reino: «Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores» (Mc 2, 17) . Convida-os à conversão sem a qual não se pode entrar no Reino, mas por palavras e actos, mostra-lhes a misericórdia sem limites do Seu Pai para com eles e a imensa «alegria que haverá no céu, por um só pecador que se arrependa» (Lc 15, 7). A prova suprema deste amor será o sacrifício da sua própria vida, «pela remissão dos pecados» (Mt 26, 28).

Jesus chama para entrar no Reino, por meio de parábolas, traço característico do seu ensino. Por meio delas, convida para o banquete do Reino, mas exige também uma opção radical: para adquirir o Reino é preciso dar tudo . As palavras não bastam, exigem-se actos. As parábolas são, para o homem, uma espécie de espelho: como é que ele recebe a Palavra? Como chão duro, ou como terra boa? Que faz ele dos talentos recebidos? Jesus e a presença do Reino neste mundo estão secretamente no coração das parábolas. É preciso entrar no Reino, quer dizer, tornar-se discípulo de Cristo, para «conhecer os mistérios do Reino dos céus» (Mt 13, 11). Para os que ficam «fora» (Mc 4, 11), tudo permanece enigmático.

3 – Anúncio e Características do Reino

O Reino de Deus, que foi inaugurado na terra por Cristo, está destinado a acolher todos os homens, mas foi primeiramete anunciado aos filhos de Israel. Este Reino foi já anunciado por João Batista, que exortou as pessoas a arrependerem, porque está próximo o Reino dos Céus (Mt 3,2). Mais tarde, Jesus de Nazaré, o prometido Messias e Salvador da humanidade, foi batizado e Ungido (Lc 3,30-31), começando assim o seu ministério, que centrou-se necessariamente em torno do Reino de Deus. Ele instruíu os seus apóstolos a pregar que está próximo o Reino dos Céus. Essas instruções seriam repetidas a todos os seus discípulos, a todos os cristãos (Mt 10,7; 24,14; 28,19-20; Act 1,8). A Bíblia inteira gira em torno da vinda do Messias e do Reino do Deus. Por conseguinte, o Reino de Deus, que é uma grande realidade misteriosa, tem um grande sentido profético e missionário na vida da Igreja Cristã.

Jesus, através de parábolas, convida todas as pessoas a entrar no Reino de Deus, ou seja, tornar-se discípulos d'Ele, para conhecer os mistérios do Reino dos Céus (Mt 13,11). Segundo o Catecismo da Igreja Católica, Jesus e a presença do Reino neste mundo estão secretamente no coração das parábolas. Para os que ficam "de fora" (Mc 4,11), tudo permanece enigmático.Jesus exorta os seus discípulos a buscar, em primeiro lugar, o Reino de Deus e sua justiça (Mt 6,33).

O Reino de Deus, que não terá fim e que já está no meio de nós (Lc 17, 21), é justiça, paz e alegria no Espírito Santo (Rm 14,17); é o fim último ao qual Deus nos chama; é obra do Espírito Santo; e é também um império eterno que jamais passará e…jamais será destruído (Dn 7,14).

Todas as pessoas que querem pertencer ao Reino de Deus precisam de converter-se, de realizar a vontade divina, de ter fé em Jesus e de acolher a sua palavra. De facto, Jesus convida todas pessoas à conversão (um pré-requisito para o acesso ao Reino), a renunciar o mal e o pecado (um grande obstáculo para o acesso ao Reino) e a arrependerem os seus pecados e experimentarem o ilimitado perdão e misericórdia de Deus. Este apelo constitui a parte fundamental do anúncio do Reino de Deus: "Cumpriu-se o tempo e o Reino de Deus está próximo. Arrependei-vos e crede no Evangelho" (Mc 1,15). Este apelo à conversão é especialmente para os não-cristãos e os pecadores, pois Jesus afirma que não vim chamar justos, mas pecadores (Mc 2,17) e que Deus Pai sentirá imensa alegria no céu por um único pecador que se arrepende (Lc 15,7). Esta conversão e remissão dos pecados (Mt 26,28) só foi possível pelo sacrifíco de Jesus, Filho de Deus Pai, na cruz, constituindo a suprema prova do amor que Deus tem pelos homens.

Jesus afirmou que não entrará no Reino todo o que não o receber com a mentalidade de uma criança (Mc 10,15), quem não nascer de novo (Jo 3,3), aquele que não faz a vontade de meu Pai que está nos céus (Mt 7,21) e os injustos (1Cor 6,9).

Para ter acesso ao Reino de Deus, é preciso passarmos por muitas tribulações (Act 14,22) e também cumprir a Lei de Deus, porque aquele, portanto, que violar um só destes menores mandamentos e ensinar os homens a fazerem o mesmo [vai] ser chamado o menor no Reino dos Céus; aquele, porém, que os praticar e os ensinar, esse será chamado grande no Reino dos Céus (Mt 5,17-19).

As Bem-aventuranças, pregadas por Jesus no famoso Sermão da Montanha e que anunciam e revelam aos homens a verdadeira felicidade, são por isso também um grande anúncio da vinda do Reino de Deus através da palavra e acção de Jesus e também do carácter das pessoas que pertencem ao Reino. Jesus exorta as pessoas a seguir este carácter exemplar, para poderem depois entrarem no Reino de Deus, ou seja, para obterem a salvação e a vida eterna.

Uma vez inaugurada na Terra por Jesus, ninguém, nem mesmo Satanás, consegue travar e impedir a edificação e a realização final e perfeita do Reino de Deus. Mas, este Reino, enquanto não atingir a sua perfeição, é ainda atacado pelos poderes maus, embora estes já tenham sido vencidos em suas bases pela Morte na cruz e Ressureição de Jesus. Satanás, um ser muito poderoso e maligno, só consegue atrasar a realização final do Reino na Terra, através do cultivo do ódio no mundo contra Deus.

Este Reino, para grande desapontamento de muitos judeus da altura, não vinha restabelecer o reinado temporal de Israel e não é um reino deste mundo, ou seja, não é um reino com características políticas, mas sim com características predominantemente espirituais. Resumindo, o Reino de Deus, que cresce como uma semente que Deus coloca no coração de cada homem (dimensão pessoal), é a plena instauração da lei do amor a Deus e ao próximo e terá a sua realização final e perfeita na vida do mundo que há-de vir, na nova Terra e no novo Céu implantados por Deus no fim dos tempos (dimensão universal).

Sinais do Reino


Jesus operou muitos milagres, prodígios e sinais (Act 2,22), que provam que Ele é o Messias anunciado, o Filho de Deus e o Salvador enviado por Deus Pai e que o Reino de Deus está presente n'Ele e já está no meio de nós (Lc 17, 21). A operação destes sinais milagrosos, que pode ser ocasião de escândalo para alguns, tem por objectivo convidar as pessoas a crerem em Jesus e nas suas palavras. Aos que a Ele se dirigem com , concede o que pedem. Apesar dos seus milagres serem tão evidentes, Jesus é rejeitado por alguns e até acusado de agir por intermédio dos demônios.

Jesus, que não veio abolir todos os males da Terra, libertou ainda assim certas pessoas dos males terrestres da fome, da injustiça, da doença e da morte, antevendo assim que, quando chegar na altura da realização final do Reino de Deus, todos estes males irão desaparecer. Aliás, Jesus operou sinais messiânicos veio para libertar os homens da mais grave das escravidões, a do pecado, que os entrava em sua vocação de filhos de Deus e causa todas as suas escravidões humanas.

Os exorcismos que Jesus efectuou libertaram homens do domínio dos demónios, afirmando que se é pelo Espírito de Deus que eu expulso os demónios, então o Reino de Deus já chegou a vós (Mt 12,28). Isto prediz também que o advento do Reino de Deus é a derrota do reino de Satanás e antecipa a grande vitória de Jesus sobre "o príncipe deste mundo".

Jesus, embora não curou todos os doentes do mundo, curou ainda assim vários enfermos, incluindo leprosos, que naquela altura eram isolados e altamente discriminados. Estas curas eram sinais da vinda do Reino de Deus e anunciavam uma cura mais radical: a vitória sobre o pecado e a morte pela ressurreição de Jesus. Na cruz, Cristo tomou sobre si todo o peso do mal e tirou o "pecado do mundo" (Jo 1,29).

A entrada de Jesus em Jerusalém, a Transfiguração e a Ascensão de Jesus são também sinais da vinda do Reino e do começo da consumação do desígnio de Deus sobre a sua Criação (o estabelecimento do Reino de Deus).

Resumindo, o Reino de Deus manifesta-se lucidamente aos homens na palavra, nas obras e na presença de Cristo.

 

4 – Questões:

4.1 – Jesus anunciava o Reino de Deus por Parábolas.

O que queria Jesus?

4.2 – Quais são os sinais do Reino de Deus?

4.3 – Como vamos construindo o Reino de Deus na Família, na Vizinhança, na Vida Profissional, na Vida Social?

5. Oração

 

Há um poema de Sophia de Mello Breyner Andresen que pode ser lido como uma oração:

“Chamo-te porque tudo está ainda no princípio

E suportar-te é o tempo mais comprido.

 

Peço-te que venhas e me dês a liberdade,

Que um só de teus olhares me purifique e acabe.

 

Há muitas coisas que não quero ver.

 

Peço-te que sejas o presente.

Peço-te que inundes tudo.

E que o teu reino antes do tempo venha

E se derrame sobre a Terra

Em primavera feroz precipitado.”

 

 

 

 

Relator: José Rodrigues Lima

Telefone: 938583275

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