domingo, 6 de outubro de 2013

Honestidade/Pontualidade ---Comandante Oliveira Martins

Honestidade/Pontualidade
09/08/2013, 10:12
Um dos ensinamentos mais importantes que recebi na minha infância e que constitui um pilar da educação que me foi ministrada pelos meus pais, foi sem dúvida a honestidade.
Os meus pais não eram (são, porque a minha mãe ainda é viva), pessoas ricas e letradas. Não é preciso ter qualquer dessas condições para educar. O que é necessário, é ser humilde e ter princípios éticos, humanos e morais para transmitir aos filhos.
Um dos múltiplos aspetos deste sentimento foi-me transmitido pelo meu pai quando nos acompanhava (a mim e ao meu irmão), nos dias chuvosos e nevoentos de inverno, até à paragem do autocarro, para trazer de volta os fatos de oleado e as botas de borracha que usávamos para nos proteger da chuva e assim evitarmos estar todo o dia com a roupa encharcada. O colégio distava cerca de oito quilómetros da minha aldeia e a paragem ficava a cerca de dois quilómetros de nossa casa e os caminhos eram escorregadios e lamacentos.
Durante o percurso o meu pai aproveitava a oportunidade de estarmos juntos para nos dar conselhos, sempre elucidados com exemplos edificantes, como forma de captarmos os ensinamentos que a mensagem continha.
Como tínhamos de nos levantar às seis da manhã para estarmos nas aulas às oito, custava levantarmo-nos e o meu pai tinha de nos chamar diversas vezes até nos dispormos a pôr de pé.
Jamais esqueci as palavras simples, mas sensatas, como se referia à honestidade, neste caso na vertente da pontualidade. O ser pontual é um respeito para com os outros, mas, acima de tudo, é uma conduta que impomos a nós próprios regulando o nosso pensamento e o nosso corpo para procurar responder com eficácia aos compromissos que a vida nos impõe. E exemplificava com o facto de chegarmos atrasados ao autocarro, termos de ir a pé, ou então o autocarro ter de esperar pelos passageiros como acontecia em Espanha onde o comboio «lhega quando lhega» para se referir ao atraso sistemático dos comboios naquele país.
Normalmente não gostamos de esperar, então por que fazemos esperar os outros? – dizia-nos. E continuava, fazendo apologia ao respeito que devemos aos outros, para que sejamos retribuídos. Aquele que não cumpre os horários e não assume com pesar essa falta, não merece o nosso respeito.
Dizia o meu pai que para sermos honestos com os outros devemos em primeiro lugar sermos honestos connosco. Isto passa por fazermos um exame de consciência aos nosss atos e pensamentos prometendo emendar as imperfeições. É conhecendo-nos bem, fazendo uma avaliação isenta e justa das nossas atitudes e comportamentos que podemos perdoar e ser perdoados.
A honestidade implica sermos assertivos connosco antes de sermos com os outros. Por outro lado, exige também que sejamos humildes para aceitar as nossas imperfeições e os outros como eles são.
Aplicando estes princípios à nossa conduta, estamos a praticar a honestidade, a nós próprios e para com os outros, em todos os aspetos da nossa vida.

Manuel de Oliveira Martins
maolmar@gmail.com
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