As mulheres da Abelheira também têm a sua história. Todas
elas se dedicavam ao trabalho do campo, mas à procura de melhor «ser» na vida;
também algumas de dedicaram a outras actividades, como a estiva. Assim
aconteceu à Maria Gaivota e à Cândida Traila.
Em maior número se lançaram ao trabalho da lavagem de roupa
para os senhores da cidade. Era uma zona fértil em águas correntes e daí
aproveitarem as condições hidrográficas para lavarem a roupa no rio do
Canastreiro, junto à Casa do Gaivota e do caminho da Fortunata; no rio do
Souto, no caminho para S. Francisco; no rio de S. João, no lugar de S. João; no
rio do Barronco, na convergência do caminho do mesmo nome com o caminho das
Alminhas (Fortunata), no rio de Seitas, junto à cachada do Gaivota; no rio da
Fonte da Abelheira, junto à Senhora das Necessidades. Aí lavava-se a roupa e
não sei que mais...
Alguns dos rios já desapareceram, mas ainda são lavadouros
públicos o rio do Souto, o rio do Barranco, o rio da Fonte.
As lavadeiras mais conhecidas eram: a Maria da Engrácia (do
Cunha); a Rosa Lopes (Lapardão); Maria Cambão e Rosa Cambão (da Quinta Velha do
Cerqueira, do Gato Bravo); a Maria Luísa Lopes Palma (de S. Francisco, por ter
sido caseira da quinta do convento, onde lhe nasceu a filha Ana Palma da Silva
e era casada com Antônio Lopes da Silva, canteiro da Câmara, falecido à 45
anos); Ana Casanova, Maria do Fermento, Laura do Fermento, Rosa da Via e Teresa
do Maduro; a Conceição Cambão (Fome Negra), casada com o filho do «Ratinho» e
que se chamava Manuel Cambão, carreteiro; a Rosa Rodrigues Gaivoto (Rosa do S.
João), casada com o Domingos Martins Cabanelas, tanoeiro nas oficinas de Jules
Devèse e foram caseiros da quinta onde estava a capela de S. João, no limite
com a Meadela, falecida já há cerca de 25 anos tendo ficado a filha, a Micas do
S. João (Maria das Dores Martins Cabanelas) e que vive agora da sua reforma e é
casada com Avelino Martins Carvalhido, que trabalhou no caminho de ferro.
Hoje, umas porque faleceram, outras porque já o amargaram e
vivem das suas pensões, acabaram-se as lavadeiras da Abelheira. Resta apenas a
Aurora Gaivota, viúva de Antônio Pedro Viana, falecido há pouco tempo.
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