segunda-feira, 22 de julho de 2013

Redescobrir o Jesus «perdido», reencontrar o Cristo «desperdiçado»

Redescobrir o Jesus «perdido», reencontrar o Cristo «desperdiçado»

1. A nossa história é o lugar do encontro de Deus com o homem. Mas a nossa vida acaba por ser, também, o local do desencontro do homem com Deus. Nestes vinte séculos de peregrinação pelas estradas do tempo, os cristãos obtiveram importantes ganhos. Mas manda a honestidade reconhecer que também coleccionaram bastantes perdas.

2. Muitas vezes, nem reparamos no que podemos estar a perder. Talvez não nos apercebamos de que – como adverte D. António Couto – podemos estar a perder «Cristo e o Seu estilo de vida».



Acontece que este é o maior (a bem dizer, o único) desperdício. Perder Cristo e o Seu estilo de vida não é perder alguma coisa; é perder tudo.

3. Fará sentido um Cristianismo sem Cristo, um Cristianismo longe de Cristo?



Não é Cristo que nos perde. Somos nós que nos perdemos de Cristo. Que fazer para redescobrir o Jesus perdido e para reencontrar o Cristo desperdiçado?

4. É imperioso que o Evangelho perpasse, que nunca se desfaça e que sempre nos refaça.



É fundamental que as energias se gastem na missão e não se desgastem em tantas adiposidades que os séculos foram introduzindo.

5. A leveza do Evangelho reclama uma cura da obesidade burocrática que tão aprisionados nos retém.



Não raramente, parece que vivemos entalados entre uma bulimia funcionalista e uma anorexia vivencial.

6. É neste sentido que – como observa D. António Couto – todos, «bispos, padres, consagrados e fiéis leigos deverão ser muito mais evangelizadores e muito menos funcionários, administradores ou gestores».



A Igreja deve habituar-se a sair para que as pessoas possam entrar. No fundo, também estamos dentro quando evangelizamos fora. É que a Igreja não se faz só no edifício. Também se refaz no meio das pessoas, «com simplicidade, verdade, coragem». E sobretudo «com Cristo no coração».

7. O Evangelho não deve ser imposto de uma maneira pesada nem apressada.



Ele só pode ser anunciado de uma maneira leve e pausada: «sem ouro, prata, cobre ou alforge». E sem pressas.

8. Tenhamos presente que o mundo dispensa bem uma Cristandade fechada, ensimesmada, integrista.



Do que a humanidade está à espera é do Evangelho integral: em forma de palavra e em forma de testemunho de vida.

9. O Evangelho não é só para traduzir nas mais diversas línguas.



Acima de tudo e como nos lembra D. António Couto, o Evangelho é para ser «traduzido em gestos novos, porque convertidos, de oração, comunhão e missão».

10. É urgente oxigenar de novo a Igreja com a inalação refrescante do Evangelho. Só assim ela será escultora de um futuro diferente no hoje de cada dia.



Afinal, nem tudo está perdido quando nos perdemos em Jesus Cristo!

João António Pinheiro Teixeira, In DM 02.07.2013

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