OS CARRETEIROS DA ABELHEIRA
A Abelheira foi conhecida, noutros tempos, pela terra dos carreteiros e
das lavradeiras. Quem começou ninguém o sabe dizer, mas tudo leva a crer que,
pelo século XVI, com o desenvolvimento comercial de Viana. A terra não dava o
suficiente e havia que procurar ganha-pão doutro modo. Assim aconteceu e
aparecem gerações e gerações de carreteiros na Abelheira. Foram os Lopes, os
Gaivotos, os Vendeiros, os Vianas, os Arezes, os Balinhas, os Cambões, os
Maduros, os Campainhas... Toda ela era gente robusta, cheia de força e vigor,
pronta a trabalhar e a comer, tudo faziam no superlativo, diz o ditado: «Quem
não é para comer, não é para trabalhar»; por isso, comiam e bebiam como
ninguém.
O Manuel Cambão e o seu carro em descanço
companhou o progresso até dispor aos seus
empregados a tarefa que vinha esempenhando em novos moldes.
O Sr. Firmino Cunha, com 90 anos de idade, diz
que, em certa época, eram o todo 40 os carreteiros da Abelheira, entre eles o
seu pai, o Félix Cunha, onhecido apenas por carreteiro Félix.
Ainda há carreteiros vivos: Antônio Alves Franco
(o Gaivota); Manuel Rodrigues lambão (o Bate-o-Malho); o Antônio Martins de
Passos Fernandes, que ainda o vi arregar aí por 1978 (o Maduro); Manuel
Gonçalves Balinha (o Lapardão); Manuel lorreia Rodrigues Cambão (o Cambão),
agora, a gozar os rendimentos; Antônio lorreia Gonçalves da Balinha (o Piçoto);
João Martins Arezes e a Adelaide do àaivoto.
Seja prestada uma homenagem às mulheres da
Abelheira, pois sempre se ouve liar dos carreteiros e não das carreteiras.
Pois é verdade, à morte de João Rodrigues
Gaivoto (carreteiro), a viúva D. idelaide Malheiro da Silva, nascida em 1910,
agora com 75 anos e a viver da sua ensão, continuou a arte até ter os seus
filhos criados e encaminhados.
Mas não era ela a única; também a Maria Balinha
(do Lapardão), solteira, arregava como um homem e foi escrava do trabalho de
carreteiro e, ainda, a éresa Cambão (do Navalhinhas) trabalhou toda a sua vida
nos carretos por carros le bois.
Também como os homens, iam para todo o lado,
para o cais e para o caminho le ferro, para as fábricas e para os particulares,
para a pedra e para a madeira, iara o vale e para o monte. Não se limitavam
pelo facto de serem mulheres.
Os 26 sinos para Santa Luzia, comprados em 1947
à firma Serafim Jerónimo, le Braga, depois de terem estado em exposição no
jardim público durante as sstas da Senhora da Agonia, desse ano, (24) foram
transportados pelos carreteiros Ia Abelheira, no meio de muita festa e com os
carros enfeitados de «belas- pnas».
Há cerca
de 40 anos, transportaram as turbinas para o Lindoso.
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