Nos princípios do século XIX, existiria uma pequena capela, mal cuidada,
sob a invocação da Senhora das Necessidades, da qual não encontrei documentos,
a não ser a referência nos livros de assentos de Baptismo, por essa altura, da
Senhora das Necessidades, como madrinha dos Abelheirenses.
Também em 1733, a propósito da erecção da capela de Jesus Maria José,
foi citada a capela de S. João da Abelheira, nas quais, os moradores da
Abelheira podiam resolver os seus preceitos religiosos. Por isso, não se põe a
existência de qualquer outra capela com culto, pelo menos com algum significado
relevante, no século XVIII.
Em 19 de Setembro de 1880, realizaram-se a festividade e arraial na
capela, onde ocorreu grande número de forasteiros a este lugar pitoresco da
Abelheira (21). Mas, pelo que consta da tradição, havia naquele sítio uma
pequena capela que, no princípio deste século, foi reconstruída pelo Zé das
Zenhas, sogro de Luís Pedro Viana.
Aí começou, por essa altura, a ser dada catequese pela Lídia e pela
Maria da Luz Palma da Silva e celebrava missa, assim como orientava a
catequese, o Padre José Antônio Carvalho, da casa do Gomes, da Meadela. E foi inaugurada
a capela com a realização de uma Primeira Comunhão e visitada pelo Arcebispo de
Braga, que se paramentou na quinta do Paula Santos, tendo sido a grande
benfeitora a sogra do pai do Dr. Paula Santos.
«Os meus avós diziam existir ali uma pequena capela», assim me disse o
Sr. Antônio Alves Franco, agora com os seus 80 anos. Em tempo, este
abelheirense fez parte da «Comissão de Culto» e mostrou-me um papel do
pagamento ao Padre Domingos Martins Sobreira, de 533$50, referente a 17 missas,
ditas em Janeiro, Fevereiro e Março de 1952, sendo 187$50 deste dinheiro para
entregar em Braga. O padre Domingos Sobreira foi também Capelão da Caridade e
veio a morrer na casa da família, no lugar de Vilares, em Outeiro.
Ao princípio não havia celebração de missa na capela, depois começou,
por 1920, ao cuidado de alguns padres mais livres, como o Padre Guerreiro e
depois o «Padre Gomes», da Meadela. No entanto, sempre fizeram a festa da
Senhora das Necessidades, depois do primeiro restauro. As moças traziam as flores
para um grande arco que erguiam junto à casa do actual Zé Lima e por onde
passava a procissão que, saindo da capela, ia dar a volta ao cruzeiro, na Leira
Longa. Para a festa realizavam peditórios no lugar, na Meadela e pela cidade,
sobretudo, na Ribeira. O mais afamado peditório era «o das colheitas» ou
peditório de S. Miguel, em que as mordomas se preparavam a rigor.
Foram grandes beneméritos desta capela João Alves Cerqueira, seu filho
Joã Delgado Cerqueira, os sogros do Dr. Antônio Marques Paula de Abrantes
Santos pai do Dr. Paula Santos, médico e avô do Dr. Paula Santos, cirurgião,
famílií Santos, a família Delgado, entre outros.
Por 1930, os festeiros Manuel de Passos, Antônio Martins Cabanelas,
Joã< Alves Franco e Antônio Rodrigues, entre outros, levaram a efeito a obra
do torreão que lá se encontra. Foi encarregado da referida obra o construtor
Passos Ré-Ré. C torreão veio da quinta da Torre Velha.
Em 26 de Janeiro de 1971, reuniu a Comissão presidida pelo Padre Antónk
Neiva e deliberou adaptar o interior da capela ao culto; soalho e altar. Logo
se lançaram em angariação de fundos, começando por recolher os saldos das
festa: dos anos anteriores e cujos dinheiros se encontravam espalhados por
várias casas dos antigos mordomos, tanto da festa da Senhora das Necessidades,
como dc Menino. Mais uns peditórios e as obras fizeram-se e mais do que
esperavam. Nc fim, publicaremos as contas de 68/69 e de Setembro de 1970 e
1972, referente àí festas e às obras de adaptação.
Nesta altura, foi ampliada a capela para o lado norte no sentido
longitudinal e assim, no lugar onde era a sacristia, ficou o espaço reservado à
capela-mor ficando-lhe a sacristia por trás.
Só a partir de 1968, existem documentos em arquivo e só a partir de 1978
existem as actas das reuniões. Fizeram parte da comissão de 1968-1972, Antónic
Alves Franco (o Gaivota), Manuel Martins Arezes, Manuel Correia Rodrigues
Cambão, Antônio Correia Gonçalves da Balinha, José Crispim Araújo da Silva;
Antônio Rodrigues Cambão e era pároco o Reverendo Padre Antônio da Costa Neiva.
Hoje, trata-se de uma capela muito asseada e que, de algum modo, é o
centro religioso da Abelheira com missa nos dias de preceito e com a
tradicional festa de Nossa Senhora das Necessidades, no Domingo a seguir ao dia
7 de Setembro, liturgicamente, dia da Natividade da Virgem Santa Maria.
Artisticamente, nada há de importante a dizer sobre a capela. Tem, no
seu interior, um retábulo recente, isto é, um retábulo pobre na linha do
neoclássico; o que mais antigo se nos afigura, do século XIX, são duas imagens
de Nossa Senhora das Necessidades, estilo roca. No entanto, é uma linda e
airosa capela, onde se está bem na celebração do culto. Tem coro e púlpito e
sem altares laterais, mas umas peanhas com as imagens de Nossa Senhora de
Fátima e do Sagrado Coração de Jesus encontram-se junto ao Arco do Cruzeiro.
Ao lado do retábulo e na parede, mais duas peanhas com as imagens de S.
José e de Santo Antônio. A Senhora das Necessidades apresenta-se sobre um pedestal isolado e em destaque.
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