João
Filipe Martins Branco, um vianense de gema a partir de 25 de Maio de 1877.
Estudou
no Colégio do Espírito Santo, frequentou a Escola das Belas Artes e cursou
engenharia mecânica na Bélgica, onde se diplomou. Foi oficial do exército na lâ
Grande Guerra e, na França, dirigiu o serviço de mecânicos da nossa aviação.
Muitos
foram os factos que o notabilizaram, não só no país e na sua terra vianense,
mas até no estrangeiro. Deles destacarei alguns.
Era
o dealbar do século XX, estava a acabar a monarquia.
Ainda
não se conhecia a aviação, a não ser por literatura de ficção. Po exemplo, de
Júlio Verne; o serviço de transporte era feito sobretudo por carros d<
tracção animal. De vez em quando, aparecia por Viana uma D. Elvira que hoje
< peça de museu. No entanto, no dia 19 de Junho, pela manhã, em 1913, o povo
d< Viana apinhou-se nas margens do «Lethes», para, orgulhosamente, observar
aquik que muitas cidades do país ainda não tinham visto, foi na insua que João
Branco depois de fabricar um motor a gasolina e de preparar um aeroplano e a
pistí improvisada, naquela ilhota, confiando o aparelho a um aventureiro
piloto, viu o avião conquistar o espaço aéreo, tendo levantado voo e aterrado
sem qualquer problema. Foi um êxito! Foi motivo sobejo de vaidade para Viana,
porque o aparelha tinha sido construído na cidade por um filho desta terra e
tinha sido experimentado aos olhos dos vianenses.
Foram feitas várias
experiências, mas eram dispendiosas e não havia auxílios.
Tudo ficou por aí.
Antes, porém, pelo ano de
1906, construiu um automóvel animado pelo fervor do bairrismo de alguns e, com
a ajuda da «Fundição do Moreira», aparece o torpedo de cinco lugares, quatro
cilindros e doze cavalos a andar a 26 quilômetros por hora.
Isto,
embora fosse interessante, outros acontecimentos que o seu talento
proporcionou-lhe deram fama, como por exemplo, o aparelho de fabricar
rastilhos, Eng.
João Branco
inventado e patenteado por
ele.
Aquando
das obras dos Estaleiros, devido à falta de energia na cidade para movimentar
as potentes máquinas, montou dois geradores que solucionaram o problema.
A
mecânica era a sua paixão e a sua grande vocação. No entanto, dedicava-se, nos
tempos livres, à composição, à música, ensaiava os coros das revistas de
Salvato Feijó, distinto violoncelista, escultor em mármore, hábil para os
bustos, pintor de tela e aguarelas e poeta. Foi ainda um dos fundadores do S.C.
Vianense.
Dele
contam-se muitas coisas interessantes relacionadas com a mecânica, como por
exemplo, o concerto de sete carros que fez admirar técnicos ingleses, as
máquinas da C.P. consertadas por ele sob o espanto dos técnicos portugueses e
estrangeiros, o Roll-Royce de um Conde francês que chegado ao
Estoril, vinha avariado e ninguém o consertava, sendo depois arranjado por ele,
em Viana, enquanto o Conde assistia à tourada e o gratificou com vinte e cinco
mil escudos, na altura.
Enfim...
João Branco casou com Teresa de Jesus, de Ponte
de Lima e foi pai de treze filhos, sendo doze ainda vivos. Todos os filhos são
hábeis mecânicos, à excepção de um que seguiu agronomia. Dos mecânicos
sobressai o Raul Branco que, desde pequeno, começou a construir os seus
engenhos perante a admiração dos rapazes seus amigos. Ainda hoje, nas horas de
lazer, se dedica a engenhocar.
João Branco faleceu a 12 de Julho de 1949, na sua
residência, à Rua da Bandeira, ao seu funeral, Viana parou para participar. Não
era um homem religioso, mas de muito bom coração. Assim, pelas casas de
beneficiência se encontram boas recordações da sua pintura e escultura. Era
íntimo amigo do Padre Himalaia, Monsenhor Corucho, Padre João Matos, etc...
Em Novembro de 1997 foi prestada uma homenagem póstuma pela
Aeronaútica Portuguesa. A perpertuar a sua memória também foi dado a uma rua
desta zona da cidade o seu nome.
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