quarta-feira, 17 de julho de 2013

A grandeza da humildade


 humildade
No serviço à integridade da Fé e à unidade da Igreja, Pio V manifestou um dos peculiares encargos do Sucessor de Pedro, que é chamado a garantir ao mesmo tempo a autêntica Fé apostólica e a unidade eclesial.
Dom Gerhard Ludwig Müller
Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé

Como muitos leitores sabem, Michele Ghislieri, futuro Papa Pio V, passou no campo, como pastor, boa parte de sua primeira juventude, devido à indigência de sua família. Foi assim o início da vida desse grande santo que é o nosso padroeiro. [...]
Talvez naqueles anos tenha co­meçado a desenvolver propriamente uma propensão ao silêncio e à ora­ção, uma especial sensibilidade à be­leza da natureza, certa essencialidade de e concreticidade no viver, uma vigilante prontidão no cuidado dos bandos de animais.
Na humildade vão-se preparando as grandes coisas
Observando quiçá o rebanho pos­to sob sua guarda, nunca poderia imaginar como bem outros seriam os rebanhos que o Senhor confiaria aos seus cuidados. Apraz-nos assim considerar aqueles primeiros cator­ze anos de vida de Michele Ghislie­ri — dos quais sabemos apenas que transcorreram sobretudo no pasto­reio — como uma discreta e humil­de preparação para os importantes acontecimentos que o viram depois como incontestável protagonista da
Igreja de seu tempo, primeiro como Inquisidor e depois como Pontífice. Pois sempre as grandes coisas vão-se preparando na humildade.
Recorda-se hoje o Papa São Pio V, sobretudo, por sua grande capacida­de de governo e sua firmeza em sal­vaguardar a Fé. Propendia ele a pro­teger especialmente a Fé dos simples, tanto na doutrina quanto na discipli­na. Defendeu com todas as suas for­ças a Igreja e o bem do povo cristão. Dedicou-se por inteiro à tarefa de im­plementar o Concilio de Trento, de modo especial à reforma da Cúria Ro­mana, do clero e das ordens religiosas.
Todos dele nos lembramos co­mo o Papa aclamado pela vitória de Lepanto, mas convém não esquecer que, como Cardeal, Ghislieri tam­bém não receou cair em desgraça por permanecer fiel ao bem e à ver­dade. Amava de fato a verdade e o bem mais do que sua tranquilidade. Talvez tenha sido exatamente por is­so que um santo, Filipe Neri, profe­tizou sua eleição ao Pontificado, e que outro santo, o Cardeal Carlos Borromeu, tornou-se, no conclave, seu grande eleitor. Pois é frequente nascer entre os santos uma conatural afinidade e uma amizade.
Paladino da Fé e da unidade eclesial
Pio V foi um tenaz paladino, tan­to da Fé quanto da unidade eclesial. Não só se empenhou em defender a integridade da Fé contra as heresias, mas publicou o Catecismo Romano e promoveu sua tradução em outras línguas. Instituiu um comitê para a redação de um texto oficial das Sa­gradas Escrituras. Criou uma comis­são cardinalícia para organizar e re­gular a evangelização da América, da África e da Ásia.
Empenhou-se também em unifi­car a tradição cristã do Oriente e do Ocidente, decretando para os qua­tro doutores da Igreja Grega (Basí- lio, Gregório Nazianzeno, Gregório Nisseno e João Crisóstomo) as mes­mas honras prestadas aos doutores latinos (Ambrósio, Jerônimo, Agos­tinho e Gregório Magno). Esforçou- -se em consolidar a unidade da Fé, por meio da reforma e unificação da Liturgia. É recordado como o Pa­pa que publicou o Breviário. E ain­da hoje se pode celebrar a Eucaris­tia com o seu missal.
Nesse inseparável e infatigável serviço à integridade da Fé e à uni­dade da Igreja, Pio V manifestou



In Arautos, Junho 2013

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