sábado, 13 de julho de 2013

RUBENS MARTINS - 1986


RUBENS MARTINS
Seu nome completo é Pedro Paulo Rubens Martins, nascido em Santa Maria Maior, em 13/3/1866 e foi morador na Abelheira, no sítio do Souto. Era filho do pintor espanhol, radicado desde criança em Viana, Julian Martinez, de quem existem algumas obras de arte espalhadas por todo o lado.
A morte de Julian Martinez, decorador, pintor de alegorias religiosas, algumas das quais existem, embora com os seus defeitos, nos tectos dos templos, retratista de especialidade, foi muito chorada, pois para além de ser um artista, era um homem bom e, por vontade testamentária, o féretro foi conduzido por seis pobres internados na Caridade tendo-se incorporado no préstido muitos pobres.
É importante falar do pai, porque isso poderá ajudar a descobrir o filho.
Rubens Martins seguiu a profissão do pai e, ainda jovem, apresentou ao público trabalhos de inegável talento, merecendo os melhores encómios, embora, nesta cidade, nunca se dê valor aos artistas da terra.
De alguns pormenores, porque me parecem interessantes, vou passar a transcrever um texto que me chegou às mãos e que é de uma neta de Rubens Martins, D. Natália Cardona, mãe de treze filhos.
«Do casamento de Julian Martinez e Maria Rodrigues (meus bisavós) nasceram dois filhos: Maria e Pedro Paulo Rubens Martins (1). Do casamento deste com Maria Angélica de Freitas Tinoco (2) (meus avós), nasceram quatro filhos: Maria das Dores, Antônio Martins Tinoco (meu pai), Henriqueta e José.
Meus avós viveram, durante longos anos, na Rua de S. José (Casa dos Tinocos, grandes beneméritos da cidade), depois vieram, com seus filhos, viver no Largo Infante D. Henrique, n.e 29. Aí estiveram algum tempo, mas, entretanto, adquiriram uma casa com quintinha, no lugar da Abelheira, mesmo em frente à Casa dos Abrunhosa. Lembro-me de me dizerem que essa casa era pertença de duas irmãs. Era uma casa grande, com uma grande galeria envidraçada que meu avô adaptou para seu atelier de pintura. Era aí que se isolava dias e dias, pintando continuamente. Aí descansava e idealizava os seus trabalhos.
Nessa casa, nascemos eu e as minhas três primas (filhas de sua filha Henriqueta). Entre minha casa e esta, passou-se parte da minha infância. Por vezes, deixavam-nos estar a ver meu avô pintar, mas era quase como estar em frente a um Sacrário. Caladinhas, observávamos a mistura das cores na palheta. Ele gostava de pintar a óleo, embora também fizesse aguarelas e muitos estudos a crayon. Meu bisavô pintava por vocação. Foi um grande pintor e retratista. Meu avô estudou nas Belas Artes, pois meu bisavô queria que ele continuasse a sua grande paixão: a pintura.
Esta casa era rodeada por uma grande vinha e o lugar era grande, mas como na altura não havia luz eléctrica, nem água, tínhamos água própria que se retirava de um poço existente lá e também de uma pena de água comprada at Abrunhosa.
Meus pais, quando casaram, foram viver para a Rua da Bandeira, para un pequena casa recuada, mesmo em frente à igreja da paróquia. Mais tard mudámos para a Avenida dos Combatentes e, mais tarde ainda (tinha eu no' anos), tivemos a nossa própria casa (a casa onde está instalada a Singer).
Meu pai trabalhava bem e foi o gerente da Firma João Alves Cerqueira.
Entretanto, meus avós mudaram para a casa do Largo Infante D. Henrique. M( avô foi professor na Escola Comercial e Industrial que, na data, se encontra instalada no antigo Ciclo Preparatório Freu Bartolomeu dos Mártires. Pouco tem| esteve aí, recolheu-se em casa, dedicando-se de novo à pintura. Era amigo íntin do Director da «Aurora do Lima», Sr. Bernardo Silva, e de Salvato Feijó, com < quais se encontrava no Café do Zé (agora Café Sport, na Rua dos Manjovos). , conversavam, trocavam ideias e meu avô e o Sr. Bernardo eram os primeiros a I os rascunhos das revistas feitas por este último.
Com esta resolução de meus avós, meu pai vendo que a casa se deteriorav falou com eles e com as irmãs e a casa passou para ele.
Aproveitando unicamente os alicerces, remodelou-a totalmente sob orientação projecto de Chico Passos, desenhista muito conhecido nessa época (funcionário ( Direcção de Estradas) e tornaram-na numa bela casa à antiga portuguesa. No si­da galeria envidraçada, onde meu avô pintava, ficou a varanda com pérgola, outroí cheia de trepadeiras e cor que tanto a embelezavam.
Havia lá um moinho de pedra (lugar das nossas brincadeiras), um tanque i água sempre cheio e uma grande pia, que ainda lá se encontram, embora noul sítio.
O moinho foi retirado, pois o quintal foi também remodelado e surgiu com no traçado. Só foi aproveitado o pomar virado à casa dos Balinhas, na parte trase da casa, e a vinha que existia encostada aos muros que rodeavam a cas Fizeram-se arruamentos, construiram-se escadas em pedra que ligavam as part de terreno cultivado. Novas árvores, mais vinha e jardim. Só mais tarde, em 19^ foi construída a garagem existente.
A nossa casa de campo estava pronta e a nossa vida era repartida entre casa da Avenida e a casa da Abelheira.
Como eu casara para casa, acompanhada de meus pais, filhos e maric gozava muito desta vida (enquanto pudemos mantê-la).
Mais tarde, meu pai adoeceu e houve um pequeno período em que a min pequena família (meu marido e dois filhos), vivemos lá.
Entretanto, meu pai faleceu em 1947, com 52 anos. Grande período de dor luto. Passados uns tempos, minha mãe pensou em alugá-la mais por amizade q por necessidade (3). Alugou-se à família Dr. Paula Santos e, depois, ao Dr. Li Lacerda, um dos directores dos Estaleiros Navais. Por necessidade de largue
 
À Mariinha (1):


 


1.    Todos temos de morrer, Isso faz parte da vida,
E para não mais sofrer Já pensamos na partida.
2.     E assim aconteceu, Depois de tanto sofrer! Porque ela «não morreu», Deixou só de cá viver!
Ao Sagrado Coração de Jesus
1.                  Quando        subo a montanha Logo pela manhãzinha,
Sinto força tamanha
Que julgo não ser a minha.
2.   Subir, não custa nada, Quando é por devoção, Subindo na estrada Nem se sente o coração.
3.   Indo ao Templo rezar,
Ficam aliviados,
Para logo lá tornar Sem sentir cansados.
3.   Foi para o Céu descansar Da vida que cá levou,
E temos de concordar
Que foi «corpo» que cansou!
4.   Ela foi martirizada,
Eu bem sei o motivo,
Era assim já marcada No mundo em que vivo!
4.   As Veigas e os Montes, A Praia e o «Lima»,
São as principais fontes Que se vêem lá de cima.
5.   E se for ao Miradouro,
Vai ficar maravilhado,
O que vê, é um tesouro Que em si fica gravado.
6.   E como recordação Vai levar dentro de si,
O Sagrado Coração Que eu nunca esqueci!


 


2/5/1986

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