Gratidão a Deus, no ontem e hoje
Mensagem
à
Confraria de Nossa Senhora do Terço - Barcelos
Ao redescobrirmos a nossa identidade cristã – como nos interpela o Programa Pastoral – sentimo-nos convidados ao abandono confiante no Amor de Deus que nos torna uma autêntica comunidade.
Pode parecer não encerrar grande novidade e ser uma realidade estranha. Somos todos filhos dum único Pai e, por isso, verdadeiramente irmãos congregados numa única Igreja. Olhar para o individualismo hodierno sublinha a necessidade duma missão que nos une para ir prosseguindo etapas em ordem a esta meta. A Igreja sempre reconheceu a importância duma consciência missionária que sendo pessoal ganha força no associar-se.
As Irmandades ou Confrarias nasceram com esta finalidade prosseguindo, em comum, fins materiais ou espirituais. A Confraria de Nossa Senhora do Terço é só mais uma que, na sua gloriosa história desde 15 de Novembro de 1846, pretende "promover o culto e veneração a Nossa Senhora Mãe de Deus e Mãe dos homens, espalhando e radicando na alma dos fiéis a devoção do Terço do Santíssimo Rosário". Nesta finalidade mais de ordem espiritual, não esquece a "assistência moral e material" aos confrades, numa atenção privilegiada à "evangelização" e "promoção da doutrina social da Igreja".
Os anos foram passando mas o espírito genuíno destas finalidades não esmoreceu. Se outrora existiram mesários dinâmicos que conseguiram congregar os irmãos, hoje continuamos com cristãos conscientes da missão que lhes compete e sempre como expressão da Igreja e parte integrante da paróquia de Santa Maria Maior de Barcelos.
Se razões imperiosas me impedem de testemunhar a gratidão pelo passado e pelo presente, não posso deixar de me congratular por este aniversário que fica marcado por um restauro cuidado deste local de culto. As iniciativas espirituais necessitam de espaços dignos e as dificuldades dos tempos não atenuaram o cuidado e qualidade das intervenções. Aqui o terço pode ser rezado com outra qualidade espiritual, suscitando esta devoção no quotidiano de quem por aqui passa, acolhendo o dom da fé, como Maria, e comprometendo-se na promoção duma doutrina social da Igreja que encerra dentro de si o gérmen duma sociedade mais humana.
Que Nossa Senhora do Rosário conserve em todos os irmãos esta verdadeira consciência de Igreja, numa unidade que não destrói a originalidade duma Confraria, mas sublinha que o Reino de Deus se edifica em comunidade que se evangeliza para colocar a semente da fé no coração da cidade secular.
Que as minhas orações pelos mesários e benfeitores falecidos, assim como por todos os irmãos com a respetiva mesa que em si encerram os atuais benfeitores e devotos, compensem a minha ausência física.
+ Jorge Ortiga, A.P.
Paço Arquiepiscopal de Braga, 6 de Julho de 2013, in Boletim Paroquial de Barcelos
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