sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Cristo foi uma pessoa de riscos: O papa e cada um de nós terá de o ser ao jeito do Mestre


Os riscos e oportunidades de um papa profético

O estilo de comunicação espontâneo e carinhoso do Papa Francisco é atraente e poderoso, mas também pode gerar problemas de interpretação

19.09.2013


Pe. Dwight Longenecker

 
 

O estilo espontâneo e pessoal do Papa Francisco é sedutor, mas também corre o risco de que suas palavras possam ser facilmente distorcidas por jornalistas sem escrúpulo.

Os experientes da mídia tentam, por exemplo, rastrear a notícia de que o Papa Francisco teria telefonado a um gay francês para dizer-lhe que sua opção sexual não tem importância alguma. Algumas semanas antes disso, foi dito que o Papa ligou para uma vítima de estupro na Argentina para solidarizar-se. O toque pessoal do Papa é evidente em seus encontros individuais com os fiéis, e sua atividade no Twitter mostra seu estilo pessoal, vital e vibrante.

Precisamente este estilo carinhoso, pessoal e atento do Papa Francisco está em alta, é poderoso, mas também apresenta problemas. Queiramos ou não, Jorge Bergoglio não é somente o bispo popular que usava o metrô, mas também o Vigário de Cristo, o sucessor de Pedro e o primeiro definidor e defensor da fé católica. As pessoas escutam suas palavras e o que ele diz é sempre importante.

Os bem formados são conscientes de que nem tudo o que um papa diz é infalível. Um papa pode dizer coisas por acaso, que sejam ambíguas ou que constituam afirmações parciais da realidade. Um papa também poderia publicar escritos como "teólogo privado", como Bento XVI fez – afirmando claramente que não estava escrevendo com a autoridade do seu ofício papal.

Mas as pessoas mais simples não conhecem estas sutis diferenças, como tampouco os jornalistas em geral. Como resultado, as palavras e atos do Papa muitas vezes são mal interpretados.

Contudo, há alguns jornalistas que compreendem perfeitamente o poder das palavras do Pontífice, e que aproveitarão qualquer afirmação ambígua para distorcê-la em favor de sua agenda particular. Um exemplo é o fictício telefonema ao francês gay. Cavan Sieczkowski, o escriba do Huffington Post, usa esta história (que não passa de um boato) e escreve:

"O Papa Francisco já é considerado um Papa progressista que quer expressar abertamente ideais progressistas. Depois das notícias sobre a existência de um lobby gay no Vaticano, Francisco falou sobre a diferença entre um lobby gay e uma pessoa gay, e apoiou a comunidade gay. 'Uma pessoa gay que busca a Deus e que tem boa vontade, bem, quem sou eu para julgá-la?', disse o Papa em uma coletiva de imprensa em julho. Ninguém deveria marginalizar estas pessoas; elas deveriam ser integradas na sociedade."

Siczkowski qualifica o Papa Francisco como "um papa progressista" e destaca isso como se sua carinhosa proximidade das pessoas homossexuais fosse uma forma de romper com o ensinamento católico e aprovar o estilo de vida gay... E tudo isso devido a um boato sobre um suposto telefonema do Papa a um gay.

O Papa Francisco está sendo usado por jornalistas sem escrúpulos para sua própria agenda progressista. Seu estilo carinhoso, aberto e espontâneo está sendo uma faca de dois gumes.

Por um lado, o uso do celular e do Twitter por parte do Papa, que abraça todos e faz comentários carinhosos, conquista as multidões. Por outro, a mídia está utilizando esta simplicidade para dinamitar o ensinamento católico e para distorcer o Evangelho.

O que se pode fazer?

Sugiro que o Papa Francisco e sua equipe de comunicação destaquem mais as ações que as palavras. Ele demonstrou que é um gênio nos gestos proféticos, nas ações memoráveis, na atitude poderosa. Quando mais sorri, mais evidencia a genuína alegria cristã. Quanto mais abraça os pobres, pessoas com deficiência e necessitados, mais demonstra a compaixão de Cristo. Sua reverência e concentração na Missa mostram o amor de Deus, coração da fé católica. Sua simplicidade demonstra a verdade de que os pobres de espírito são bem-aventurados.

As poéticas e proféticas ações do Papa Francisco encarnam a verdade da fé católica de forma poderosa. E, dado que são ações, não podem ser tão facilmente distorcidas por aqueles que pretendem deformar a fé para alcançar seus próprios objetivos.

Vivemos em uma era visual, na qual uma imagem fala mais que mil palavras. Uma imagem fala de uma forma que as palavras não conseguem expressar. Os profetas do Antigo Testamento diziam palavras fortes, mas também fizeram obras poderosas, gestos dramáticos para mostrar a mensagem. O papel do Papa Francisco como profeta da nossa época é evidenciado mais fortemente pelo que ele faz, não pelo que diz.

É dessa maneira que ele comunica de maneira mais efetiva, e é a isso (além de aos seus ensinamentos) que deveríamos prestar mais atenção.

 

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