sábado, 28 de setembro de 2013

Os católicos têm o direito e o dever de informar-se bem sobre o que o Papa realmente diz, e não se conformar com as manchetes sensacionalistas


O Papa Francisco e seus "intérpretes"

Os católicos têm o direito e o dever de informar-se bem sobre o que o Papa realmente diz, e não se conformar com as manchetes sensacionalistas

26.09.2013



 

Existe um antigo provérbio italiano que diz "Traduttore, traditore", que poderíamos traduzir literalmente como "Tradutor, traidor", ainda que seu sentido mais adequado se expressaria com a ideia de que "a tradução trai" ou "a tradução pode ser traiçoeira".

Este provérbio acabou sendo de grande atualidade nos últimos dias, devido às diferentes "traduções" feitas a partir das palavras do Santo Padre nas últimas semanas: curiosos clarividentes e magos da linguagem oculta dizem ver nas palavras do Papa Francisco, em suas diversas entrevistas, informações que renderam manchetes como "Mulher será criada cardeal pelo Papa", "O Papa se abre ao casamento gay e ao sacerdócio feminino". Títulos como estes percorreram o globo, chegando a milhões de pessoas, com a velocidade de um tuíte ou de um "compartilhar" no Facebook.


 




É incrível a aparente autoridade com que aqueles clarividentes afirmam, como tema já resolvido, o que o Papa teria querido dizer em tais entrevistas. Se o Papa pergunta aos jornalistas "Quem sou eu para julgar uma pessoa homossexual?", estes magos do pensamento deduzem que o Pontífice apoiará o casamento gay.

Se o Papa disser "É preciso ampliar os espaços para uma presença feminina mais incisiva na Igreja", eles concluirão que o Santo Padre apoiará o sacerdócio feminino. Enfim, os exemplos são intermináveis.

Alguns católicos, angustiados pelas constantes e mal-intencionadas traduções do que o Papa diz, começaram uma busca assídua de palavras e atos do Pontífice que possam desmentir aquelas notícias tendenciosas.

Foi assim que circulou, nos últimos dias, a triste e lamentável notícia da excomunhão (por parte da Congregação para a Doutrina da Fé e, portanto, com a aprovação do Papa) de um padre australiano que defendia as uniões homossexuais e o sacerdócio feminino, e que desobedeceu à proibição de continuar exercendo seu ministério. Mas será este o meio adequado para responder aos "traduttore, traditore"?

Hoje, todos os católicos têm acesso às palavras do Papa. Não podemos afirmar que ficamos sabendo das coisas que o Papa disse por meio da imprensa leiga e, ao mesmo tempo, dizer que é impossível chegar às palavras oficiais do Papa.

Os meios de comunicação vaticanos (Centro televisivo Vaticano, Rádio Vaticana, Sala de Imprensa da Santa Sé) estão fazendo um grande esforço por transmitir, em tempo real, as palavras do Bispo de Roma a todos os cantos do mundo. Também a mídia católica se esforça por transmitir as palavras íntegras do Papa.

Então, não podemos nos dar ao luxo de estar mal informados. Se alguém me diz "Você ficou sabendo que o Papa vai...?" ou "Você viu na televisão que disseram que o Papa ia...?", não posso me conformar com esta informação.

Dessa maneira, nada me diferenciará de um simples fofoqueiro ou de um sensacionalista, que busca mais o espetáculo que o bem e a verdade objetiva. Hoje, todos nós podemos ter acesso às palavras do Papa. Ninguém nos impede. A Igreja precisa de nossa ajuda para difundir a verdade.

Não podemos estar mal informados, particularmente agora, que a informação é de muito fácil acesso. Devemos responder ao mal com o bem. Não sejamos "intérpretes" do Santo Padre, pois o "traduttore, traditore" também poderia ser aplicado a nós. Ao contrário, sejamos testemunhas e difusores das palavras de um homem que busca, por todos os meios, anunciar Aquele que é a Verdade.


 

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