Todo católico é sacerdote?
Como assim?
Entenda a diferença entre sacerdócio de Cristo, sacerdócio ministerial e
sacerdócio comum
19.04.2013
Rafel Higueras
É preciso começar pelo conceito de
"sacerdote" e, para isso, partir do sacerdócio de Cristo; depois,
entender o sacerdócio ministerial, distinguindo-o do sacerdócio comum dos
fiéis.
Talvez não haja melhor orientação para explicar isso que a Carta aos Hebreus. É verdade que, vendo a história da religiões, podemos encontrar o conceito de "sacerdote" em outras crenças: ele é a pessoa que age "profissionalmente" como intermediário entre a comunidade à qual representa e suas respectivas divindades. Por isso, dizer "sacerdote" seria o equivalente a "pontífice", neste caso. Mas não vamos aprofundar, neste momento, esta
noção genérica do sacerdócio.
Talvez não haja melhor orientação para explicar isso que a Carta aos Hebreus. É verdade que, vendo a história da religiões, podemos encontrar o conceito de "sacerdote" em outras crenças: ele é a pessoa que age "profissionalmente" como intermediário entre a comunidade à qual representa e suas respectivas divindades. Por isso, dizer "sacerdote" seria o equivalente a "pontífice", neste caso. Mas não vamos aprofundar, neste momento, esta
noção genérica do sacerdócio.
Voltando à primeira época do cristianismo, quando os cristãos provinham do judaísmo, surgiu a necessidade de esclarecer aos fiéis a verdadeira noção, a noção cristã do sacerdócio.
Os judeus convertidos ao cristianismo sentiam falta da grandiosidade do templo e dos seus sacrifícios, os incensos ao altar e as vítimas degoladas, bem como das funções externas e medidas dos levitas (descendentes de Levi, encarregados do templo).
O autor da Carta aos Hebreus quer convencer aqueles neófitos cristãos provenientes do judaísmo de que já – desde a Morte e Ressurreição de Cristo – não é necessário aquele culto grandioso e espetacular do templo de Jerusalém, nem é necessário o templo, nem o altar, nem aqueles animais que se ofereciam como vítimas; portanto, tampouco são necessários "outros sacerdotes" para ir se revezando de geração em geração.
Cristo é o templo, o altar, a vítima e o sacerdote. Ele é o único templo, porque Ele é o "lugar" no qual Deus e o homem se encontraram para sempre; o único altar é a sua cruz redentora; a única hóstia e vítima: seu corpo que se entrega e o sangue que se derrama; o único sacerdote para sempre, porque Cristo ressuscitado já não morre mais.
É imprescindível uma leitura calma e reflexiva da Carta aos Hebreus para entrar nesta verdade cristã: o sacerdócio único de Cristo (cf. Jo 4, 21 y Ap 21, 22).
Esta realidade de Cristo santuário, Cristo sacerdote, Cristo vítima, é vivida por nós a partir da fé, enquanto somos peregrinos na terra; nós a vivemos na fé e na esperança. Estamos na etapa do "já sim, mas ainda não".
Nós vivemos na terra, até que chegue a consumação dos tempos, e então a fé não vai mais existir, pois veremos Deus face a face, como Ele é; para esse tempo do "ainda não", que é o tempo da Igreja, precisamos de ajudas para a nossa fragilidade. E esta ajuda são os sacramentos, todos e cada um enquanto sinal e presença viva do Senhor Jesus.
E esta dinâmica no "ainda não" entra também no sacerdócio ministerial.
Como diz São Pedro, os cristãos são uma linhagem escolhida, um sacerdócio real, uma nação santa, um povo adquirido por Deus para anunciar as maravilhas daquele que os chamou (cf. 1 Pe 2, 9 e Ex 19, 5). Em outras palavras, todos os batizados formam um sacerdócio que tem acesso a Deus e, por isso, sua função – como a de Cristo – é "anunciar as maravilhas de Deus", a grande maravilha de Deus que é a Redenção por amor, pelo amor de um Deus manifestado em Cristo morto e ressuscitado (cf. Jo 3, 16).
Por isso, quando Cristo morreu, o véu do templo de rasgou (Mt 27, 51); ao ser aberto o lado de Cristo (Jo 19, 34), Ele se torna Sacerdote para sempre segundo a ordem de Melquisedeque (Heb 8, 17); e por Cristo-Santificador, os santificados pelo seu sangue já têm acesso ao Pai (Heb 9 e 10).
Por esta mesma razão, enquanto dura esta etapa terrena do "ainda não", por esta fragilidade humana nossa, precisamos "visualizar" aquele ato único e singular que Jesus fez (Heb 9, 24-26), Sacerdote que ao mesmo tempo se oferece como vítima: "Não quiseste sacrifício nem oblação, mas me formaste um corpo. Holocaustos e sacrifícios pelo pecado não te agradam. Então eu disse: Eis que venho" (Heb. 10, 6-7).
Referências
E. Arnau: Orden y Ministerio. BAC1995
Congregación para el clero: Directorio para el ministerio y vida de los presbíteros. Editrice Vaticana1994
Conf. Ep. Española. Com. Ep. del clero. Espiritualidad sacerdotal. Congreso. Edice 1989
Congregario de cultu divino… Colectanea. Ad causas pro dispensatione a lege sacri coelibatus obtinenda. Editrice vatican2004.
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