sexta-feira, 7 de junho de 2013

ESTA E A NOSSA FÉ: A FÉ QUE NOS GLORIAMOS DE PROFESSAR



As palavras iniciais do lema provêm da liturgia. “Esta é a nossa fé. Esta é a fé da Igreja, que nos gloriamos de professar, em Jesus Cris­to, Nosso Senhor” é a exclamação com que o presidente das cele­brações do Baptismo de crianças e do Crisma reage à profissão de fé proferida, respectivamente, pelos pais e padrinhos e pelos cris- mandos. Num caso como no outro, toda a assembleia é convidada a associar-se à fé professada, pelo menos com o amen conclusivo. São palavras que exprimem, ao mesmo tempo, gratidão e orgulho:

São de gratidão, porque, conforme nos diz o Catecismo da Igreja Católica, “a fé é um dom sobrenatural de Deus. Para crer, o homem tem necessidade dos auxílios interiores do Espírito Santo.”2 É semelhante ao que se passa, a nível humano, entre um pai e o seu filho: o amor que este nutre pelo pai, deve-o, habitualmente, ao amor que o pai tem por ele. Entre Deus e nós acontece o mesmo, mas num grau infinitamente superior: Não fomos nós que amámos a Deus, mas foi Ele que nos amou e enviou o seu Filho como vítima de ex- piação pelos nossos pecados (l Jo 4,10). E até para a descoberta deste amor impensável e a correspondente entrega de fé ao Deus que as­sim nos ama, é Ele que vem ao nosso encontro, através de tantos meios e pessoas que nos oferece, sobretudo na sua Igreja.
Daí também o sentido do orgulho ou profunda satisfação que senti­mos com a nossa fé, um sentimento que deriva da sua componente humana. É que “a fé exige a vontade livre e a lucidez do ser humano, quando este se abandona ao convite divino.”[1] Mas como a iniciativa vem de Deus, gloriar-se por e ao professar a fé significa, na prática, gloriar-se do que Ele faz em nós e por meio de nós. Ele próprio no- -lo diz repetidamente na Sagrada Escritura: Quem se gloria, glorie-se no Senhor.[2] Por isso gloriar-se em Deus é um dos modos, talvez o melhor, de Lhe agradecermos e de, assim, fortalecermos a filial co­munhão que a Ele nos une. Como recorda Santo Agostinho, os cren­tes “fortificam-se acreditando.”[3]
É nesse contexto que o Santo Padre, para este Ano
 
 da Fé, ma­nifesta a expectativa de que os cristãos,
 
nos diversos âmbitos da sua vida eclesial,
 
 “encontrarão forma de fazer publicamente a profissão do Credo.”[4] Na çiossa Diocese, irão ser
 
 disponibilizados meios para que cada um de nós possa tê-lo sempre à mão nas três fórmulas
 
oficiais na Igreja: a do Símbolo dos Apóstolos (a
 
 mais antiga), a do Símbolo Niceno-
 
Constantinopolitano (a mais elaborada) e a fórmu­la
 
 dialogada (usada na Vigília Pascal e nas
 
 celebrações  do Baptismo e do Crisma). Teremos
 
 assim a possibilidade de rezar o Credo com mais
 
 frequência (se possível diária), individual e
 
 colectivamente (em família, grupo ou
 
comunidade). Façamo-lo como sugere San­to
 
 Agostinho: “O Credo seja para ti como um espelho!
 
 Mira-te nele, para ver se realmente crês em tudo o
 
 que defines como fé. E alegra- -te cada dia na tua
 
 fé! ”[5]

Tratando-se de símbolos ou sínteses das verdades
 
 fundamen­tais da nossa fé, e para que as possamos
 
 
proclamar com a gratidão e o orgulho próprios de
 
 quem realmente crê, peço que se atenda ain­da ao
 
 seguinte:

 

2. Catecismo da Igreja Católica, n° 179.



[1]     YoucatCatecismo Jovem da Igreja Católica, n° 21.
[2]    1 Cor 1,31; 2 Cor 10,17, com a citação de Jer 9,23.
[3]     Citação de Bento XVI, A Porta da Fé, n° 7.
[4]    Ibidem, n° 8.
[5]     Citação do Youcat, p. 29.

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