quarta-feira, 5 de junho de 2013

FALTA-NOS «VINHO»!


 
1.   E natural que, neste tempo novo, surjam perguntas novas: que tem de especial o Papa Francisco?; o que levará tantos a admirá-lo tanto? É então que sobrevirá a pergunta de sempre: o que falta na Igreja para cativar, para convencer de modo persistente e para motivar de forma duradoura?
2.   0 que tem faltado à Igreja é o que abunda no Papa: «vinho»!
Sim, falta-nos «vinho». Aliás, não custará muito imaginar Maria a continuar a dizer a Seu Filho o mesmo que disse em Caná: «Não têm vinho» (Jo 2,3). Este «vinho» não é o líquido que costumamos ingerir. Este «vinho» é, como notou Cario Maria Mar- tini, «a alegria do Evangelho».
3.   De facto e como observa Medard Kehl, às vezes dá a impressão de que «a Igreja se assemelha mais a um velório do que a uma festa».
Não é tanto o riso que está em défice. 0 que parece escassear ê a vivacidade, a transparência, a substância, a autenticidade, o sabor!
4.   E preciso recolocar no centro duas atitudes que tendemos a subestimar: a transparência do testemunho e a paciência na missão.
Convém não esquecer que Jesus sempre verberou a hipocrisia, o jogo escondido, a intenção subterrânea e a cobardia.
5.   Nunca há fraqueza na franqueza. Medard Kehl advoga a reactivação «da velha virtude bíblica da franqueza especialmente onde determinados grupos e indivíduos parecem não corresponder ao imperativo de tomar transparente, hoje, Jesus Cristo e o Seu Evangelho». Não pode haver desconfiança em relação ao diferente, nem receio diante do novo. Não estará o Espirito de Jesus a falar-nos, nestes tempos, como falou nos primeiros tempos?
6.   No entanto, é fundamental que a franqueza seja temperada pela paciência.
0 embate com uma realidade granitica pode atrair a impaciência e conduzir á desistência.
Não podemos viver obcecados com o imediato. As dores da mudança são dores de uma vida que nasce e não de um corpo que adoece.
7.   Como lembra Madeleine Delbrél, «se o compromisso em favor da mudança não se alimenta de uma paciência contem­plativa acabará por ser infecundo».
A paciência ajuda a persistir mesmo perante os dados da evidência. A paciência vive de uma saudável transgressão das evi­dências. De resto, a experiência mostra que as evidências também se alteram.
8.   Percebe-se, pois, que Hans Schaller assegure que «a paciência não é uma virtude de pessoas de caracter passivo ou resig­nado. Pelo contrário, a paciência impede que nada (nem ninguém) destrua a confiança interior».
9.   A paciência põe a esperança em dia. A paciência não exclui a acção. A paciência é o melhor combustível para a acção.
A paciência pode exasperar. Mas não é a paciência que complica. A falta de paciência é que tudo destrói!
Joáo Antônio Pinheiro Teixeira, In DM 21.05.2013

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