H i s t ó r i a s d e v i d a
G r a c i n d a E s m
e r a l d a d e A s s u n ç ã o Cerqueira nascida a 2 9 / 1 1 / 1 9 3 1 , em Vila
Nova de Famalicão. Veio para Viana com os pais: Domingos Dias Cerqueira e Otelinda
Assunção Cerqueira, ele tipógrafo na Tip. do Sousa, depois em Barcelos e, mais tarde
em Famalicão (trocou Barcelos por Famalicão para ganhar mais 2,50 escudos, isto
é 1,25 cêntimos) e ela começou a servir aos 7 anos de idade e trabalhou na seca
do bacalhau.
Eram 9 irmãos, más só vingaram 8, 6
casados e com geração e dois solteiros. Em Viana viveu na casa da avó, onde
vivia por baixo do tio, irmão do pai, conhecido pelo famoso“Zé Rancheiro”, bombeiro,
animador, exercia actividades cénicas e era poeta popular. Todos os filhos do casal
Cerqueira fizeram a 4ª classe e a Gracinda trabalhou 33 anos na fábrica de
Cedemi, fábrica das boinas que ficava no entroncamento entre a Avenida 25 de
Abril (antiga estrada nacional), e a rua José Espregueira. Era de uma família espanhola.
Ainda conheci os seus proprietários.
Começou uma vida muita escrava e, tão
pequena que precisava de se pôr sobre um banco para lançar e ver a comida nas
panelas, cozinhava em casa. Ia à lenha no monte de Santa Luzia, ia à doca
buscar caixas para lenha.
Nunca se prendeu muito com namoriscos,
embora não faltassem pretendentes. Gostava mais de passar o tempo,
divertindo-se com todas e com todos os amigos, mas sem se entregar a ninguém.
Aos 14 anos já estava na Cedemi desde
as 6 horas da manhã. Na primeira semana trabalhou de graça e na segunda recebeu
2,50 , dois escudos e cinquenta centavos por dia. Embora trabalhasse 8 horas na
fábrica ainda ia fazer outros trabalhos em serviço doméstico. É tia de 11
sobrinhos.
Tr i s n e t a d a Rainha
da Tribo de Ginga – Maria
Fernanda Rebelo N u n e s C o s t a Gonçalves
nasceu no Moxico Velho, filha de Mário Rebelo da Costa e de Maria Teresa Nunes
Teixeira, africana, de Bié, Angola e neta de escravo.
A Fernanda veio aos 14 anos para
Portugal e estudou até ao 8º ano. Casou com Carlos Manuel da Cruz Gonçalves, de
Darque e é mãe de 6 filhos e tem 11 netos.
Ela é três vezes neta da Rainha de
Ginga, de uma Tribo de Mamuanha, Sá da Bandeira, uma tribo que as mulheres usavam
a tanga atrás e à frente e os cabelos entrançados com os peitos ao léu; e os
homens andavam completamente nus, mas a mulher é que escolhia o homem que
queria para seu cônjuge.
O Dr. Oliveira Salazar convidou a sua
trisavó a vir a Portugal como Rainha de África.
Ela não aceitou a cama de quarto
porque lhe fazia doer as costas. Dormiu no chão sobre uma pele de leopardo. A
Fernanda, trisneta da referida Rainha faz tudo, faz uma boa cozinha, não fosse ela
também pescadora do mar com cédula marítima, como o marido.
Agora trabalha como ajudante de
cozinha no Centro e parece dotada de boas qualidades de mulher, esposa, mãe e
avó.
M a r i a R i t a F i l o m e n a d a Silva Felgueiras Negrão-
,
nascida no dia 15 de Julho de 1931, em Santa Marta, filha de Albano Felgueiras Negrão,
dos Quesados de Perre.
O pai era familiar de padre e médico e
também andou no Seminário. Veio para a lavoura e era das famílias mais ricas de
Perre, e de Rosalina da Silva Miranda, de Santa Marta, costureira de herança. É
irmã de mais 6, um falecido em criança. Todos os outros casaram e tiveram
geração.
A Maria Rita casou com António
Rodrigues da Silva de Darque, primo dos Fanqueiras da Ribeira e foi para a
África para guia do mergulhador José Soares de Darque, seu irmão. No entanto,
nunca mais regressou e a Maria Rita tinha três filhos e tratou de os educar à
sua custa, trabalhando para
isso muito. Foi padeira 15 anos, foi
empregada da Família Vila Afonso durante 7 anos e depois da Família do
Professor Lamela à rua de Aveiro, de manhã de um lado e de tarde noutro. Teve
uma alma de caridade o Engº Vasco Faria que a levou para o Governo Civil onde trabalhou
30 anos e reformou-se com 70 anos e com festa, homenagem que todos como Dr.Oliveira
e Silva lhe fizeram.
O filho António, casou com Gorete e
tem um casal de filhos. A filha Maria, casada com Luís Felgueiras e com dois filhos;
a Maria do Carmo, casada com Emílio Costa e com um filho.
Já é bisavó. Está feliz com todo o
trabalho que realizou e sente-se muito honrada pelos filhos e netos que tem.
Poderia não ter passado tantas
privações na vida se o seu pai tivesse governado melhor os muitos haveres que tinha
e o seu marido não tivesse ido para África.
A família de Norton de Matos tem uma
casa à Rua da Bandeira e ela ainda tem a chave. Muito bem relacionada com toda
a gente, desde o mais pobre ao mais rico. Todos os Governadores Civis para quem
trabalhou eram seus amigos e nunca tiveram necessidade de qualquer chamada de
atenção!
Sempre foi muito cuidadora naquilo que
fazia…
M a n u e l d e P a s
s o s G o n ç a l v e s Carones Lima
nasceu
em Viana do Castelo, em Monserrate, foi batizado e crismado no tempo do Cónego
Borlido. Há 63 anos que vivia casado com Maria Josefa Lima do Vale Carones. Pai
de 5 filhos: Marino Manuel, Victor
Manuel, Idália de La Salete, Isménia Maria, Iolanda Maria de Passos Lima.
Fez
Escola Industrial em Viana do Castelo, trabalhou nos ENVC, fez o curso de Sargento
Milicianos no Batalhão Automobilista, em Lisboa.
Cumpriu o Serviço Obrigatório d a s F
o r ç a s A r m a d a s Portuguesas. Casou
antes de ir para a tropa e depois do Serviço Militar foi para Moçambique onde esteve até 1980 quando foi para a Colónia de
Moçambique já tinha deixado dois filhos.
Foi funcionário do Aeroporto de
Nampula, Caminhos de Ferro de Moçambique, Câmara Municipal de Nampula e Almoxarifado
de Moçambique até ao Governo-geral.
Teve grandes instalações frigoríficas
equipadas com máquinas de Sabroi e com várias câmaras de conservação na ordem
dos 250 e câmaras de congelação rápida na ordem dos 45 negativos.
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