sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Gracinda Cerqueira, Fernanda Costa Gonçalves, Maria Rita Negrâo,Manuel Carones


H i s t ó r i a s  d e  v i d a

G r a c i n d a E s m e r a l d a d e A s s u n ç ã o Cerqueira nascida a 2 9 / 1 1 / 1 9 3 1 , em Vila Nova de Famalicão. Veio para Viana com os pais: Domingos Dias Cerqueira e Otelinda Assunção Cerqueira, ele tipógrafo na Tip. do Sousa, depois em Barcelos e, mais tarde em Famalicão (trocou Barcelos por Famalicão para ganhar mais 2,50 escudos, isto é 1,25 cêntimos) e ela começou a servir aos 7 anos de idade e trabalhou na seca do bacalhau.
 
 


Eram 9 irmãos, más só vingaram 8, 6 casados e com geração e dois solteiros. Em Viana viveu na casa da avó, onde vivia por baixo do tio, irmão do pai, conhecido pelo famoso“Zé Rancheiro”, bombeiro, animador, exercia actividades cénicas e era poeta popular. Todos os filhos do casal Cerqueira fizeram a 4ª classe e a Gracinda trabalhou 33 anos na fábrica de Cedemi, fábrica das boinas que ficava no entroncamento entre a Avenida 25 de Abril (antiga estrada nacional), e a rua José Espregueira. Era de uma família espanhola. Ainda conheci os seus proprietários.

Começou uma vida muita escrava e, tão pequena que precisava de se pôr sobre um banco para lançar e ver a comida nas panelas, cozinhava em casa. Ia à lenha no monte de Santa Luzia, ia à doca buscar caixas para lenha.

Nunca se prendeu muito com namoriscos, embora não faltassem pretendentes. Gostava mais de passar o tempo, divertindo-se com todas e com todos os amigos, mas sem se entregar a ninguém.

Aos 14 anos já estava na Cedemi desde as 6 horas da manhã. Na primeira semana trabalhou de graça e na segunda recebeu 2,50 , dois escudos e cinquenta centavos por dia. Embora trabalhasse 8 horas na fábrica ainda ia fazer outros trabalhos em serviço doméstico. É tia de 11 sobrinhos.

Tr i s n e t a d a Rainha da Tribo de Ginga – Maria Fernanda Rebelo N u n e s  C o s t a Gonçalves nasceu no Moxico Velho, filha de Mário Rebelo da Costa e de Maria Teresa Nunes Teixeira, africana, de Bié, Angola e neta de escravo.
 



A Fernanda veio aos 14 anos para Portugal e estudou até ao 8º ano. Casou com Carlos Manuel da Cruz Gonçalves, de Darque e é mãe de 6 filhos e tem 11 netos.

Ela é três vezes neta da Rainha de Ginga, de uma Tribo de Mamuanha, Sá da Bandeira, uma tribo que as mulheres usavam a tanga atrás e à frente e os cabelos entrançados com os peitos ao léu; e os homens andavam completamente nus, mas a mulher é que escolhia o homem que queria para seu cônjuge.

O Dr. Oliveira Salazar convidou a sua trisavó a vir a Portugal como Rainha de África.

Ela não aceitou a cama de quarto porque lhe fazia doer as costas. Dormiu no chão sobre uma pele de leopardo. A Fernanda, trisneta da referida Rainha faz tudo, faz uma boa cozinha, não fosse ela também pescadora do mar com cédula marítima, como o marido.

Agora trabalha como ajudante de cozinha no Centro e parece dotada de boas qualidades de mulher, esposa, mãe e avó.

M a r i a  R i t a F i l o m e n a d a Silva Felgueiras Negrão- , nascida no dia 15 de Julho de 1931, em Santa Marta, filha de Albano Felgueiras Negrão, dos Quesados de Perre.

O pai era familiar de padre e médico e também andou no Seminário. Veio para a lavoura e era das famílias mais ricas de Perre, e de Rosalina da Silva Miranda, de Santa Marta, costureira de herança. É irmã de mais 6, um falecido em criança. Todos os outros casaram e tiveram geração.

A Maria Rita casou com António Rodrigues da Silva de Darque, primo dos Fanqueiras da Ribeira e foi para a África para guia do mergulhador José Soares de Darque, seu irmão. No entanto, nunca mais regressou e a Maria Rita tinha três filhos e tratou de os educar à sua custa, trabalhando para

isso muito. Foi padeira 15 anos, foi empregada da Família Vila Afonso durante 7 anos e depois da Família do Professor Lamela à rua de Aveiro, de manhã de um lado e de tarde noutro. Teve uma alma de caridade o Engº Vasco Faria que a levou para o Governo Civil onde trabalhou 30 anos e reformou-se com 70 anos e com festa, homenagem que todos como Dr.Oliveira e Silva lhe fizeram.
 
 


O filho António, casou com Gorete e tem um casal de filhos. A filha Maria, casada com Luís Felgueiras e com dois filhos; a Maria do Carmo, casada com Emílio Costa e com um filho.

Já é bisavó. Está feliz com todo o trabalho que realizou e sente-se muito honrada pelos filhos e netos que tem.

Poderia não ter passado tantas privações na vida se o seu pai tivesse governado melhor os muitos haveres que tinha e o seu marido não tivesse ido para África.

A família de Norton de Matos tem uma casa à Rua da Bandeira e ela ainda tem a chave. Muito bem relacionada com toda a gente, desde o mais pobre ao mais rico. Todos os Governadores Civis para quem trabalhou eram seus amigos e nunca tiveram necessidade de qualquer chamada de atenção!

Sempre foi muito cuidadora naquilo que fazia…

M a n u e l  d e   P a s s o s  G o n ç a l v e s  Carones  Lima

nasceu em Viana do Castelo, em Monserrate, foi batizado e crismado no tempo do Cónego Borlido. Há 63 anos que vivia casado com Maria Josefa Lima do Vale Carones. Pai de 5 filhos: Marino  Manuel, Victor Manuel, Idália de La Salete, Isménia Maria, Iolanda Maria de Passos Lima.

Fez Escola Industrial em Viana do Castelo, trabalhou nos ENVC, fez o curso de Sargento Milicianos no Batalhão Automobilista, em Lisboa.

 
Cumpriu o Serviço Obrigatório d a s F o r ç a s A r m a d a s  Portuguesas. Casou antes de ir para a tropa e depois do Serviço Militar  foi para Moçambique onde  esteve até 1980 quando foi para a Colónia de Moçambique já tinha deixado dois filhos.

Foi funcionário do Aeroporto de Nampula, Caminhos de Ferro de Moçambique, Câmara Municipal de Nampula e Almoxarifado de Moçambique até ao Governo-geral.
 
Aqui obteve licença para a pesca do camarão tendo vindo a Viana comprar um barco, outro na Póvoa e dois no Brasil.

Teve grandes instalações frigoríficas equipadas com máquinas de Sabroi e com várias câmaras de conservação na ordem dos 250 e câmaras de congelação rápida na ordem dos 45 negativos.

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