O Papa afirmou que a inteligência humana só tem
a ganhar com a fé em Deus, e rejeitou o argumento de que os dogmas da Igreja
são um obstáculo à razão.
“A fé não entra em conflito com a ciência, mas
antes coopera com ela, oferecendo critérios basilares para que promova o bem
de todos, pedindo-lhe que renuncie só às tentativas que, opondo-se ao projecto
originário de Deus, possam produzir efeitos que se virem contra o próprio
homem”, sublinhou Bento XVI.
Perante milhares de peregrinos presentes na
audiência geral que ocorre habitualmente nas manhãs de quarta-feira, o Papa
vincou que “é falso o preconceito de alguns pensadores modernos, segundo o
qual a razão humana seria como que bloqueada pelos dogmas da fé”.
“Os grandes mestres da tradição católica” demonstraram
o contrário, como é exemplo maior São Tomás de Aquino (1225- 1274), que no
debate com os pensadores do seu tempo mostrou a “fecunda vitalidade racional”
que o pensamento humano pode adquirir com os “princípios” e a “verdade” da fé
cristã, referiu.
Deus "não é absurdo”, antes “mistério” que
não é “irracional” mas “superabun- dância de sentido, significado e verdade”,
afirmou Bento XVI, numa catequese em que acentuou a convergência da fé e da
racionalidade.
“Se a ciência é uma aliada preciosa da fé para
a compreensão do desígnio de Deus no universo, a fé permite ao progresso científico
realizar-se sempre para o bem e a verdade do homem”, assinalou.
A Igreja encoraja a pesquisa “ao serviço da
vida” que tenha como objectivo debelar as doenças, bem como as investigações
que descubram “os segredos” do planeta e do universo, “na consciência de que o
homem está no vértice da criação, não para desfrutá-la insensatamente, mas
para a proteger e tornar habitável”.
Bento XVI lembrou que “a
tradição católica rejeitoi desde o início o fideísmo, que é a vontade de crer
contra í razão”, pelo que a expressãc
‘“Credo quia absurdum’ (creic porque é absurdo) não é fór mula que interprete a
fé ca tólica”, frisou.
“A fé leva a descobrii que o encontro com Deus
valoriza, aperfeiçoa e eleva quanto de verdadeiro, borr e belo há no homem”,
além de proporcionar “um gosto novo de existir, uma maneira alegre de estar no
mundo”, observou.
O Papa salientou também que “a fé exprime-se no
dom de si para os outros” através da “fraternidade”, o que a par de “um caminho
intelectual e moral”, implica a adesão “vital” que supere as perspectivas
“estreitas do individualismo e subjectivis- mo que desorientam a consciência”.
“Num clima de perseguição e forte exigência de
testemunhar a fé, aos crentes é pedido que justifiquem com motivações fundadas
a sua adesão à palavra do Evangelho”, apontou.
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