Pai Américo nasceu há 125 anos
ESTOU a escrever nas vésperas do dia do seu
nascimento. Foi a 23 de Outubro de 1887. Pai Américo está vivo! Sentimos a sua
presença actuante em nosso coração. Foi um instrumento admirável do Servo dos servos:
O Mestre divino. O testemunho da vida de Pai Américo é um foco de luz a
mostrar-nos o caminho do nosso viver diário. Quem dera escutemos a palavra
chave da felicidade de cada um de nós: Não nos cansemos de fazer o bem, porque,
se não desfalecermos, colheremos no tempo oportuno. Portanto, enquanto temos
tempo, pratiquemos o bem para com todos. Contudo, os mais necessitados devem
ocupar o primeiro lugar.
em
nossas vidas. A atitude verdadeiramente humana, assumida por Pai Américo, foi
uma atitude de “servo”. Aliás, é o caminho seguro, em todas as circunstâncias
da vida, quer dos que estão constituídos em autoridade, quer dos cidadãos mais
simples. O marido e a mulher que não agem como servos um do outro, o professor
que não se considera servo dos seus alunos, o médico que não vê nos seus
doentes superiores a servir, como podem desempenhar, com êxito, a missão que
lhes está confiada? O exemplo do Mestre divino, que Se fez servo de todos até
ao dom da Sua vida, foi o segredo da maravilha da vida de Pai Américo. Quando
fez a descoberta do tesouro da sua vocação de servo, não parou mais, até ao
desgaste final.
A Obra da Rua é a árvore plantada por
Deus no coração de Pai Américo. É uma imagem muito interessante. Os vários
ramos desta árvore estão virados para a rua, com o significado de área social
dos mais abandonados, dos excluídos, dos sem família, sem habitação, etc. O
ramo das Casas do Gaiato cobre as crianças da rua, sem família, ou tendo-a,
vivem como se não a tivessem. Por isso, a definição mais querida da Casa do
Gaiato é a Casa de Família dos sem-família. Neste mundo concreto em que
vivemos, Angola, são tão necessárias as Casas do Gaiato! As crianças são
multidão. Quem dera não faltassem as vocações com o coração disposto a servir
estes filhos! A proposta para a construção de mais Casas do Gaiato foi feita
pela Autoridade civil. A resposta não se fez esperar: são necessárias mais
vocações para servir até ao dom da própria vida. Outro ramo desta árvore
plantada no coração de Pai Américo é o Calvário dos doentes
incuráveis, abandonados, sem família. Os hospitais são para os doentes com
esperança de cura. Está certo. Mas, quando o doente é incurável e não tem
família, para onde vai? Morre na rua, debaixo das árvores ou nos vãos das escadas.
São pessoas que não tiveram uma forma de vida com dignidade humana. Agora, nem
para morrer! Quem dera o Calvário,
a coroa da Qhfa da Rua que Pai Américo tanto desejou, viesse para Angola! Nem o
Estado, nem a Igreja, em Angola, têm a Casa de Família para estes filhos
incuráveis, portadores da mesma dignidade que cada um de nós tem. Batem-nos à
porta, de vez em quando, mas o acompanhamento não é possível. Outro ramo muito
importante é o Patrimônio
dos Pobres. As famílias, sem habitação com o mínimo de dignidade,
são em grande número. Pai Américo, com o seu coração grande, à medida do
coração do Mestre, abraçou estas famílias com muito amor. Deixou- -nos o
exemplo e o apelo à vossa ajuda. O jornal O GAIATO é o ramo de alto
valor, também, desta árvore. É o canal por onde circula a vida de toda a Obra
da Rua, até aos vossos corações. Sem O GAIATO não sentiríamos a
comunhão convosco.
até à partilha das nossas vidas e dos nossos
dons.
Ao celebrarmos os 125 anos
do nascimento de Pai Américo, sentimos que está vivo com o seu testemunho de
vida a ser luz verdadeira, a apontar-nos o caminho certo da nossa realização
pessoal. Mais, o caminho único para o renascimento dum mundo novo, ao jeito
duma família. Recordo o nosso encontro, nos 21 anos decisivos da minha vida.
Jantámos juntos. A palavra era dele. O meu coração escutava. Tinha quatro
Casas do Gaiato, naquela altura. Só tinha três padres. Encontrei a porta aberta
da minha felicidade, neste encontro com Pai Américo. A palavra determinante do
Sr. Bispo, que tinha uma grande admiração pela Obra da Rua, veio confirmar o
meu caminho. Para ele a Obra da Rua era uma janela aberta, por onde crentes e
não crentes viam a verdadeira Igreja como expressão do Amor maternal de Deus
para com os mais pobres, os mais caídos da sociedade. Quem dera não faltem
estes testemunhos, nos tempos que correm! Que o Processo de Beatificação de Pai
Américo, em marcha, dê um passo em frente, por vontade de Deus. Depende de nós,
também. Clamemos pela sua ajuda, como intercessor, junto de Deus, das graças
necessárias para nós e para os outros.
Pai Américo está vivo!
Sem comentários:
Enviar um comentário