segunda-feira, 25 de março de 2013


A farda do escuteiro
 
 
 
«Não quero saber menos se o escuteiro usa o uniforme ou não, conquanto tenha o coração no seu trabalho e cumpra a Lei do Escuta.» B-P
 A farda do escuteiro cumpre três propósi­tos: promover o espírito de corpo; apelar ao rapaz; distinguir os escuteiros.
O primeiro não é a farda que o proporciona. É o espírito que requer uma farda para que se torne visível. Como tudo no Escutismo, pretende-se que o espírito seja adquirido de dentro para fora e não o contrário, e portanto não é por usar a farda que o jovem vai ganhar espírito de corpo, mas por ter espírito de corpo vai querer manifestá-lo usando uma farda uniforme com os pares.
O segundo é parte do que leva o moço a ser es­cuteiro. O apelo da farda e o desejo de aventura, as únicas coisas que o levam ao Escutismo e as duas coisas que, na sua ausência, o podem levar a sair.
O terceiro é a distinção que leva a que o jovem queira igualar os feitos do irmão mais velho. Ele vê que o outro conquistou insígnias e noites de cam­po, esteve em atividades, é medalhado, sabe de que agrupamento é, de que equipa ou patrulha e quaí o seu cargo. E quer ser assim.
Mas tudo isto deixou de ser importante, o bene­fício da farda para a educação do rapaz, em prol de transmitir uma boa imagem perante a comu­nidade. Afinal à mulher de César não basta sê-lo, tem de parecê-lo.
om isto, ficamos com uma inversão de valores. Se o grupo estiver bem treinado, se o trabalho es­tiver a ser bem feito, o aprumo e a higiene vão ser uma conseqüência natural. Se o chefe precisa dé mostrar um grupo limpinho, com isso sacrificando as vantagens do uso da farda, então não só não está a fazer um bom trabalho como está a trans­mitir uma impressão errada da realidade do seu grupo, mascarando a sua deficiência.
Se realmente têm de ir "bonitinhos" para a missa, é preferível que levem uma muda de roupa limpa num saquinho para vestirem ao domingo. Ou la­vem a farda de véspera. Ou então celebrem a mis­sa em campo, para não chocarem ninguém. Mas não tornem uma ferramenta pedagógica numa coisa para "inglês ver" e deixem os moços usar a farda.
A farda suja-se? Excelente oportunidade para ensinar a lavar e secar a roupa em campo. Cria- -Ihes um sentimento de responsabilidade sobre os seus pertences e ensina-lhes uma habilidade valiosa para o futuro. A farda rasga-se? Excelente oportunidade para ensinar a coser e remendar. Afi­nal não queremos moços consumistas que usam e deitam fora quando estragou. A farda é cara e para durar? Durar o quê, os quatro anos que vai estar na secção até a farda deixar de lhe servir? Quatro anos são mais que suficientes para uma camisa durar alguns abusos.
                                                                                                                                Uma opinião de Pedro Alves, in Flor de Lys de Fevereiro

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