segunda-feira, 11 de março de 2013

 
 
Vocabulário OPORTUNO



Neste período de vacância da Sé Apostó­lica é oportuno recordar o significado de um conjunto de vocábulos que se ouvem com muita frequência.

Câmara Apostólica. Repartição da Cúria Romana que, depois de ter tido largos po­deres no passado, hoje quase se limita à administração interina dos bens e direitos temporais da Sé Apostólica entre a morte (ou a resignação) do Papa e a eleição do su­cessor. É o centro das decisões após o final do pontificado. A ela preside o Cardeal Ca­merlengo, neste caso D. Tarcisio Bertone.

Camerlengo. Cardeal que preside à Câ­mara Apostólica, ao qual cabem funções importantes durante a vacância papal: administrar interinamente os bens da Sé Apostólica, (providenciar no respeitante às exéquias do pontífice defunto, se for o caso), selar o escritório e o quarto do Papa após o final do pontificado, inutilizar o anel do pescador e o selo de chumbo do pontífice, assegurar o bom funcionamen­to do conclave dos cardeais que elegem o novo Papa. O anel do pescador e o selo de chumbo são insígnias oficiais do Papa.

Feito em ouro, o anel do pescador tem uma representação de S. Pedro num barco, a pescar, e o nome do Papa em volta da imagem. A anulação destas duas insígnias significa que, no período da Sé vacante, ninguém pode assumir prerrogativas pró­prias do bispo de Roma.

Capela Sistina. Espaço onde, desde 1492, acontece a eleição do Papa. Deve o seu nome ao Papa Sisto IV (1471-1484), que promoveu as obras de restauro da antiga Capela Magna a partir de 1477. O Papa Júlio II (1503-1513), sobrinho do Papa Sis­to, confiou a decoração daquele espaço a Miguel Ângelo, que pintou a abóbada e a parte alta das paredes com cerca de 300 figuras. Tem as dimensões iguais às do templo do rei Salomão, em Jerusalém: 40,5 metros de comprimento, 13,2 de largura e 20,7 de altura. (...)

Cardeal. Um alto dignitário da Igreja Católica Igreja Católica, que assiste o Papa nas suas decisões. É um conselhei­ro específico que pode ser consultado, pessoal ou colegialmente, em determi­nados assuntos, quando o Papa o de­sejar. Etimologicamente deriva do latim cardo/cardinis; em português, gonzo ou eixo, em torno de que gira algo, como é o caso do gonzo da porta. Algo de fundamental à volta de que se movi­menta a Igreja. O título de cardeal foi reconhecido pela primeira vez durante o pontificado de Silvestre I (314-335). Cada cardeal é inserido numa ordem própria (episcopal, presbiteral ou diaco­nal), tradição que remonta aos tempos das primeiras comunidades cristãs de Roma, em que os cardeais eram bispos das igrejas criadas à volta da cidade (su­burbicárias) ou representavam os páro­cos e os diáconos das igrejas locais. Hoje todos recebem o episcopado. Agrupados no Colégio dos Cardeais, são também chamados de purpurados, pela cor ver­melho-carmesim da sua indumentária. Na diplomacia são considerados como “príncipes da Igreja”. Na sua forma atual, o Colégio Cardinalício foi instituído em 1050. Os cardeais são escolhidos exclu­sivamente pelo Papa. Elegem o Papa os cardeais que têm menos de 80 anos de idade. (...)

Clausura. Nos institutos religiosos dá-se o nome de clausura à norma canó­nica que proíbe aos religiosos/as sair e aos estranhos entrar pelo menos numa parte reservada das respetivas casas.

Durante o conclave os cardeais eleitores estão em clausura, isto é, sem qualquer contacto com o exterior. (...)

Conclave. Etimologicamente, cum clavis, fechado à chave. Lugar onde os cardeais se reúnem em clausura para a eleição do Papa. Em 2005, pela primeira vez na história, os lugares do Conclave esten­deram-se a todo o espaço do Vaticano. O alojamento é na Casa de Santa Marta; as celebrações litúrgicas, na Capela de Santa Marta ou eventualmente noutras capelas; a eleição, na Capela Sistina. (...)

Consistório. Reunião de cardeais para tratar com o Papa de assuntos de espe­cial importância para a Igreja.

Pode ser ordinário e extraordinário. O primeiro pode ser público, quando ce­lebra atos solenes, nele sendo admitidas outras pessoas; o segundo, destinado a tratar dos assuntos mais importantes, é reservado ao colégio cardinalício. (...)

Cúria Romana. Conjunto de dicastérios e organismos que coadjuvam o Papa no exercício da sua missão. É um ins­trumento à disposição do Papa para o governo da Igreja Universal.

Constituem-na a Secretaria de Estado, as congregações, os tribunais, os conse­lhos pontifícios, os ofícios, os institutos, onde são tratados os diversos assuntos relativos à vida da Igreja. (...)

Decano. Em geral é o membro mais an­tigo duma corporação.

O decano do Sacro Colégio é um dos seis cardeais a que estão atribuídas as dioceses suburbicárias de Roma, ao qual compete presidir ao Colégio dos Carde­ais como o primus inter pares (primeiro entre iguais). Tem residência em Roma.

Dicastérios. São os mais importantes organismos da Cúria Romana, presidi­dos por cardeais. (...)

Papa. Aquele a quem compete o gover­no da Igreja, como sucessor de S. Pedro. É também o Bispo de Roma.

É o sucessor do Príncipe dos Apóstolos, a quem Jesus confiou a missão de as­segurar a unidade da sua Igreja, não só como figura simbólica, mas com os po­deres para isso requeridos de garante das verdades da fé, governo universal e juiz supremo. No século VI o nome de Papa reservou-se ao Bispo de Roma. Na quali­dade de Bispo de Roma, o Papa tem como catedral a Basílica de S. João de Latrão.

Sé Apostólica ou Santa Sé. É a sé (sede) do Bispo de Roma que, na sua qualidade de sucessor do Príncipe dos Apóstolos, é também o Papa ou Chefe da Igreja Ca­tólica. É sujeito de direito internacional reconhecido pela maioria dos Estados, com os quais troca pessoal diplomático. O representante da Santa Sé junto dos diversos Estados é o Núncio Apostólico, considerado o decano do corpo diplomá­tico. Garantia da total independência da Santa Sé é o reconhecimento da sobera­nia do Estado da Cidade do Vaticano. (...)

Vaticano. Um Estado independente, si­tuado na cidade de Roma, na margem direita do Tibre, com um pouco menos de meio quilómetro quadrado de super­fície. É um Estado soberano de direito público internacional. O Chefe do Esta­do é o Papa. Surgiu em 11 de fevereiro de 1929, em consequência dos Acordos de Latrão, de 11 de fevereiro de 1929, quando o Papa se viu despojado dos chamados estados pontifícios. A Cidade do Vaticano compreende o Vaticano, a Basílica de S. Pedro, os jardins papais e a Praça de S. Pedro. Além disso, o Estado do Vaticano possui, como propriedades livres, com o direito de extraterritoria­lidade, várias edificações em Roma: as igrejas de S. João de Latrão, S. Pau­lo Fora de Muros e Santa Maria Maior. Possui também a residência de verão dos Papas, em Castel Gandolfo.

Silva Araújo, In DM 07.03.2013

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