domingo, 3 de março de 2013

Deus ou deuses? Em quem (que) acredito eu?


Deus ou deuses?
 
 
Em quem (que) acredito
 
 
 eu?
  

O Ano da Fé é a ocasião propícia para me interrogar sobre os fundamentos da minha fé. E se o não fiz até agora, cor­ro o risco de passar marginal a todo o dinamismo pastoral surgido da ousada proclamação do agora Papa emérito. Fa­lei de ocasião propicia porquanto ques­tionar-se sobre o Quem ou que da minha fé é atitude que se mantém sempre em aberto e que acompanha a vida toda.

A experiência diz-nos que quem não se preocupa com Deus cai nas malhas dos deuses. Porque precisamos todos de acreditar em algo ou alguém, se não nos transcendemos para o verdadeiro Deus cairemos voltados para os idolos. Numa palavra, todos somos crentes em Deus ou nos deuses. A nossa vida pode até dizer-se um balancear constante entre Deus e deuses. Precisamente em Cristo, Deus revela-se a mim que o procuro. Mas se não procuro o Deus autêntico acabo por «descansan agarrado pelos idolos. Enquanto Deus é percebido pelo ser humano que o procura como agente de libertação, razão do sentido da exis­tência, finalidade ou meta a alcançar, e, portanto, como Alguém que desafia, provoca e inquieta, os deuses não «cha­teiam» ninguém, deixam-nos adormecer na tranqüilidade pantanosa das vidas arrastadas e mergulhadas no consumis- mo, sem tensão para o que é mais belo, nobre, digno e perfeito. De facto, Deus. é «importuno. Impele-nos a avançar porque há diante de nós uma vida mais bela e atraente. Há, diante de nós, uma vida eterna, a luz da qual a vida terrena e temporal pode adquirir outra eleva­ção, outra beleza.

Quando, sensível às misérias do seu povo, mata o egipeio que atentava con­tra um hebreu, Moisés terá de se refu­giar e perceber que a sua acção se tor­nara inútil. Deus desperta-o para uma libertação do povo de caracter colectivo. E, convertido a este Deus que se lhe dá a conhecer como Único, essência mes­ma do Ser, o Existente por si - Ele é e os deuses não são - Moisés aventura-se numa missão que lhe parece impossível.

Só «convertendo-se> no seu dia a dia a Deus é que a gesta do êxodo se torna possível e a história de Israel se pôde afirmar como acção de Deus na história concreta dos homens.

Deus não se pode definir nem os ho- ' mens devem ousar pôr limites. Por isso ' a linguagem humana para dizer Deus se torna sempre imperfeita e incapaz. E - muitas vezes ao tentarmos dizer Deus reduzimo-lo a um ídolo com as nossas próprias medidas. Tentamos dizer Deus „ e, diante da dificuldade sentida, faze­mos silêncio. Afinal, a atitude mais acer­tada quando é sinal de acolhimento do mistério.

A nossa IV Semana Bíblica, que ocor­re ao longo da semana, vai abordar as temáticas muito comuns ao longo do Antigo

 Testamento em que o confron­to Deus/ídolos aparece bem vivo. Tal como nos nossos tempos, talvez estes mais penosos e hipócritas precisamente por pretenderem passar à margem das questões em confronto.

 

Teremos, cada um de nós, a ousadia de nos confrontarmos com Deus em Quem acreditamos, separando-o dos idolos que nos povoam? A oportunidade a esta. Se ficarmos em casa, enredado; nas nossas mil e uma desculpas pari não aproveitarmos a proposta, mai; uma vez os idolos nos enredaram e Deu: foi dispensado. A cidade de hoje precisé de um novo rosto de Deus. Converte-te tu ao Deus único antes de identificarei os idolos dos outros.                                 
 O Prior - P. Abílio Cardoso,in Boletim Paroquial

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