quarta-feira, 27 de março de 2013

CARTA DOS DIREITOS DA FAMÍLIA - No 30º aniversário


CARTA DOS DIREITOS DA FAMÍLIA -4

    No 30º aniversário

 

Continuando a ( re)ler a Carta dos Direitos da Família , mais concretamente o seu notável  e oportuno Preâmbulo, gostaria de parar no Considerando K .Este refere, explicitamente que

muitas famílias veêm-se obrigadas a viver em situação de pobreza que as impedem de cumprir com dignidade a sua própria missão”.

Mas a  que pobreza se refere aquele Considerando e que se acaba de transcrever?

Não estando no espírito do autor, crê-se que não será abusivo pensar que a pobreza é multimodal, endógena e exógena à própria estrutura familiar. De facto, há inúmeras formas de pobreza  que dificultam ou ,até, impedem ,as famílias de “ cumprir com dignidade a sua própria missão”.

 Missão de ser família a partir da conjugalidade livre e responsavelmente assumida  e que uma sociedade erotizada, hedonista , relativista e egolátrico ameaça, gerando uma cultura divorcista e dilacerante da própria família.

 Missão do acolhimento à vida que uma envolvente cultural, social e económica  ridiculariza e menospreza  e desvaloriza,  fundadores de  uma mentalidade contraceptiva e eugenista, geradora de desprezo pelo direito à vida desde a o momento inicial, a fecundação.

Missão de acolher os velhos e deficientes com a atenção, carinho e apoio que merecem, por serem frágeis e que uma cultura dominante deseja excluir e banir da sociedade, considerando-os um fardo de que é preciso libertarmo-nos.

Missão educativa dos filhos, de que os Pais são tutores muito especiais, dificultada por um sistema de ensino que não reconhece, de facto, que os Pais são os primeiros e principais educadores dos seus filhos e que relativiza / ultrapassa a função do exercício parental.

Missão  de alimentar e alojar  ,com dignidade, todos os membros da família, independentemente da idade  de cada um dos membros da família ,numa sociedade do desperdício e da extravagância, verdadeiros atentados aos que ,talvez por isso, passam fome.

Missão de  viver num lar onde, de acordo com os gostos estéticos de cada um, se possa  viver num ambiente ecológica e culturalmente aceitável e digno.

Face a tantos constrangimentos , sumariamente enunciados, de facto, há muitas famílias a viver em situações de pobreza. E estas impedem as famílias de serem o que devem ser: tempo e espaço de amor, felicidade, partilha, solidariedade, compaixão, abnegação, confiança, ternura … na diferença de cada um que não foi feito para nosso uso, à nossa semelhança, em versão revista e melhorada!

… E há constrangimentos que, se se quiser, podem ser eliminados pois só dependem de … nós e do nosso querer alterar o que deve ser alterado, a bem da família, para que cumpra “ com dignidade a sua própria missão”.

 

Carlos Aguiar Gomes 

 

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