segunda-feira, 22 de julho de 2013

A minha filha de 17 anos está grávida

A minha filha de 17 anos está grávida

Temos três filhos e ambos trabalhamos. Chegamos tão cansados ao fim do dia, também pelas preocupações económicas, que muitas vezes nem sequer temos tempo de nos olharmos olhos nos olhos. Por isso, quando há dias a nossa filha nos comunicou que estava grávida, foi para nós um golpe muito duro. Colocámo-nos muitas perguntas: como gerir a nova situação? Onde falhámos como educadores? O que iriam dizer os nossos familiares e amigos? Como poderemos educar outro filho quando nos parece viver já no limite das nossas possibilidades?

Compreendemos o choque inicial. Não é fácil aceitar subitamente uma situação como esta. Por outro lado, numa sociedade pouco atenta aos valores e que reduz tudo a puro instrumento de consumo, torna-se difícil para muitos jovens resistir às contínuas solicitações a que estão sujeitos, também no campo da sexualidade. Por isso, nem todas as suas fragilidades são de atribuir aos pais. Claro que esta ocasião servir-vos-á para refletir, para melhorar; mas façam-no com serenidade, na certeza de que, também através de um erro, um filho pode amadurecer.

Entretanto, é preciso sublinhar que muitos jovens, em circunstâncias semelhantes, escolhem a triste opção do aborto. Por isso, antes de mais, é preciso valorizar e apoiar esta jovem que teve a coragem de aceitar uma nova vida. Essa vida, independentemente da forma como foi concebida, tem sempre um valor incomensurável. As preocupações económicas são compreensíveis, mas não devem assustar-nos. Claro que vai ser necessário rever as despesas, mas a alegria por uma nova criança que chega à vossa família recompensar-vos-á abundantemente.

Contudo, tenhamos presente que não se trata de cuidar de um outro filho, mas de um neto. Procurem ter sempre esta consciência para ajudar a jovem a assumir progressivamente as suas responsabilidades maternas, ajudando-a concretamente quando for necessário, mas sem a substituir. Parece-nos muito importante a harmonia entre vocês, pais. Procurem sempre cultivá-la. Essa harmonia ajudar-vos-á sempre a perceber o melhor modo para gerir a situação.

Não fizeram referência ao pai. Se possível, cultivem o relacionamento também com ele, sem pensar logo no casamento. Isso deverá ser uma escolha livre, não influenciada pela necessidade, como poderia ser uma gravidez. Temos que ter confiança. Uma criança que nasce é sempre uma esperança, um sorriso de Deus sobre a humanidade.


Maria e Raimondo Scotto, In Cidade Nova, Outubro 2012



L.B.

 




 

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