quinta-feira, 11 de julho de 2013

AS LAVADEIRAS DA ABELHEIRA - 1986



As mulheres da Abelheira também têm a sua história. Todas elas se dedicavam ao trabalho do campo, mas à procura de melhor «ser» na vida; também algumas de dedicaram a outras actividades, como a estiva. Assim aconteceu à Maria Gaivota e à Cândida Traila.

Em maior número se lançaram ao trabalho da lavagem de roupa para os senhores da cidade. Era uma zona fértil em águas correntes e daí aproveitarem as condições hidrográficas para lavarem a roupa no rio do Canastreiro, junto à Casa do Gaivota e do caminho da Fortunata; no rio do Souto, no caminho para S. Francisco; no rio de S. João, no lugar de S. João; no rio do Barronco, na convergência do caminho do mesmo nome com o caminho das Alminhas (Fortunata), no rio de Seitas, junto à cachada do Gaivota; no rio da Fonte da Abelheira, junto à Senhora das Necessidades. Aí lavava-se a roupa e não sei que mais...

Alguns dos rios já desapareceram, mas ainda são lavadouros públicos o rio do Souto, o rio do Barranco, o rio da Fonte.

As lavadeiras mais conhecidas eram: a Maria da Engrácia (do Cunha); a Rosa Lopes (Lapardão); Maria Cambão e Rosa Cambão (da Quinta Velha do Cerqueira, do Gato Bravo); a Maria Luísa Lopes Palma (de S. Francisco, por ter sido caseira da quinta do convento, onde lhe nasceu a filha Ana Palma da Silva e era casada com Antônio Lopes da Silva, canteiro da Câmara, falecido à 45 anos); Ana Casanova, Maria do Fermento, Laura do Fermento, Rosa da Via e Teresa do Maduro; a Conceição Cambão (Fome Negra), casada com o filho do «Ratinho» e que se chamava Manuel Cambão, carreteiro; a Rosa Rodrigues Gaivoto (Rosa do S. João), casada com o Domingos Martins Cabanelas, tanoeiro nas oficinas de Jules Devèse e foram caseiros da quinta onde estava a capela de S. João, no limite com a Meadela, falecida já há cerca de 25 anos tendo ficado a filha, a Micas do S. João (Maria das Dores Martins Cabanelas) e que vive agora da sua reforma e é casada com Avelino Martins Carvalhido, que trabalhou no caminho de ferro.

Hoje, umas porque faleceram, outras porque já o amargaram e vivem das suas pensões, acabaram-se as lavadeiras da Abelheira. Resta apenas a Aurora Gaivota, viúva de Antônio Pedro Viana, falecido há pouco tempo.

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