segunda-feira, 22 de julho de 2013

Ser Cristão sem Cristo

Ser Cristão sem Cristo
 
Na homilia na Casa Santa Marta, o papa convida-nos a não ser “cristãos só de nome”, mas a construir a vida sobre a “rocha” que é Cristo, o único que dá segurança.

“Ao longo da história da Igreja, tem ha­vido duas classes de cristãos: os cristãos de nome – a q u e l e s do ‘Senhor, Senhor, Se­nhor’- e os cristãos de ação, de verdade”. O papa Fran­cisco partiu desta clara d i s t i n ç ã o para desen­volver a sua reflexão na missa de hoje, conce­lebrada com outros bis­pos e com o cardeal arcebispo de Aparecida, dom Rai­mundo Da­masceno.

Como faz todas as manhãs, o Santo Padre deu hoje mais algu­mas pince­ladas no desenho do rosto do verdadeiro cristão. Infelizmente, disse ele, hoje, não há somente um tipo de cristãos, mas até mes­mo cristãos com várias caras. Há os cris­tãos “de superfície”; há os muito “rígidos” e, portanto, muito “tristes”; há os “alegres”, mas sem a verdadeira alegria de Cristo, e, pior ainda, há os que “se mascaram de cris­tãos”. O denominador comum entre todos eles é o fato de não se fundamentarem na “rocha” da Palavra de Cristo, confor­me relata o evangelho do dia, escrito por Mateus: eles seguem “um cristianismo de nome, um cristianismo sem Jesus, um cris­tianismo sem Cristo”, observou o papa.

Nos séculos da Igreja, “sempre houve a tentação de viver o nosso cristianismo fora da rocha que é Cristo”, acrescen­tou. As pessoas se esquecem muitas vezes que Jesus é “o único que nos dá a liberdade de chamar Deus de Pai”, é o único que “nos sustenta nos momen­tos difíceis” e nos protege quando “cai a chuva, quando os rios transbordam, quando sopram os vendavais”. Porque quando se está fundamentado sobre a rocha, tem-se uma segurança. As pala­vras, enquanto isso, apenas “voam; não são suficientes”.

“Ser cristãos sem Cristo” é algo que “aconteceu e está acontecendo na Igreja hoje”, prosseguiu Francisco. Em parti­cular, podemos identificar atualmente duas categorias. O cristão “gnóstico”, que, “em vez de amar a rocha, ama as belas palavras” e vive um “cristianismo líquido”, acreditando em Cristo, sim, mas não como “o que lhe dá fundamen­to”. E o cristão “pelagiano”, que se carac­teriza por um estilo de vida “engomado”: pessoas que acreditam que “a vida cristã deve ser levada tão a sério que acabam confundindo solidez e firmeza com ri­gidez” e, por isso mesmo, pensam que “para ser cristão é preciso viver de luto”.

“Há muitos cristãos assim”, disse o San­to Padre. Mas também é errado chamá-los de cristãos, porque eles são apenas máscaras: “Eles não sabem quem é nos­so Senhor, não sabem o que é a rocha, não têm a liberdade dos cristãos. E, para falar de um modo simples, eles não têm a verdadeira alegria”. No meio desse le­que que abrange desde os supostamen­te “alegres” até aqueles que vivem per­petuamente de luto, es­ses crentes “não sabem o que é a f e l i c i d a ­de cristã, não sabem aproveitar a vida que Jesus nos dá, porque não sabem falar com Jesus. Eles não se fun­damentam em Jesus, com aquela firmeza que a presença de Jesus nos dá”, consta­tou Bergo­glio.

E não ape­nas não têm alegria g e n u í n a , acrescen­tou o papa, como nem sequer têm liberdade: “Uns são escravos da super­ficialidade, de uma vida difusa, e outros são escravos da rigidez, não são livres. O Espírito Santo não tem lugar na vida deles. É o Espírito que nos dá a liber­dade”. Nosso Senhor, portanto, concluiu o papa, “nos convida hoje a construir a nossa vida cristã com base nele, a rocha, aquele que nos dá a liberdade, aquele que nos envia o Espírito, que nos impele a caminhar com felicidade, pela sua es­trada, nas suas propostas”.

Por Salvatore Cernuzio, In Zenit. org, 27.06.2013

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