sexta-feira, 5 de julho de 2013

Atenção e serviço às pessoas



A linguagem habitual é dominada pelos adjectivos mais iden- tificativos de situações ou massas, desde logo despersonalizadas e vazias pela visão generalidade. Torna-se relativamente fácil falar sobre doentes, pobres, desempregados, comodistas, instalados, interesseiros, individualistas e outros. Com tais classificações envolvemos, fixamos e olhamos a multidão, esquecendo e se- cundarizando as pessoas. Nesse horizonte, avaliamos e enfren­tamos a situação com gestos despersonalizados e vazios de res­posta clara às pessoas envolvidas.

Talvez seja mais viável focar as atitudes e gestos para com os pobres, na realidade, olhamos a situação de pobreza numa carência grave de alimentos, vestuário, remédios, possivelmen­te renda de casa e, outras condições menos humanas ou mes­mo inumanas. Procuramos respostas genéricas comuns e iguais para todos.

A resposta vai ser para eliminar ou reduzir as condições e peso da pobreza, mas pouco ou nada se cria ou desenvolve numa resposta humanizante para as pessoas, estabelecendo diálogo, aprofundando o conhecimento mútuo, provocando um olhar novo e de esperança nas capacidades pessoais, no apoio solidário e com os outros, não se limitando a simples, fácil e cômoda insta­lação esperando, ou por vezes, explorando a generosidade e partilha dos outros.

Torna-se da mais actual urgência irmo-nos libertando da lin­guagem simplesmente adjectiva e afirmarmos cada vez mais a substantivação. Passando de olhar e falar dos pobres, dos doen­tes e tantos outros adjectivos de carência ou riqueza e começar a ver e dialogar sobre e com as Pessoas em situação de pobre­za, na doença, no desemprego, no abandono e exclusão. Aceite­mos o desafio e conversão de falar de e com pessoas enfrentan­do com elas as suas situações e contribuirmos para a sua liber­tação e superação, ajudando-as a serem agentes da própria ca­minhada e história e construtora do Bem Comum.

Na dimensão do Bem Comum, passa-se algo semelhante. Todos somos corresponsáveis da definição e construção do Bem Comum. Acontece, porém, que os governantes, a vários níveis, não conhecem as realidades sociais, humanas, econômicas e políticas, pois as populações “desinteressadas e descrentes”, não fazem ouvir a voz. É necessário e exigência levantar a voz, iden­tificar problemas reais e apontar soluções e propostas justas e realistas. Todos temos o direito e dever de cooperar na constru­ção do Bem Comum, não abandonando com facilidade.

Reis Ribeiro in Notícias de Viana

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