segunda-feira, 22 de outubro de 2012

IGREJA DA SAGRADA FAMÍLIA- Entrega da chave

Texto antes da entrega da Cave ao Bispo e preparado
 
 pelo Dr.José Carlos Loureiro
 
Exmo. e Rev. mo.  Senhor D. Anacleto e amigos,

    Entre as obras humanas que permitem manifestar a luz do evangelho e levar os homens a glorificar a Deus pela beleza que elas manifestam estão as de arte sacra. O Catecismo da Igreja Católica afirma que “a verdadeira arte sacra leva o homem à adoração, à oração e ao amor de Deus, Criador e Salvador, Santo e Santificador”. Na verdade, a vocação da arte sacra é “evocar e glorificar, na fé e na adoração, o mistério transcendente de Deus”Cf. ( C.I.C.n. 2502).

    O Arquiteto Faro Viana procurou reproduzir em papel e em obra o acolhimento como num ovo, a dinâmica de uma nave no mar e a vida numa árvore, a árvore da vida.  É o que podemos observar, em concreto, neste espaço que vai ser sagrado dentro de momentos, como o Templo da Sagrada Família da Paróquia de Nª Sª de Fátima, no lugar da Abelheira, onde foi construído para exprimir a fé e para ser lugar onde ela é alimentada em pequeno grupos, grandes assembleias, momentos familiares ou nos atos pessoais de meditação ou de oração.

     O arquiteto por imperativos imprevisíveis foi auxiliado pelo Arquiteto Sebastião Meireles que seguiu o mesmo espírito.

    Ao construir um edifício sagrado, os crentes marcam e delimitam um determinado espaço que consagram a Deus, para nele Lhe prestarem culto, O escutarem e Lhe falarem. É um local próprio para mais facilmente todos os fiéis terem à disposição para uma maior proximidade com Deus. 

    Deus não precisaria de nenhuma casa para habitar, porque ‘os seus adoradores devem adorá-lo em espírito e verdade’ (Jo 4, 23). Mas à condição histórica do homem convém a representação. A casa de Deus é a casa dos homens. ‘Assente no chão’, ‘atenta à beleza e à diversidade da imanência’, no caminho para a eternidade.

    Por isso é casa de Deus e da Comunidade, onde os filhos de Deus são acolhidos sem ficarem prisioneiros do espaço. O templo é, ao mesmo tempo, “casa de Deus” e casa da comunidade cristã. Casa de Deus, porque Ele aí se manifesta e acolhe os seus filhos. Mas não ficam prisioneiros do espaço sagrado. S. Paulo aos atenienses, quando lhes disse que “o Altíssimo não habita em casa erguida pela mão do homem” (Act 7, 48-49), como bem afirmou pois Ele está presente em todo o lado.

Ao construirmos este templo, os crentes levantam um sinal de Deus no início do século XXI que se torna patente diante dos homens. Toda a obra de arte, também a arquitetura, “é um testemunho do homem”  e situado no tempo, na sociedade e na cultura que lhe é própria e  de hoje.

Nele, o arquiteto manifesta simbolicamente também o seu estilo de vida e de qualidade que tem de fé, de acolhimento e de espiritualidade.

Aqui se congregam os crentes reunidos “no amor de Cristo”. Também a comunidade cristã é sinal que indica o divino, um sinal mais importante e expressivo do que a obra material. Mas o testemunho da Igreja viva não tira valor de sinal à igreja, a casa de Deus, construída pelos homens. O testemunho da Igreja exprime-se também através da arte e da beleza do templo que dedica a Deus e aos santos.

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