quinta-feira, 18 de outubro de 2012

“Esta é a nossa fé. Esta é a fé da Igreja, que nos gloriamos de professar, em Jesus Cris­to, Nosso Senhor” in Nota pastral do Bispo de Viana,


As palavras iniciais do lema provêm da liturgia. “Esta é a nossa fé. Esta é a fé da Igreja, que nos gloriamos de professar, em Jesus Cris­to, Nosso Senhor” é $ exclamação com que o presidente das cele­brações do Baptismo de crianças e do Crisma reage à profissão de fé proferida, respectivamente, pelos pais e padrinhos e pelos cris- mandos. Num caso como no outro, toda a assembleia é convidada a associar-se à fé professada, pelo menos com o amen conclusivo. São palavras que exprimem, ao mesmo tempo, gratidão e orgulho:

São de gratidão, porque, conforme nos diz o Catecismo da Igreja Católica, “a fé é um dom sobrenatural de Deus. Para crer, o homem tem necessidade dos auxílios interiores do Espírito Santo.”2 É semelhante ao que se passa, a nível humano, entre um pai e o seu filho: o amor que este nutre pelo pai, deve-o, habitualmente, ao amor que o pai tem por ele. Entre Deus e nós acontece o mesmo, mas num grau infinitamente superior: Não fomos nós que amámos a Deus, mas foi Ele que nos amou e enviou o seu Filho como vítima de ex- piação pelos nossos pecados (l Jo 4,10). E até para a descoberta deste amor impensável e a correspondente entrega de fé ao Deus que as­sim nos ama, é Ele que vem ao nosso encontro, através de tantos meios e pessoas que nos oferece, sobretudo na sua Igreja.

 
 
Daí também o sentido do orgulho ou profunda satisfação que senti­mos com a nossa fé, um sentimento que deriva da sua componente humana. É que “a fé exige a vontade livre e a lucidez do ser humano, quando este se abandona ao convite divino.”[1] Mas como a iniciativa vem de Deus, gloriar-se por e ao professar a fé significa, na prática, gloriar-se do que Ele faz em nós e por meio de nós. Ele próprio no- -lo diz repetidamente na Sagrada Escritura: Quem se gloria, glorie-se no Senhor.[2] Por isso gloriar-se em Deus é um dos modos, talvez o melhor, de Lhe agradecermos e de, assim, fortalecermos a filial co­munhão que a Ele nos une. Como recorda Santo Agostinho, os cren­tes “fortificam-se acreditando.”[3]

É nesse contexto que o Santo Padre, para este Ano da Fé, ma­nifesta a expectativa de que os cristãos, nos diversos âmbitos da sua vida eclesial, “encontrarão forma de fazer publicamente a profissão do Credo.”[4] Na çiossa Diocese, irão ser disponibilizados meios para que cada um de nós possa tê-lo sempre à mão nas três fórmulas oficiais na Igreja: a do Símbolo dos Apóstolos (a mais antiga), a do Símbolo Niceno-Constantinopolitano (a mais elaborada) e a fórmu­la dialogada (usada na Vigília Pascal e nas celebrações do Baptismo e do Crisma). Teremos assim a possibilidade de rezar o Credo com mais frequência (se possível diária), individual e colectivamente (em família, grupo ou comunidade). Façamo-lo como sugere San­to Agostinho: “O Credo seja para ti como um espelho! Mira-te nele, para ver se realmente crês em tudo o que defines como fé. E alegra- -te cada dia na tua fé! ”[5]

Tratando-se de símbolos ou sínteses das verdades fundamen­tais da nossa fé, e para que as possamos proclamar com a gratidão e o orgulho próprios de quem realmente crê, peço que se atenda ain­da ao seguinte:

 2. Catecismo da Igreja Católica, n° 179.
[1]     YoucatCatecismo Jovem da Igreja Católica, n° 21.
     [2]    1 Cor 1,31; 2 Cor 10,17, com a citação de Jer 9,23.
     [3]     Citação de Bento XVI, A Porta da Fé, n° 7.
     [4]    Ibidem, n° 8.
      [5]     Citação do Youcat, p. 29.

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