sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Átrio dos gentios e nova evangelização


Átrio dos gentios e nova
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O nome Átrio dos Gentios evoca o espaço com o mesmo nome que, no antigo Templo de Jerusalém, hospedava os que não eram judeus.

O Templo, o espaço cultuai mais importante para os judeus no tempo de Jesus, estava dividido em três áreas principais, destinadas aos leigos, sacerdotes e ‘Santo dos Santos’.

Tinha um espaço separado por colunas, e entre elas e o muro exterior, encontrava-se o ‘Átrio dos Gentios’, um lugar de silêncio propício à oração e às procuras mais profundas, onde estavam alguns mestres judaicos disponíveis para conversar com não judeus.

Considera-se hoje serem os novos «átrio dos gentios das nações» os espaços de socialização que os novos media criaram, e se vão enchendo cada vez mais.

Os novos «átrio dos gentios das nações» são, pois, «lugares nos quais se abre um confronto mutuamente enriquecedor e culturalmente estimulante entre cristãos e aqueles que se sentem distantes da religião, mas que desejam aproximar-se de Deus, pelo menos como desconhecido», lê-se na nota 77 do documento preparatório do próximo Sínodo dos Bispos.

O projeto resulta da preocupação da Igreja pela nova evangelização.

Nova evangelização significa imaginar caminhos para a proclamação do Evangelho nestes espaços ultramodernos. E uma das tarefas da «nova evangelização», lê-se no n.º 21 do referido documento; é, certamente, «levar de forma positiva a questão de Deus e a experiência da fé cristã para dentro das questões do tempo; ajudar estes espaços a tornarem-se lugares onde se formam pessoas livres e maduras, capazes, por sua vez, de levar a questão de Deus para dentro de suas vidas, para o trabalho, para a família».

O Átrio dos Gentios é, hoje, uma iniciativa promovida pelo Conselho Pontifício para a Cultura, presidido pelo cardeal italiano Gian- franco Ravasi. Instituído em 1982, tem por objetivo o diálogo com os não crentes.

Quer, diz aquele Purpurado, eliminar a «separação» entre crentes e não crentes, «num encontro de paz, de diálogo e de procura comum».

Com o projeto Átrio dos Gentios a Igreja pretende ouvir pessoas de outras crenças, ou simplesmente ateus, sobre diversas matérias que interessam aos homens de hoje.

É uma forma de dialogar com o mundo, onde crentes e não crentes defendem valores comuns e têm idênticas preocupações.

A gênese desta estrutura, segundo Isabel Varanda, remonta a 1965 com a fundação, por parte do Papa Paulo VI, do Secretariado para os Não Crentes.

Não deixa de ser desejável que o espírito que preside à organização do Átrio dos Gentios, em certos casos, se leve à prática no interior da Igreja. Igreja que não é coutada de ninguém. Onde nem tudo é dogmático. Onde o acolhimento fraterno deve ser prática quotidiana. Onde todos são filhos de Deus. Onde a unidade deve ser construída no respeito pela legítima diversidade. Onde o poder é serviço e há diversidade de carismas e de ministérios. Onde clérigos e leigos atuem de mãos dadas, fazendo cada um tudo e só o que lhe compete. Onde é muito mais importante que as pessoas se fixem no muito que têm em comum do que nas tricas em que divergem.

In Diário do Minho

6-09-2012

Silva Araújo

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