sexta-feira, 5 de outubro de 2012

A família, património da Humanidade , in diário do Minho


 
A família, património da Humanidade

 Dois eventos mundiais apostaram recentemente na defesa do valor da família: entre 25 e 27 de maio decorreu, em Madrid, o 6.Q Congresso Mundial das Famílias; e entre 30 de maio e 3 de junho, em Milão, o 7° Encontro Mundial das Famílias. Dois acontecimentos notáveis, de primordial importância para a defesa da família natural, como Deus a instituiu e atualmente ameaçada, como já dizia João Paulo II.

O Encontro na Itália precedido por um Congresso Teológico Pastoral, é católico e teve a presença de Bento XVI. O Congresso em Espanha teve, sobretudo, um conteúdo científico e prático a que aderiram grupos diversos, oriundos de diversas partes do mundo.

Mais uma vez, aconteceu o encontro do Papa com as famílias em Milão, iniciativa criada por João Paulo II. Nestes encontros, o Papa tem reforçado com segurança os valores fundamentais, inalienáveis, da família diante das ameaças que hoje pairam sobre ela.

Na Carta às Famílias, de 1994, disse João Paulo II: “Nos nossos dias, infelizmente, vários programas sustentados por meios muito poderosos parecem apostar na desagregação da família. Às vezes, até parece que se procura, por todas as formas, apresentar como “regulares” e atraentes, os seus programas conferindo-lhes externas aparências de fascínio, tratando-se no entanto de situações que, de facto, são “irregulares” e, sem sombra de dúvida, aberrantes. (CF 13).

Na mesma Carta, n.º 13, lê-se: “No contexto da civilização do desfrutamento, a mulher pode tornar- -se para o homem um objeto, o filho um obstáculo para os pais, a família uma instituição embaraçosa para a liberdade dos membros que a compõem”.

Em 1997, no final do Congresso Teológico-Pastoral da Família, realizado no Rio de Janeiro, com a presença de João Paulo II, surgiu um documento conclusivo denominado “Carta do Rio de Janeiro”, em que se sintetiza: “A Família está sob a mira de ataque de muitas nações. Uma ideologia antifamília promovida por processos antidemocráticos (1.1); uma guerra sustentada a nível nacional e internacional”.

Na última década, em conferências das Nações Unidas, têm sido vistas várias tentativas para “desconstruir” a família, de forma que o sentido de “casamento”, “família” e “maternidade” é agora contestado (1.2).

Apesar de tudo isso, a família, fundada e vivificada pelo amor, é uma comunidade de pessoas: do homem e da mulher, esposos, dos pais e dos filhos, dos parentes. O seu primeiro objetivo é o de viver fielmente a realidade da comunhão com o empenho constante de desenvolver uma autêntica comunidade familiar. O princípio interior, a força permanente e a meta final de tal objetivo é o amor.

Assim, nas relações mútuas, família, amor, pessoa, qual destes elementos deveria constituir o início lógico de qualquer reflexão? Ou será que nos encontra-mos numa espécie de movimento circular, sem um claro ponto de partida?

Na realidade, é indiferente começar por um ou por outro dos elementos, uma vez que sempre seremos conduzidos até aos outros dois. A pessoa define-se pelo amor que é o seu início e o seu fim. A família é o âmbito próprio do amor e das pessoas, uma vez que representa o elemento indispensável que completa a tríade de que nos vimos ocupando.

É por demais evidente que o homem, qualquer que seja a sua atividade intelectual ou social, encontra o seu pleno desenvolvimento, a sua realização integral, na família. É aqui que se joga, mais que em qualquer outro campo da vida, o seu destino.

A família natural, enquanto comunhão íntima de vida e de amor, fundada sobre o matrimônio entre um homem e uma mulher, constitui “o lugar primário da humanização da pessoa e da sociedade”, o “berço da vida e do amor”. Por isso, a família é justamente designada como a primeira sociedade natural, “uma instituição divina colocada como fundamento da vida das pessoas, como protótipo de todo o ordenamento social” (Mensagem de Bento XVI, 2008).

A Família é realmente o alicerce e o baluarte do futuro, a fonte emergente de todos os valores humanos, “o manancial da humanidade do qual brotam as melhores energias criadoras do tecido social” (João Paulo II).

In Diário do Minho

6-09-2012

Maria Helena Marques – Professora do Ensino Secundário
 

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