segunda-feira, 19 de novembro de 2012

A Colchoaria - Maria da Graça Alves Martins


Maria da Graça Alves Martins
 
 
 
Maria da Graça Alves Martins, nascida a 6 de Junho de 1930, em Correlhã, Ponte de Lima. Não andou na Escola. "Sempre trabalhava na minha vida; não havia que comer!...".

Levava o gado dos vizinhos para o monte e assim arranjava comida para si e a mãe que trabalhava de cascalheira na entrada na Seara. A mãe, Maria Emília Rodrigues Alves, morava na Correlhã e era filha de gente boa de grande geração, faleceu no dia do segundo casamento de Maria da Graça com António da Costa Martins. Parece que morreu de pneumónica.

A Maria Emília Rodrigues Alves deixou viúvo João Alves Martins e 6 filhos: Deolinda, Rosa, Palmira, Gracinda, João e Maria. Pobres sim, mas todos casaram e tiveram geração.

Já faleceram as suas 4 irmãs e o irmão. A Maria da Graça casou duas vezes. A primeira com Aníbal Dias Soares Viana que era cabeleireiro e cadeireiro de palhinha. Era coralista na Igreja. Morreu vítima de serviços prestados na tropa e de falta de alimentação. Casados durante 25 anos não tiveram filhos. Viúva, casou novamente com António da Costa Martins e neste dia morreu-lhe a mãe.


 


Do seu marido teve 1 filho, António, que já faleceu de acidente na estrada, com 19 anos. O António era de S. Julião de Freixo, Ponte de Lima.

A Maria da Graça veio pequenina, com 12 anos, para Viana, para servir na Rua da Bandeira, numa casa do Visconde de Cortegaça. O patrão era colchoeiro e foi esse o primeiro marido.

A Graça aprendeu assim a arte da colchoaria em frente ao Cafezeiro, e ao lado das Lizardas (Eugénia e D. Emília), nº 72.

A Emília era casada com Bento Alves. Um filho mora na Rua de Monção, do Bairro Jardim e era bancário, um outro, o Joca, encontrou-o na festa da Agonia. Eram vários filhos e são ainda muito educados e amigos.

Para colchoar comprava-se o pano ao gosto do freguês. Depois traçava as medidas pretendidas pelo freguês e cosia-se à máquina. Depois enchia-se até uma altura de 20cm e com uma agulha grande e o fio era acolchoado o colchão. Isto é, era feito depois de estar cheio e certo. Punha-se em cima de uma mesa grande e usava-se a última operação que era feita com a dita agulha.

O armazém era na Rua de Santo António, tinha palha centeia, o colmo, folhado de milho, folhelho e mais tarde veio o Sumaúma e a Molaflex, a que se tiveram de adaptar.

Dava menos trabalho e até comprava a fornecedores para vender e ganhar.

Assim mantinha a família e criou o filho que já faleceu.

 
 
 
Havia ao mesmo tempo em S. Domingos um outro chamado Jaime, a felizarda avó do Bento Alves também era colchoeira. Havia outros sem porta aberta e outros biscateiros.

Conheceu o meu pai e a minha mãe, como também conheceu o seu marido e confirmou que eram amigos…

Gostava muito da colchoaria. Cada colchão era a 200 ou 300 escudos, era conforme.

O Senhor Visconde era boa pessoa e trazia de vez em quando fruta e outros alimentos e o coronel viveu na casa do Monsenhor Corucho, na Rua de Santo António e era lá que tinha o armazém de colchoaria.

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