O Bispo do Porto, D. Manuel Clemente, afirmou
que, apesar de repre-, sentar «um ganho indispensável para qualquer sociedade
justa, o Estado Social sofre [atualmente] inegáveis abalos, pelo enfraquecimento
da base econômica e financeira que o sustentou».
Na sessão de abertura da Semana Social, que
decorre no Porto sob o tema “Estado Social Sociedade Solidária”, D. Manuel
Clemente considerou que para «garantir e desenvolver» o Estado Social no
atual contexto, «interno e externo», é preciso «reforçar a sua base humana»,
ou seja, «a sociedade solidária».
«Nada disto se consegue sem ativação política
que não desista do debate e da inclusão de todas as pessoas e corpos sociais
e culturais que, em conjunto, procuram e acrescentam o bem comum, de todos
para todos», alertou.
Apontando várias referências da “Caritas In Ve-
ritate”, que o Papa Bento XVI escreveu há mais de três anos, o também vice-presidente
da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) considerou que o tema em discussão
nesta semana deveria ser «reformulado ao contrário, pressupondo uma sociedade
solidária para garantir um Estado Social».
«Mas pressupor exige realismo e compromisso, não
só idealismo e bons propósitos», disse.
«Requer concretamen- te ter em grande consideração o bem comum (...). 0
bem daquele ‘nós todos’, formado por indivíduos, famílias e grupos
intermédios que se unem em comunidade social», disse.
Para Manuel Clemen- tè, «esta caracterização
papal do bem comum» é uma «importantíssima referência, sobretudo no atual
contexto, em que a urgência de soluções gerais pode levar a esquecer
realidades sociais com- pósitas, que têm que ser respeitadas e envolvidas nas
soluções».
0 Bispo do Porto defendeu que o «Estado Social
só se garantirá no futuro, internacionalmente também, se as sociedades forem
de facto muito mais solidárias», lembrando que Bento XVI escreve a propósito
disto que «a atividade econômica não pode resolver todos os problemas
sociais através da simples extensão da lógica mercantil».
«O desenvolvimento é impossível sem homens
retos, sem operadores econômicos e políticos que sintam intensamente nas suas
consciências o apelo do bem comum», concluiu.
Na mesma abertura,
D. Jorge Ortiga tinha dito que o «povo português merece e precisa de mais» e
que a Igreja é chamada a dar respostas concretas.
In Diário do Minho de 24-11-2012
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