sábado, 17 de novembro de 2012

Saber sofrer para vencer- de Manuel Oliveira martins


Saber sofrer para vencer

Os direitos adquiridos ao longo dos tempos, quer pelas pessoas quer pelas instituições, são, nos dias de hoje mera panaceia para esquecer.

 

Temos de ter consciência que o mundo está em mutação e que o nosso quintal não é só nosso: temos de repartir as couves e as cebolas pelos que têm fome. É um facto. Mas, aquilo que devemos exigir é que a maior fatia seja nossa, porque trabalhamos a terra e temos direito à primeira e melhor colheita. É justo.

Se pensarmos que existe fome em muitas partes do globo, mais nos devemos importar e preocupar, pugnando por com­bater este flagelo.

A nossa entrada para o «clube dos ricos» criou hábitos subsidiários e consumistas, que se enraizaram no modus vivendi do povo português (e não só), que vai ser difícil eliminar ou corrigir.

 
 
Passamos de oito pora oiten­ta, sem estabilizar em quarenta, que seria o patamar que nos per­mitiria viver confortavelmente, sem sobressaltos, não esbanjan­do aquilo que a outros faz falta. Contribuímos, desta forma, para o desequilíbrio dinâmico do mundo, que não se compadece com conjunturas políticas, eco­nômicas ou sociais.

A posição de equilíbrio é estática, mas exige dinamismo para se manter, porque se não cai, qual trapezista em cima da corda. É um dinamismo cruel e sofrido aquele que se vive para alcançar o desiderato que se pretende atingir, neste caso uma forma de vida condigna.

0 mundo em que vivemos está em desequilíbrio com os muito pobres e os muito ricos, sendo necessário passar para a posição intermédia, sem que a balança pese mais para um lado (neste caso o da pobreza), porque o ser humano precisa de comer para sobreviver e todos sabemos do que somos capazes para conseguir esse estado.

Para se conseguir o equilí­brio dos dois pratos da balança temos de tirar de um lado para o outro. É preciso que os que mais têm se limitem ao necessário, abdicando do supérfluo a favor dos que mais precisam. É uma verdade de La Palice, dirão uns, outros afirmarão que é uma utopia e que jamais o mundo conseguirá atingir esse estado de equilíbrio. Concordo em parte com estas duas posições, mas, se cada um de nós nada fi­zer para modificar estas condi­ções anômalas, o abismo entre ricos e pobres aprofundar-se-á, criando desigualdades insaná­veis e injustas.

Nos tempos que correm e a despeito de pagar a dívida que outros contraíram, este Governo está a contribuir para o apro­fundamento do abismo em que nos encontramos. Mas não nos deixemos cair em desânimo. Foi em momentos de crise, alguns até piores, que soubemos dar a volta por cima.

Assim o queiramos.                     Manuel Oliveira Martins, In Aurora do Lima

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