terça-feira, 27 de novembro de 2012

Estado Social E sociedade solidária -Reforma do Estado


Estado Social e sociedade solidária
 
 Reforma do Estado deve passar pela
 
 reforma das  organizações
 
0 economista Américo Mendes considera que a re­forma do Estado Social em Portugal deve passar pelo «reforço» das organizações de economia social.
Para o diretor do Departa­mento de Economia da Facul­dade de Economia e Gestão da Universidade Católica Por­tuguesa - Porto (UCP-Porto) que participa na Semana Social, a decorrer na cidade portuense (Casa de Vilar) até hoje, realça também que o Estado deve «aproveitar, me­lhorar e reforçar» estas orga­nizações e incentivar «a co­operação entre elas».
 
 
 
Esta iniciativa, com o tema “Estado Social e Sociedade Solidária" congrega mais de 300 participantes.




 
Américo Mendes refere que o Estado deve promo­ver uma «maior participa­ção cívica nas políticas pú­blicas, a começar pelas po­líticas sociais, tomando-as menos centralistas».
«Não se deve continuar a financiar o Estado Social e o resto das atividades do Es­tado repousando, principal­mente, em impostos sobre o rendimento do trabalho», acentuou o economista que participou num painel sobre «Reformular o Estado Social: novos riscos sociais, susten- tabilidade e justiça».
O «aumento dos impostos sobre as transações financei­ras» e sobre os «rendimentos de capital» são medidas de­fendidas por Américo Men­des que acentua: «É preci­so pôr muita ordem no se­tor das offshores».
 
 
O presidente do TVibunal de Contas, Guilherme d’01iveira Martins, lamentou, que a «idolatria do mercado» e as «economias de casino» tives­sem tomado o lugar da «cria­ção, trabalho e esforço».
Na conferência sobre “A Reforma do Estado Social e a Doutrina Social da Igreja”, Guilherme d’01iveira Martins sublinhou que a circulação do «capital financeiro» ge­rou a ideia de que a «afluên­cia de dinheiro, mesmo ilu­sória, poderia ser confundi­da com a geração de rique­za duradoura».
Alertou que a Doutrina So­cial da Igreja ( DSI ), mais do que um «conjunto de princí­pios», ela é um «pôr em prá­tica, um apelo permanente ao inconformismo e à realização de uma sociedade assente no bem comum e na dignidade das pessoas».
No entanto - reconheceu o orador - o «crédito fácil tor­nou-se uma perigosa armadi­lha, em que muitos caíram, julgando que o dinheiro ba­rato era um adquirido defi­nitivamente».
Para Guilherme d Oliveira Martins, falar de um «sen­tido ético» da economia é, no fundo, «pô-la ao serviço das pessoas e compreen­der que o res­peito mútuo e a salvaguarda da liberdade, da igualdade e da solidariedade» são es­senciais para «defender um sentido pessoal e comunitá­rio da vida».
No penúltimo dia da Sema­na Social participou também o monge da comunidade mo­nástica italiana de Bose, Luciano Manicardi, que afirmou que a fome, a falta de abri­go e de trabalho, «não tole­ram esperas».
 
Na sua intervenção sobre “A caridade, essência do ser Igreja”, Luciano Manicar­di sublinhou que a conver­são das cons­ciências deve passar, antes de mais. atra­vés de uma «obra sensível, ou seja atuada com os senti­dos humanos: Ver o pobre, reconhecer a sua necessidade, prover por­que não há tempo».
Para este monge italiano, no «precário panorama so­cial e econômico», os cris­tãos devem lembrar-se «que é urgente assumir a carida­de da razão» e acrescenta: «É importante recordar as razões da caridade, mas urge sobre­tudo instaurar a caridade da razão».
Os «dias maus» - continuou Luciano Manicardi - pedem «a restauração da gramática básica da atenção ao outro, a defesa da centralidade da pessoa necessitada, sem voz, sem poder, sem visibilidade e redescoberta da urgência da caridade».

 

Economista Américo Mendes defende que o Estado deve promover uma maior participação cívica nas políticas públicas
 
Em relação à «caridade da razão», o monge daquela co­munidade monástica exor­ta para que a

 «razão políti­ca seja enxertada na carida­de» e que esta não seja ape­nas «sentimento ou vaga de

 piedade» porque «caridade é sentido do outro e por isso dos seus direitos enquanto ser humano».


in Diário do Minho





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